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Car Culture

A misteriosa Kombi elétrica da Lamborghini

Quando, em 2018, a Lamborghini apresentou o “super-SUV” Urus, parte da comunidade entusiasta torceu o nariz – o que é compreensível. Não pelo fato de ser um SUV da Lamborghini – um conceito que, levando em conta o público-alvo deste tipo de carro, se vende sozinho. Mas por ser algo completamente diferente do LM002, o “Rambo-Lambo“, que usava o motor V12 do Countach e tinha raízes militares.

O Urus e o LM002 são só dois exemplos do quanto a Lamborghini é uma marca mais diversificada do que parece à primeira vista. Os veículos militares que deram origem ao LM002 remontam aos anos 70. Nos anos 80, foi lançada uma linha de motores V12 marítimos para lanchas de corrida. Por várias vezes houve tentativas de criar um Lamborghini sedã de quatro lugares (os conceitos Portofino e Estoque são só dois exemplos, e o Espada, o mais perto que se chegou disso em produção). Na verdade, era uma companhia sempre de olho em qualquer forma que pudesse usar mais suas instalações, perenemente subutilizadas até a compra pela Audi em 1999, para fazer mais algum dinheiro.

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Mas, possivelmente, um dos projetos mais curiosos da Lamborghini seja sua minivan elétrica – algo completamente inesperado, e praticamente esquecido após quase três décadas. As poucas informações existentes foram desenterradas pelo site Oppositelock – algumas poucas fotos escaneadas de um livro desconhecido e informações que resistiram à passagem do tempo.

Aconteceu em 1989, quando a ENEL, estatal italiana do ramo de energia, deu início a um programa para melhorar o armazenamento de energia – ou seja, criar baterias melhores. E este projeto envolvia, naturalmente, protótipos de veículos elétricos.

Para um destes protótipos, a ENEL chamou um grupo de empresas italianas do qual faziam parte Lamborghini e Ducati, entre outras firmas de energia e infraestrutura. Estas empresas se juntaram para um programa com duração de três anos, durante os quais um “veículo elétrico altamente tecnológico” seria criado – com um investimento de, supostamente, 10 bilhões de liras italianas. Não há informações concretas sobre o valor. Nem mesmo a certeza de que seu nome, Lamborghini EV1, era mesmo esse.

O que existe: duas fotos do site All Car Index mostrando o carro praticamente pronto. As fotos foram feitas na fábrica da Lamborghini em Sant’Agata Bolognese e, em uma delas, é possível ver duas carrocerias de Diablo no canto esquerdo, ao fundo.

Ao que parece, a maior parte das empresas abandonou o projeto em 1991, deixando apenas a ENEL e a Lamborghini encarregadas de fazer o carro. A Lamborghini ficou encarregada de montar o chassi e a carroceria do protótipo, projetada por ninguém menos que Mauro Forghieri, que foi projetista da Ferrari até 1987 – quando migrou para a Lamborghini e foi responsável pelo único V12 de Fórmula 1 feito pela empresa.

O Lamborghini EV1 tinha uma proposta simples e utilitária – um veículo de trabalho, feito para frotistas para servir como táxi, levando cinco pessoas na versão de passageiros, ou um furgão com capacidade para 800 kg de carga. Motor? Desconhecido, mas sabe-se baterias de chumbo-ácido e sódio-enxofre estavam sendo testadas para uma autonomia de 60 km ou 120 km, respectivamente. A ENEL também buscava soluções alternativas, como baterias de zinco descartáveis. Independentemente da bateria, o Lamborghini EV1 tinha desempenho modesto, voltado ao uso urbano: zero a 45 km/h em 12 segundos e velocidade máxima entre 80 e 90 km/h.

Fontes antigas – links quebrados para sites antigos, trechos soltos de notas em revistas e jornais – dizem que foram feitos, inicialmente, 50 exemplares para teste e divulgação. Os veículos ficaram circulando pelas principais metrópoles italianas até 1994, quando mais 100 exemplares foram feitos e vendidos a pelo menos dez governos municipais espalhados pela Itália. Onde estão estes veículos? Ninguém sabe.

 

Em uma publicação recente em uma revista italiana, a presidente do grupo Emilianauto – uma rede de concessionárias italiana que, na época, era uma das distribuidoras da Lamborghini – mencionou os 100 exemplares do Lamborghini EV dizendo apenas que eles simbolizavam o desejo de reduzir drasticamente as emissões de poluentes já naquela época. Não foram dados maiores detalhes, e dificilmente este mistério será solucionado sem a ajuda da própria Lamborghini.

Claro, aquela não foi a única vez em que a Lamborghini se envolveu no projeto de uma van. Foi um pouco antes, na verdade, que o estúdio Bertone usou o Countach como base para uma minivan conceitual chamada Bertone Genesis (também conhecida como Lamborghini Genesis) para o Salão de Turim de 1988.

Criada como puro exercício de design, a Bertone Genesis usava o motor V12 de 460 cv do Countach Quattrovalvole, montado na dianteira em posição longitudinal – o que explica o volumoso painel de instrumentos. A minivan foi criada pelo designer Marc Deschamps, então chefe de estilo do Estúdio Bertone, simplesmente para ver como ficaria uma minivan esportiva com motor de supercarro.

 

Não havia pretensão alguma de colocar uma versão de rua em produção, ainda que especulações da época dissessem que ela substituiria o LM002. Uma loucura que jamais aconteceria – o sucessor do Lamborghini LM002 só veio mesmo em 2018, com a chegada do Urus.

Uma coisa, porém, é clara: estamos falando da época na qual a Lamborghini estava em um momento turbulento, recém-comprada pela Chrysler e ainda com o futuro incerto. Talvez investir em um veículo elétrico com a ajuda de uma empresa estatal fosse vista como uma chance de melhorar as finanças. Uma situação bem diferente da de hoje.