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F*ckin’ fast: é assim que pilota uma Ford F-100 supercharged de 700 cv

Picapes são veículos de trabalho pesado, feitas para levar carga e percorrer terrenos hostis. No entanto, mesmo se você for do tipo que fica rabugento ao ver as coisas fora do lugar, não há como ao menos não se entreter com uma Ford F-100 1968 sendo abusada naquilo que deveria ser uma simples ida à mercearia para buscar leite.

É uma premissa simples e bem clichê para um vídeo de carros — o marido está tranquilo em casa quando, ao tentar comer uma tigela de cereal, percebe que acabou o leite. Então, sua mulher pede para que ele vá ao mercado buscar, o que acaba sendo apenas uma desculpa para pisar fundo e aproveitar os 700 cv do motor V8 5.0 Coyote com compressor mecânico.

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E aí a gente até esquece do clichê — porque, cara, é uma Ford F-100 1968 com motor de Mustang com compressor mecânico e 700 cv! E talvez você até já a conheça.

Trata-se da Frankenstein Ford, que foi uma das atrações do programa Fast N’ Loud, do Discovery, estrelado por Richard Rawlings e pelo barbudo Aaron Kaufmann em sua oficina de restauração e modificação a Gas Monkey Garage. Eles também têm um canal no YouTube que é bem bacana, aliás.

O caso é que a picape foi um dos projetos feitos especialmente para a TV. Depois de comprar uma Ford F-100 1968, eles tiveram uma semana para transformá-la em um belo projeto de restomod — você sabe, aqueles carros antigos “modernizados” com componentes atuais, mecânicos e/ou estéticos. E eles mandaram bem — imaginamos, com um pouco de mágica televisiva para fazer tudo no prazo.

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No entanto, seu dono garante que realmente foi isto o que aconteceu. Bem, o dono é KC Mathieu, o cara que cuida da funilaria e da pintura de todos os projetos da Gas Monkey Garage, que também é dono de sua própria oficina (ou seria estúdio?), a KC Paint Shop. KC diz que é difícil acreditar que a picape ficou pronta em apenas sete dias, mas garante que é verdade — claro, ele participou do projeto!

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Não são muitas as imagens da picape antes do processo, e o vídeo abaixo mostra apenas parte de tudo o que foi feito. No entanto, já dá para ter uma noção da transformação pela qual a F-100 passou, não?

Se dá, especialmente considerando o conjunto mecânico. Para começar, um V8 Coyote de cinco litros que, direto da caixa, desenvolve 418 cv. Com a adição de um compressor mecânico da Roush Performance, mais um módulo de controle Ford Racing, a potência agora é de 700 cv. Como manda o figurino, a transmissão é a clássica Tremec T56, manual de seis marchas. Claro, é muito comum que os carros americanos com motores V8 potentes assim sejam equipados com câmbio automático — a galera lá nos EUA adora este conjunto para pegar a estrada. No entanto, a picape de KC é diferente.

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Além do conjunto mecânico estúpido, a picape teve a suspensão toda retrabalhada, começando por substituir a parte dianteira do chassi pelo arranjo do Ford Crown Victoria, que usa um eixo rígido com sistema four link, bem mais versátil do que o original. A traseira recebeu o mesmo tipo de suspensão, porém feita sob medida. Os amortecedores são ajustáveis do tipo coilover nos quatro cantos, fornecidos pela RideTech.

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Ainda que os números exatos de potência e torque não tenham sido divulgados direito, é notável que a potência aumentou bastante. Para adequar-se à nova performance, os freios agora são da F-250 2003, a disco nas quatro rodas. Estas, aliás, são um jogo de 20×9 e 20×10 polegadas (frente e traseira, respectivamente), modelo Shelby CS69, calçadas com pneus Toyo Proxes ST II de medidas 255/40 na dianteira e 295/40 na traseira.

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Se, do lado de fora, o visual é old school com certos elementos modernos, como faróis e lanternas (e uma bela pintura verde militar), o interior segue a linha tradicional, com couro preto, volante de raios de metal e nenhuma invencionice — banco inteiriço, ar-condicionado de época e um rádio moderno com aspecto vintage dão o tom da cabine. Um toque discreto, porém muito bacana, é o pomo da alavanca de câmbio: em vez do número “6”, está escrito “FUCKIN’ FAST”. A gente não duvida nem um pouco.

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Voltando ao tal do clichê a que nos referimos antes, ele não é totalmente forçado: KC diz que usa a picape regularmente, todos os dias, para tudo — ou seja, ele provavelmente já foi buscar leite na mercearia uma ou duas vezes com sua F100, que chama de “Frankenstein Ford”. Talvez por causa da cor.

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Dá para entender por que KC faz questão de dirigir sua F100 a cada oportunidade que surge: segundo o próprio, ele simplesmente não consegue viver sem uma picape. Tanto que, cerca de 10 meses depois que a picape foi leiloada durante o programa, ele a comprou de volta. E, aparentemente, não vai se desfazer dela nunca.