FlatOut!
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Project Cars Project Cars #37

Fiat Uno Turbo “Black Box” – a história: poeira e brilho

Meu nome é André Cavalcanti, mas sou conhecido pelos meus amigos como Molusko. Tenho 29 anos, moro em Piracicaba (interior de SP) e sou um dos fundadores do clube DUBSport. Vocês não têm ideia de como estou empolgado em ter meu carro como um dos Project Cars do FlatOut! Neste post vou contar um pouco da minha história – e do Black Box, claro.

Meu pai sempre foi fanático por carros, então sou mais um daqueles garotos que cresceu lendo revistas automotivas e acordando todos os domingos para ver o Senna correr na Fórmula 1. Meu primeiro carro veio aos 20 anos, um Gol 1.0 16V Turbo, todo original, que me rendeu muitos momentos de diversão. Dois anos depois resolvi partir pra algo maior e mais assustador: comprei um Marea Turbo muito fuçado, já com 360 cv, que tive a capacidade de quebrar no segundo dia em que estava com o carro. Desisti? Nada: chutei o balde e o remontei com componentes forjados, rendendo em torno de 420 cv.

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Depois de gastar muito dinheiro e nunca ficar satisfeito, resolvi sossegar por um tempo com preparação e tive carros “normais” desde então. Como ninguém é de ferro, fazia alguns upgrades básicos, como troca de molas, rodas e pneus, coisas assim. Entre 2005 e 2010 passei a morar em São Paulo. Minha demanda por adrenalina automotiva era suprida nos finais de semana – cada viagem rumo ao interior era um novo “time attack” tentando diminuir o tempo entre Sampa e Piracicaba.

Sempre que podia participava de algum track day, mas a frequência e o abuso judiavam demais dos carros de uso diário, principalmente dos pneus. Era comum escutar dos amigos que eu usava pneus “slisos” devido aos ombros fortemente desgastados. Isso me fez segurar a onda e poupar um pouco o carro destes eventos por um tempo.

Só que, por sorte ou azar, tenho um amigo chamado Gustavo que é campeão em encontrar anúncios e pessoas vendendo aqueles carros que você até já se esqueceu que sonhou em ter um dia. Escort XR3, Corsa GSI, Monza S/R, Fiesta Sport, e…

Uno Turbo.

Eis que o link do anúncio de um Uno Turbo montado para track days é postado por ele no fórum do clube – e o melhor, por um preço muito baixo. Liguei para uns três amigos pedindo opinião e até mesmo abrigo caso fosse expulso de casa. Fiquei com tremedeira, aquele frio na barriga e depois de ouvir “se você não comprar, eu compro!”, liguei correndo e fechei o negócio em uma sexta-feira.

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Esperei o final de semana passar (dois dias equivalentes a dois anos) e na segunda-feira bem cedo fui até Osasco conhecer a encrenca que estava para adquirir. Cheguei lá e nos encaramos. Ele estava com os quatro pneus murchos, um pouco empoeirado – mas com um brilho que me arrancava um sorriso. Era a última chance para desistir do negócio, mas cada volta que eu dava no carro olhando seus detalhes, mais me apaixonava pelo Uno.

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Ele estava completamente desmontado, apenas com o motor e cambio no lugar, e todas as peças amontoadas em seu interior. Eu parecia criança em vitrine de padaria. O cheiro de óleo, os rangidos típicos das dobradiças de qualquer Uno e as rodas de Marea Turbo geravam uma confusão de sentimentos em mim. Revivi a sensação que tinha quando era criança e ia pra escola de Uno CS, me senti realizado por ter o Uno mais legal de todos já lançado, com aquele body kit invocado – e, ao mesmo tempo, sentia aquele calafrio por causa das rodas que me faziam lembrar meu ex-Marea.

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O guincho chegou e o levou direto pra Atibaia, onde foi muito bem tratado na Marcio’s Garage. Somente depois da identificação de todas as peças que vieram dentro do carro e a análise da situação e estado dos componentes que já estavam montados, é que poderíamos definir os detalhes do projeto. Mas uma certeza eu já tinha desde o momento em que vi o anúncio: este será um carro para pista, para ser usado sem um pingo de dó. Vocês verão.

Por André Cavalcanti, Project Cars #37

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