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GTA: a história e a evolução de Grand Theft Auto – parte 2

Os dos primeiros títulos da série GTA, do fim da década de 1990, foram bastante inovadores na época. Sua jogabilidade, com um mapa aberto que podia ser explorado a pé ou de carro, era inédita e muito divertida. Tanto que, em 1969, a Rockstar Games lançou o pacote de expansão GTA: London 1969 que, como o nome dizia, se passava em Londres no ano de 1969. A mecânica de jogo e os gráficos eram os mesmos, mas havia novas missões, novos carros e a atmosfera retrô dava um charme extra ao jogo.

O sucesso de GTA acabou inspirando outro clássico: Driver 2, de 2000, que foi o primeiro jogo a oferecer a experiência de Grand Theft Auto em um ambiente tridimensional, o que era um belo avanço e garantiu ao game status de clássico – fizemos até um post especial sobre Driver 2 há algum tempo.

Nada mais natural que, para o próximo título da série, a Rockstar Games se adequasse à concorrência. Assim, em 2001, veio Grand Theft Auto III, primeiro da franquia para o recém-lançado PlayStation 2.

GTA III tirava proveito da capacidade gráfica e de processamento do novo console de forma brilhante, com visão em terceira pessoa, gráficos de ponta para a época, sequências de animação que complementavam a história e um mapa bem maior. Além disso, pela primeira vez era possível usar armas de fogo, o que tornou o game mais violento e adulto. As estações de rádio se dividiam em música e entrevistas, como no mundo real, e o aspecto geral era muito mais realista.

A história se passava em Liberty City, que novamente era inspirada em Nova York, e era dividida em três ilhas: o distrito comercial, baseado em Manhattan; o distrito industrial, baseado no Brooklyn; e os subúrbios inspirados em Nova Jersey. De acordo com os produtores, a ideia era dar ao jogo a atmosfera geral de um filme de gângsteres, com influência de “Família Soprano” e “O Poderoso Chefão”.

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Era preciso progredir no jogo cumprindo missões para liberar o acesso a todos os distritos e, caso você desse um jeito de ultrapassar as fronteiras, seu nível de “procurado” aumentava a ponto de tornar praticamente impossível não ser detido ou derrubado, o que te garantia um passeio instantâneo ao hospital ou da delegacia, de onde você saía sem armas e um pouco mais pobre, porém novo em folha. Esta mecânica de jogo foi mantida em todos os títulos seguintes.

Além da construção de um cenário muito mais envolvente e realista, os gráficos tridimensionais e a visão em terceira pessoa permitiram que os desenvolvedores dessem muito mais atenção ao design dos carros. Foi ali que surgiram alguns veículos que hoje são clássicos da série, como o Banshee e o Infernus.

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Também foi a primeira vez que um título da série permitia que você conduzisse, além de veículos terrestres, embarcações e até um avião – o pequeno hidroplano Dodo.

Era preciso paciência para decolar com ele, mas não era impossível

GTA III tornou-se um sucesso absoluto de público e crítica. Mesmo tendo sido lançado no início do ciclo de vida do PS2, o game utilizava muito bem os recursos do novo console, e foi descrito como “impressionante”, “épico”, “obra-prima” e outros superlativos pela crítica especializada. Tanto que, em 2002, o game foi lançado para Windows e, no ano seguinte, chegou ao XBox.

GTA Vice City Free Download 4

O título seguinte, Grant Theft Auto: Vice City, foi para muitos gamers a primeira experiência com GTA. Lançado em 2002 para o PS2 e em 2003 para Windows e XBox (com a possibilidade de comprá-lo em um pack que incluia GTA III), o game fez muito sucesso por sua ambientação oitentista nos carros, nas roupas dos personagens e na história. Pela primeira vez o protagonista tinha uma voz – Tommy Vercetti, dublado pelo veterano de Hollywood Ray Liotta.

Vice City trouxe um desenvolvimento muito maior da história e dos personagens e um mapa maior, além de uma trilha sonora impecável que, desta vez, trazia músicas de época e artistas consagrados. A variedade de veículos também aumentou, bem como a quantidade de missões obrigatórias e opcionais.

Outra característica de Vice City era o modo como temas polêmicos, tais como tráfico e uso de drogas, prostituição e violência eram tratados de forma explícita, como parte fundamental da história e da ambientação do game. Foi com Vice City que manifestações contrárias à franquia começaram a ganhar força, especialmente de pais preocupados com as influências negativas que GTA podia trazer a seus filhos. A mídia começou a noticiar ocorrências de roubo de veículos e direção perigosa e relacioná-las a GTA.

Na maioria dos casos, este tipo de coisa acaba surtindo o efeito contrário ao desejado pelos detratores. Com Vice City não foi diferente: o game “proibido” e criticado pela mídia como má influência foi objeto de curiosidade ainda maior. Afinal, você não ficava ainda mais tentado a fazer algo quando seus pais te proibiam? Aliás, Grand Theft Auto sempre foi um game recomendado para jovens de mais de 17 anos nos EUA e mais de 18 anos na Europa. Tecnicamente, não é um jogo para crianças.

De qualquer forma, eu era uma criança quando joguei Vice City pela primeira vez e, como foi dito na primeira parte deste especial, foi meu primeiro contato com GTA. Só que o que viria depois de Vice City era ainda melhor.

Grand Theft Auto: San Andreas foi lançado em 2004 e, para muitos fãs, ainda é o melhor título da série. É claro que muito disto se deve à nostalgia que o game provoca, mas é fato que San Andreas foi o mais inovador até então, e trouxe melhorias sensíveis em relação a Vice City.

Ambientado na década de 1990, San Andreas te colocava na pele de Carl Johnson, ou simpesmente CJ, um rapaz da periferia que voltava à sua antiga vizinhança depois de muitos anos e a trabalhar com sua antiga gangue. O carisma dos personagens era sem precedentes, com diálogos memoráveis e momentos emocionantes.

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De qualquer forma, você não precisava seguir a história para apreciar a qualidade do jogo. San Andreas era uma cidade muito maior, havia muito mais carros e era possível até mesmo mudar a aparência de CJ: comendo demais, você ficava gordo. Se se exercitasse bastante (andando de bicicleta, por exemplo), adquiria músculos. Havia lojas de roupas de diversos estilos e você podia ter várias casas espalhadas por San Andreas se tivesse dinheiro o suficiente. Além disso, os controles foram aprimorados sensivelmente, com comandos mais precisos e dirigibilidade muito superior.

San Andreas foi o ápice da franquia naquela geração, tornando-se um ícone cultural reverenciado até hoje. Para ficar melhor, só mesmo se rodasse uma plataforma de capacidade superior. Foi por isso que o título seguinte só veio quatro anos depois, em 2008.