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Project Cars Project Cars #117

Em busca do Alfa Romeo 155 perfeito – conheça história do Project Cars #117

Olá, pessoal. Meu nome é Delfino Mattos, sou servidor público e nas horas vagas administro um site de fotografia automotiva com alguns amigos. Meu gosto por automóveis vem desde sempre, mas ganhou força quando um tio me mostrou uma matéria sobre a Ferrari F50, logo após seu lançamento.

Alguns anos depois por causa do mesmo tio, que ironicamente não é gearhead, li num jornal sobre a Ferrari F355. Assim a fagulha que começou com a F50, se inflamou de vez com a F355. Por conta dessa nova paixão, passei a pesquisar sobre a história da Scuderia. Inevitavelmente conheci a Alfa Romeo e comecei a simpatizar com a marca.

F355 F50

Simpatia que só aumentava conforme conhecia sua história, marcada pela paixão, inovação e prazer de dirigir. Ela foi pioneira ao usar de motores em liga-leve, câmaras de combustão hemisféricas, velas em posição central e duas velas por cilindro. Como resultado, se tornou uma força dominante nas competições em suas primeiras décadas, vencendo as 24 Horas de Le Mans entre 1931 e 1934, além de conquistar onze vitórias na Mille Miglia, dez triunfos na Targa Florio e várias outras competições na época de ouro dos Grand Prix.

Após a II Guerra Mundial, ela ainda era forte, tendo vencido os dois primeiros campeonatos da Formula 1. Entre os anos 1960 e 1980, a Alfa Romeo dominou em várias categorias de protótipos e Turismo com carros como as Giulia GTA, GTAm, GTV,  TZ e Tipo 33. Por fim na década de 1990, surgiu a 155, que venceu o campeonato britânico e italiano de turismo e a DTM, de onde vem grande parte da fama do carro, e entre 2000 e 2004 a Alfa Romeo 156 levou os títulos no campeonato europeu de carros de turismo.

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Durante todos esses anos, a Alfa Romeo produziu vários carros marcantes, que traziam ao motorista comum muitas soluções vindas das pistas e que simbolizavam a capacidade dos italianos em criar arte sobre rodas. É claro que nem tudo é positivo, por muito tempo seus carros foram conhecidos por serem temperamentais e ter uma tendência à ferrugem, mas dizem que grandes carros não têm defeitos, mas características.

Como muitos donos de Alfas clássicas pregam, quando o carro funciona direito, você se esquece de todos os problemas. Até o polêmico Jeremy Clarkson é apaixonado pela marca e uma de suas frases mais famosas diz que “Todo Gearhead deve ter um Alfa Romeo ao menos uma vez na vida”

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Voltando à minha história, em 2007 comecei a fotografar os carros que via pela cidade e criei um Fotolog para mostrar isso. Alguns anos depois, um dos leitores entrou em contato comigo e me convidou para ir a um encontro do Alfa Romeo Clube de Londrina (valeu, Raje!).

Lá fui muito bem recepcionado pelos Alfisti, que me contaram sobre a mística que envolve a marca, a paixão dos fãs, a história nas pistas, desmitificaram um pouco sobre a manutenção e para finalizar mostraram os carros. Foi difícil acreditar que o 156 e 0 166 haviam sido lançados no fim dos anos 1990 tamanha a modernidade do design. O 164 com seu design e imponência, coroada por aquele belo V6 sob o capô, era fantástica. Naquele momento eu decidi que teria um Alfa Romeo, mas qual?

Encontro

De cara, descartei os V6 um pouco pela manutenção outro tanto pelo consumo. Fiquei impressionado com o 156 e seu interior com acabamento em madeira. Além de ter um motor moderno, com duas velas por cilindro comando de admissão variável e eixos contra rotativos para dar suavidade, mas seu preço estava acima do que eu podia pagar. O 145 era bem legal, mas eu não estava a fim de outro hatch de duas portas na minha garagem, porém não tinha pressa em me decidir.

Numa das reuniões, o leitor que fez o primeiro convite e já havia se tornado um amigo e uma espécie de padrinho Alfista comentou sobre um 155 Super vermelho de um senhor italiano, que só era usado para ir a igreja e que ele estava tentando comprar há algum tempo. Procurei algumas informações sobre o carro, como era o desempenho, o consumo, quais os equipamentos, o preço das peças e as experiências de proprietários. Em todos os quesitos o carro era excelente. Eu finalmente havia encontrado minha musa.

