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Projetos Zero a 300

Bugzilla: quando o dono de um Fusca enlouquece de vez

Uma das coisas que sempre me atraíram no Fusca é a facilidade de moldá-lo aos desejos do dono. Sua construção permite dezenas de combinações entre componentes de carros fabricados em décadas diferentes – não é difícil deixar um Fusquinha dos anos 70 com o visual de um Itamar, por exemplo. E é só o começo: gosto de encarar o Besouro como uma tela em branco, pronta para receber a criatividade do dono. Só que tem gente que passa dos limites.

“Bugzilla”. Este termo tem algum significado para você? Se não, terá a partir de agora. Se você procurar no Google, vai descobrir que é o nome de uma ferramenta do grupo Mozilla (os criadores do navegador Firefox) usada para encontrar bugs (falhas no código) em seus projetos. Mas também vai descobrir que, quando um Fusca é batizado por seu dono de “Bugzilla”, uma coisa é certa: não é um Fusca normal.

A primeira evidência que queremos apresentar é esse cara aqui:

O dono deste Fusca é um americano chamado Sean, e ele transformou um carro em um monstrinho de Autocross. Como? Aproveitando apenas a carroceria e parte do chassi do Volks, substituindo o flat-4 na traseira por um quatro-cilindros GM Ecotec de 2,4 litros com um supercharger do tipo Roots no topo. A potência? Nada menos que 430 cv com o compressor operando a 0,6 bar. Nada mau.

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A arcaica e instável suspensão de semi-árvores oscilantes deu lugar a um setup com braços triangulares sobrepostos usando componentes de Mazda MX-5 Miata e amortecedores ajustáveis do tipo coilover. O novo arranjo aumentou a largura das bitolas de 1,37 m para 1,72 m, o que exigiu novos para-lamas feitos de fibra de vidro.

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O carro também ganhou uma entrada de ar na dianteira para soprar o radiador, uma gaiola de proteção integral e uma asa traseira que torcemos para ser funcional. As rodas de 15 poleadas TRMotorsport C1 abrigam freios Wilwood com discos de 12” e pinças de seis pistões na dianteira, e discos 11” com pinças de quatro pistões na traseira. Sean, que atualiza seu projeto no Instagram, espera aumentar a potência do motor para cerca de 600 cv.

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Outro Bugzilla – nossa segunda evidência – é um Fusca ainda mais insano, embora não tivesse muito de Fusca fora algumas peças da carroceria (que, na verdade, teve a parte anterior toda reconstruída em fibra de vidro). Estamos falando de um famoso monster truck feito por Randy Barton, um cara bastante respeitado neste meio.

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Por baixo da carroceria de Fusca estava um chassi tubular feito com base no projeto de Jack Willman, um dos pioneiros da construção de monster trucks nos anos 80. O motor era um small block Chevrolet que, há mais ou menos dez anos, deu lugar a um V8 Hemi. O visual inóspito do Fusca-monstro lhe garantiu destaque na comunidade de adeptos dos monster trucks, e também serviu para construir a reputação de seu dono.

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Agora, nem todo Bugzilla tem um final feliz. O carrinho laranja aí em cima era conhecido na cena das arrancadas nos Estados Unidos. Sua receita era relativamente comum: um Fusca com um V8 adaptado na dianteira.

O projeto pertencia ao americano Ron Clark, que no fim dos anos 90 encontrou um Fusca em estado deplorável e decidiu transformá-lo em um monstro das arrancadas. A partir dali, todas as modificações realizadas no carro foram feitas por Ron em sua garagem no estado da Geórgia – reformar a carroceria, adaptar a estrutura, montar o motor, instalar o motor, projetar a suspensão, fazer os acertos, tudo.

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O motor em questão era um V8 com bloco Brodix de 377 pol³ (6,2 litros) com supercharger blower, mais sistema de injeção de etanol. O motor ficava montado em um subchassi feito sob medida. A porção dianteira do carro consistia em uma única peça de fibra de vidro, e as janelas eram todas de Lexan.

Há cerca de dez meses, o Bugzilla de Ron Clark perdeu o controle durante uma puxada na pista de arrancada de South Georgia Motorsports Park e bateu no muro, explodindo em uma bola de fogo e fumaça e capotou. Ron saiu caminhando praticamente ileso do acidente, e atualmente está reconstruindo o carro.

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Como dissemos agorinha, não é tão difícil assim encontrar Fuscas com motor V8 na dianteira. Agora, o criador deste Bugzilla preto decidiu manter o layout de motor traseiro, colocando um V8 LT1 de 340 cv atrás do eixo traseiro. O câmbio é o transeixo do Porsche 911 Turbo 930, e freios a disco foram instalados nas quatro rodas.

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Por dentro, uma gaiola de proteção de aspecto bastante primitivo, um painel feito sob medida e bancos de couro Recaro têm cara de projeto feito em casa. A carroceria tem para-lamas mais largos e uma asa traseira que também faz as vezes de cobertura do motor, e dá ao Fusca um jeitão de Porsche 935 Moby Dick outlaw. Exceto que aqui a função definitivamente não é aerodinâmica…

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Pouco se sabe a respeito deste Bugzilla, exceto que ele estava à venda na Flórida no início do ano passado por US$ 15.000.

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Por fim, há este Bugzilla branco, cujo projeto foi todo compartilhado em um blog por seu dono. Trata-se de um carro de aparência mais mundana, mas isto não quer dizer que ele não tenha sido todo modificado. Para começar, o teto foi rebaixado – outra modificação tradicional para o Fusca – e o painel de instrumentos foi todo refeito com uma chapa nova e instrumentos de visual clássico.

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Os para-choques foram removidos; os para-lamas deram lugar a peças mais largas, de fibra de vidro; as portas agora são “suicidas” (abrem ao contrário) e o interior ganhou revestimento novo, mais luxuoso. Já o motor é um boxer de 2,1 litros feito pela californiana Bernie Bergmann, uma das várias empresas especializadas em motores VW aircooled novos.

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São escolas de modificação bem diferentes, e o Fusca “aceita” todas elas, com diferentes tipos de adaptação. Vamos aproveitar para fazer uma pergunta: como você faria seu Bugzilla?