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Project Cars Project Cars #28

Dodge Charger R/T 1972 “LMS”, a história: uma homenagem por amor

Fala pessoal do FlatOut! Meu nome é Reinaldo Silveira, sou advogado, palmeirense, tenho um blog falando da minha ligação com os carros e… era um cara mais que feliz até o dia 30 de janeiro de 2014. Depois explico o por quê.

Bom, como nasci em 1964, pude assistir à ascensão, glória, decadência e ressurgimento dos grandes esportivos nacionais. Lembro do fascínio que me causava ver (e especialmente ouvir) a passagem de Maverick GT, Charger R/T e Opala SS nas ruas e estradas. Até ficar adulto, nunca tive a chance a andar em nenhum deles, mas o fascínio permanecia: era só ouvir o borbulho típico de um V8 ou o som rouco de um 250 e reviver o sonho de, um dia, ter a trinca dos grandes esportivos nacionais.

Graças a muitos anos de trabalho duro, em 2005 consegui comprar meu primeiro esportivo V8: um Dodge Charger R/T 78, Castanho Trípoli, câmbio automático e ar condicionado, carro que tenho até hoje. Adorei, o carro é uma delícia, especialmente na estrada.

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No ano seguinte, consegui comprar meu Maverick GT, um Laranja Mandarim 1974, com carburador Quadrijet Holley 600 CFM de segundo estágio com acionamento mecânico, coletor de admissão de alumínio da Edelbrock, comando Crane, escape dimensionado 8×2 e câmbio Tremec T5. Após um processo de restauração de oito meses, ficou pronto – e então eu tive outra dimensão do que seria (ou deveria ser) um esportivo com motor V8. O que este carro acelera é impressionante…

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A procura pelo Opala SS6 ainda não teve êxito, mas encontrei em 2008 um cupê Gran Luxo 73 Verde Menta 4100, 4 marchas e ar condicionado, que me cativou pela beleza e estado de conservação. Já muito mal acostumado pelo GT, transformei o 4100 em 250-S, preservando as peças substituídas.

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Poderia então descansar, afinal eu já tinha um R/T, um GT 302 e um 250-S. Mas o meu R/T era automático e com motor 318P (os R/Ts até 76 eram equipados com o motor 318PS, com maior taxa de compressão), logo não me parecia esportivo suficiente. Além do mais, eu sempre fui fascinado pelo R/T 72, para mim o mais bonito e agressivo de todos os R/Ts nacionais…

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Fácil, certo? Apesar de terem sido produzidas mais de 2.000 Chargers nesse ano, os R/Ts 72 foram dizimados ao longo do tempo, especialmente após as duas crises do petróleo. De acordo com os experts em Dodge como Lincoln Oliveira Neto e Alexandre Badolato, não devem ter restado mais que vinte e cinco carros! E quem tem, raramente vende. Como comprar, então? Encontrando um para restaurar, oras!

Bom, conversando com os especialistas já citados, fui apresentado a um R/T 72 Cinza Fênix, que estava no Paraná: o carro precisa de restauração total, mas fiquei encantado e achei que havia encontrado o “meu” R/T 72. Contudo, apesar de ter ganhado um amigo especial ao conhecer o dono, não consegui comprar o carro. Então surge na história outro amigo, que havia comprado um R/T 1972 Branco Polar para restaurar, mas tinha recentemente adquirido um Dart SE 1975, ainda mais raro. E assim, o R/T 72 se tornou o meu carro: encontrei o garoto abaixo, com motor, câmbio, diferencial e muita coisa original, mas bastante desalinhado e com quilos de massa na carroceria.

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Alvo identificado, só faltava o aval doméstico. Minha querida esposa procurou disfarçar, mas o que vi nos seus olhos ao ver as fotos do carro foi um misto de incredulidade e espanto: um carro que não anda, depenado e vermelho (“você não disse que era branco?”), caro e precisando fazer tudo? O meu entusiasmo deve ter sido a causa para que o grande coração dela tenha se convencido a me dizer “vá em frente”…

A negociação foi rápida e tranquila, como são as negociações com gente de bem. O antigo proprietário, que havia vendido o carro ao amigo que me revendeu, tratou de empacotar tudo o que tinha do carro e colocar no porta-malas. Guincho-plataforma contratado, era só esperar o carro chegar. E chegou.

Achando que sabia tudo de restauração depois dos oito meses de trabalho no GT, imaginei que, identificando restaurador de carroceria e de mecânica, seria simplesmente questão de tempo e grana para que meu R/T Branco Polar voltasse ao requinte e esportividade que ostentava quando saiu da fábrica, lá por setembro/outubro de 1971 (meu carro é da primeira leva dos modelos 72).

Só que nos próximos posts vocês verão que subestimei bastante o significado de “tempo” e de “grana”…

O projeto prevê reconstruir quase que totalmente o carro, visando o máximo de originalidade, com algumas poucas concessões a segurança (pneus radiais) e performance (comando de válvulas mais agressivo, maior taxa de compressão), além de melhores materiais de pintura. Como vocês podem deduzir, a foto de abertura deste post é relativamente recente.

Ah, infelizmente não esqueci a razão de ter afirmado que fui mais que feliz até o dia 30 de janeiro de 2014. Neste dia, a Luísa, nossa única e amada filha, foi convocada de volta para o Céu, Anjo que é. Essa é a razão de o projeto se chamar assim. LMS significa Luísa Marques Silveira, uma singela homenagem aos catorze anos incompletos que passamos juntos, nos quais muito mais aprendemos que ensinamos com a Lú.

Sejam todos muito bem-vindos, espero que a experiência que estou obtendo na restauração do carro possa ser interessante para vocês.

Abraços,
Reinaldo Silveira, Project Cars #28

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