Os fãs do New Beetle, o primeiro Fusca moderno, devem invejar a variedade de motores que ele tinha no exterior. Por aqui, a versão fechada do besouro era equipada com o motor 2.0 de apenas 116 cv. No resto do mundo, contudo, ele teve motores 1.4, 1.6, 1.8 turbo (o mesmo do nosso primeiro Golf GTI e do Audi A3), 2.3 VR5, 2.5 de cinco cilindros e até um 3.2 VR6 de 224 cv na série limitada RSi, de 250 unidades. O 2.5 até chegou a ser vendido aqui, mas somente na versão Cabriolet, que quase ninguém comprou.
É por isso que esse Beetle que você vê na foto acima é um achado realmente perdido: ele é uma versão hatch equipada com o motor 2.5 do antigo Jetta — possivelmente um dos únicos (ou o único) importado com essa configuração. E, logicamente, ele está a venda no Brasil!
O New Beetle nasceu depois que o VW Concept One foi apresentado no Salão de Detroit de 1994. Curiosamente, o conceito foi criado por J Mays, vice-presidente de design da Ford até 2013, quando se aposentou, e que saiu do estúdio da Volks em 1995, pouco depois da criação do Concept One. Outro dado interessante é que o conceito usava uma plataforma menor do que a que acabou sendo usada no modelo final: era a mesma do Polo, a PQ24.
Devido ao sucesso que ele obteve, a Volkswagen percebeu que precisava de uma versão comercial do “sucessor do Fusca”. E ela nasceu em 1997, mas construída sobre a plataforma PQ34, a mesma do Golf de quarta geração. Palpite nosso: isso se deveu ao fato de o principal mercado para o carro ser o americano. Naquela época, carros pequenos eram o nicho do nicho, por lá, e os modelos de entrada, que eles chamam de compacto, são o que consideramos médio por aqui.
Com 4,13 m de comprimento, 2,52 m de entre-eixos, 1,72 de largura e 1,50 m de altura, ele foi objeto tanto de entusiasmo para os fãs de estilo retrô, que, na mesma época, contavam com modelos como Chrysler PT Cruiser, Plymouth Prowler, Chevrolet SSR e HHR, quanto de escárnio. Jeremy Clarkson espancou o carro em suas avaliações, dizendo que ele era um Golf com uma casca idiota por cima.
A Volkswagen pouco deve ter ligado para isso, já que o carro vendeu relativamente bem. Tanto que mereceu uma segunda geração, que passou a ser chamada de Beetle, nos lugares de língua inglesa, e adotou o nome Fusca por aqui. Oficialmente. Isso em 2011, quando a produção do New Beetle foi encerrada. Em outras palavras, não houve uma quebra na oferta do modelo. Saiu o antigo, entrou o novo.
No Brasil, o lançamento do New Beetle, no final de 1999, causou frisson. Ter um equivalia a andar com o Mini, em termos de status. Era o carro para quem queria chamar a atenção na balada. Isso até que o desempenho apenas razoável do carro passou a ser mais conhecido, além do pouco espaço para a cabeça nos bancos de trás e do porta-malas minúsculo. No final de sua vida por aqui, em idos de 2011, ele era vendido mais como barganha, pelo bom pacote de itens de série a preço baixo, do que por qualquer outra qualidade. Se ainda tivesse um motor mais interessante…
Foi isso que Osvaldo Concórdia Júnior encontrou quando comprou seu New Beetle 2.5. Trazido por uma embaixada, como mostra a parte inicial de sua placa, o carro tem sob o capô um cinco cilindros de 170 cv. Quem sabe o que ele faz pelo antigo Jetta, um veículo bem maior e mais pesado, certamente já se empolgou pelo menos em imaginar como é acelerar este besouro amarelo.
Com bancos revestidos com couro, o carro tem algumas particularidades interessantes além do motor. O quebra-sol do motorista tem três botões que podem ser configurados para abertura de portões eletrônicos. Com isso, não é preciso ficar pendurando um monte de controles ali. O carro também vem com controle de estabilidade, algo que os modelos 2.0 não ofereciam, segundo o vendedor.
Equipado com rodas de aro 17, o carro está com pneus novos e não tem, segundo Osvaldo, nenhum problema de mecânica ou de documentação. Tudo estaria em dia para que o carro possa rodar imediatamente.
Com quase 44.000 milhas no hodômetro, que equivalem a pouco mais de 70.800 km, talvez até existam outros New Beetle fechados com motor 2.5, mas não há de ser muito fácil encontrá-los à venda.
Pelo seu, Osvaldo pede R$ 43.000. No próprio WebMotors dá para ver que é menos do que andam pedindo por alguns New Beetle 2007 com motor 2.0. E ainda menos do que o único New Beetle 2.5 à venda por lá além deste, um conversível de R$ 105 mil. Para quem gosta do modelo, pode ser uma oportunidade única. Não de chamar a atenção pelas ruas, como o carro fazia no começo, mas de se divertir um bocado ao volante. Nem que seja apenas ouvindo o ronco bonito do cinco cilindros.
[ WebMotors / Dica do leitor Felipe Klump]
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