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Depois de dois anos de tentativas, meu amigo desistiu de comprar o 155 do italiano e encontrou um fantástico 155 Super blu nord, com teto solar e bancos Recaro. Alguns meses depois, encontrei o 155 vermelho em um evento do grupo ARBR, gostei muito do carro e até tirei algumas fotos ao seu lado, mas nem pensei que um dia ele estaria na minha garagem. É muito comum ouvir histórias de pessoas que passam meses, até anos procurando pelo carro dos sonhos, são várias horas vasculhando classificados, indo ver carros, negociando e tudo mais.

No meu caso, a oportunidade e os meios de aproveitá-la praticamente caíram em minhas mãos, num momento que essa era a última preocupação que tinha. Mas acredito que quando uma coisa tem que acontecer, tudo se ajeita para que aconteça. A história da compra é longa e dramática, por isso vou resumir bastante.

Encontro

Um dia, ao verificar o celular vejo várias mensagens e ligações perdidas do Raje, instintivamente já sabia do que se tratava, retorno a ligação e ele me diz que o 155 vermelho estava à venda e que íamos ver o carro no dia seguinte. Depois de conversar bastante com o proprietário, fomos ver a macchina de perto, ficou claro que era carro bem mantido e que recebeu a manutenção adequada, só precisava de um dono que cuidasse para voltar a brilhar como deveria.

Fiz um test drive e no momento que o trânsito limpou, dei uma boa acelerada, quando ouvi o ronco do Cuore ficando mais alto e mais forte conforme as rotações subiam, passei a ter a necessidade de uma Alfa em minha vida. Na volta combinamos um preço, fiquei de vender meu carro, levantar o restante do valor e depois voltaríamos a conversar.

Test Drive

Alguns dias depois de ver a 155, fui convocado num concurso público, onde além de não precisar mais do carro para ir ao trabalho, teria um pouco mais de folga na parte financeira. As condições para realizar o sonho estavam se formando. Enquanto isso, participei do II Encontro Nacional de Alfa Romeo, a atmosfera do evento me contagiou e decidi que caso o 155 ainda tivesse à venda, iria fechar o negócio mesmo não tendo conseguido vender meu carro.

No sábado seguinte entrei em contato com o dono, mas o carro não estava mais à venda. Mesmo assim, deixei o número do meu telefone e ele ficou de ligar em alguns dias caso mudasse de ideia. O prazo acabou e não tive retorno, fiquei um pouco aliviado, assim poderia me estabilizar no novo emprego e continuar a minha procura com calma.

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Porém dois dias depois recebi uma ligação: o Alfa estava à venda novamente, marquei de nos encontrarmos no sábado para negociar o pagamento e fechar o negócio. Em seguida fui atrás de um “paitrocínio”. Aqui tudo começou a dar certo, meu pai havia acabado de fechar um negócio e poderia me ajudar. Depois disso, consegui vender meu carro e pegar uma grana com a rescisão da empresa que trabalhava.

Assim, desde o dia 6 de agosto de 2013, sou o feliz guardião de uma Alfa Romeo 155 Super, Rosso Alfa, ano 1996/modelo 1997, equipada os opcionais do Grupo III, que incluem ar-condicionado automático, lavadores de faróis, alarme, airbag para o motorista, teto solar e faróis de neblina. O antigo dono colocou revestimento em couro nos bancos e uma disqueteira Alpine para 6 CD’s. Na época, o carro estava com pouco mais de 109 mil quilômetros rodados, com alguns detalhes a fazer, mas muito acima da média de conservação para um carro dessa idade. Naquele dia, ela passou a ser minha “Guria”.

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Depois de realizar o sonho, é a hora de não deixar que ele vire um pesadelo. E é isso que vou mostrar no meu projeto. Os desafios, custos, dificuldades e o aprendizado, pois tentarei fazer o máximo de manutenção em casa. Mas principalmente a alegria, as amizades conquistadas, o prazer e a satisfação de olhar na garagem e ver objetivo alcançado, o representante de uma marca centenária, que transborda paixão e que mesmo com altos e baixos durante sua história conseguiu se manter viva e reunir uma legião de fãs em todo o mundo.

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Minha participação no Project Cars vai terminar com uma viagem de quase dois mil quilômetros ao III Encontro Nacional Alfa Romeo, até lá terei que fazer uma manutenção preventiva pesada, surgirão alguns imprevistos, vou ter que dar uma geral na aparência, incluindo pequenos serviços de funilaria e pintura. Também teremos pequenas viagens, participação em encontros e quem sabe até um track day, para relembrar a tradição esportiva da marca. E tudo isso sem passar fome ou ter que vender parte do fígado. Fiquem atentos e até a próxima!

Por Delfino Mattos, Project Cars #117

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