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Fraude nas bombas de combustíveis aumenta em todo o Brasil – saiba como os postos agem

Foto: Ana Volpe/Senado Federal

Você já abasteceu seu carro com o valor habitual e teve a sensação de que o ponteiro subiu menos do que deveria? Às vezes, pode não ser apenas uma impressão: você pode ter sido vítima do golpe da “bomba baixa”, uma das fraudes mais recorrentes nos postos de combustível de todo o Brasil. E também a que mais cresceu nos últimos 12 meses.

Isso por que a fraude da “bomba baixa” é uma das mais difíceis de se flagrar. Nesse golpe, a bomba de combustível do posto exibe o valor e o volume corretos em seus displays, mas o volume de combustível que jorra da mangueira para o tanque do seu carro é bem menor — o que torna o litro do combustível ainda mais caro. Exemplificando: você pede R$ 50 de gasolina, mas a bomba só coloca o equivalente a R$ 45 no tanque.

Até pouco tempo atrás era fácil flagrar o golpe: bastava pedir uma aferição aos funcionários do posto, que são obrigados por lei a fazer a prova para os consumidores. Há um recipiente aferido e com escala volumétrica estampada, e o volume que jorra da bomba deve bater com o volume marcado pela escala. Mas com o avanço tecnológico — e “malandrológico” — o golpe ficou mais sofisticado: hoje em dia é possível alterar o circuito eletrônico da bomba para que a operação seja mascarada ao toque de um botão de controle remoto.

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Funciona assim: você chega no posto e um funcionário aciona o circuito por controle remoto — geralmente alguém do alto escalão, como o gerente ou o próprio dono. Quando um cliente desconfiado ou o próprio fiscal da ANP ou outros órgãos de controle pedem a aferição, o circuito pirata é desativado pelo controle remoto, e a bomba passa a operar do jeito correto. O enchimento do recipiente mostra o volume esperado.

O negócio soa como teoria da conspiração, mas a Agência Nacional do Petróleo divulgou neste começo de mês que nada menos que 165 postos de todo o Brasil foram interditados nos últimos 12 meses devido unicamente a esta fraude. Em São Paulo, segundo informações da Folha de S. Paulo, as inspeções do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem) flagraram 4.458 bombas com esse tipo de alteração — número que corresponde a 7% das bombas inspecionadas somente de janeiro a julho deste ano.

Em 2012, o programa Fantástico, da Rede Globo, já havia revelado esse tipo de fraude em uma reportagem especial de quase 20 minutos. Eles descobriram até mesmo o valor do sistema: R$ 5.000 por “bico” (como é chamada cada saída individual da bomba). Um valor irrisório perto do potencial de lucro ilegal.

Novamente segundo a Folha de S. Paulo, com 200.000 litros por mês e uma média de 4,5% no volume fraudado, é possível lucrar R$ 28.000. Os postos com maior volume de vendas, logicamente, ganham mais. Como a multa é uma fração do valor que se pode lucrar, é fácil entender o crescimento de 23% desse golpe nos últimos 12 meses.