FlatOut!
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Project Cars Project Cars #296

O Fusca Outlaw começa a tomar forma – e ganha um visual matador

Para recapitular, no último episódio da saga, estava eu descarregando o emaranhado de tubos, já soldados e pintados, lá na tapeçaria para que fosse montado juntamente com todo interior, que aliás é o foco desta segunda parte do PC#296.

Todo serviço de modelagem, reforma e acabamento do interior foi realizado na 2E Tapeçaria, dos donos Elvis e Eliana – tradicional por construir os interiores de muitos VW para os Bubble Gun Treffen. Recomendo!

Enquanto o pessoal desmontava os bancos e laterais de porta eu estava concluindo o tema do interior. Como foi praticamente impossível acompanhar diretamente o serviço, com exceção de algumas visitas aos sábados, procurei deixar todo meu objetivo o mais claro possível nos desenhos. Obviamente alguns detalhes mudaram no decorrer do desenvolvimento, mas a essência permaneceu.

Claramente inspirado nos Singer, mas com toques particulares, busquei primeiramente uma coerência entre as cores do exterior e do interior (originalmente o carro com uma pintura branco quente não combinava nada com o revestimento branco “lâmpada fluorescente” dos bancos e laterais de porta e isso sempre me incomodou. Ao perceber que o atrito entre minha calça jeans azul simplesmente “tingia” o vinil ao sentar no banco, acabei tendo certeza que teria que trocar aquela cor de material. Enquanto o serviço de desmontagem dos bancos começava, fui atrás de fornecedores de courvin (pensei de imediato no couro, mas desisti pelo simples fato de termos courvins de excelente qualidade hoje em dia além de uma boa oferta de cores. Ah e também devido a facilidade de limpeza e ao fato de não mofar em climas úmidos, em uma garagem com os vidros fechados, por exemplo.

Fotos do interior do carro após a compra:

tapecaria antiga

Após avaliar algumas amostras de cores e tipos de courvin, desde o tradicional creme, até o bem aceito vermelho turim, decidi por um de linha residencial, para sofás e poltronas, que ao meu ver tinha o melhor custo benefício (o preço não era ruim, a cor é exclusiva – um misto de caramelo com marrom – tipo terracota –  e a qualidade excelente!). Alguns dias depois o rolo do material era entregue ao tapeceiro. Até a cor da linha entrou em discussão e foi aprovada alguns dias depois de ver algumas amostras com o courvin. Acredito que tenha sido uma opção bem acertada e que combinou com o restante dos materiais e cores do projeto.

-Color Blocks comparativos de possíveis combinações para o projeto e destaque para o conjunto escolhido:

color blocks

De volta aos desenhos, tratei de representar o mais fiel possível aquela cor do material nos traços dos novos bancos, além de modificar algumas linhas de costura do banco traseiro, este inclusive abandonou as molas originais dando lugar a uma espuma nova, toda remodelada.

O par de conchinhas da San Marino foi desenhado pensando em receber um retrabalho na espuma, principalmente no assento na região da perna – este originalmente é muito arredondado e pressiona demais a parte posterior da coxa. Imaginei, para todo tema do interior, costuras diamante duplas (diamond stitch). Assim conseguiria o efeito desejado. Uma plaqueta de alumínio cravada no encosto dos bancos também foi pensada e é ao estilo “Recaro” que todo Singer tem.

Painéis de porta e laterais receberam a mesma atenção, com linhas de costura simples. Eliminei o porta objetos e também o puxador de porta do lado do passageiro, deixando ambas laterais de porta simétricas e abrindo espaço pra “gaiola”, que passa bem próxima da porta.

Os desenhos mostram que todo aquele caramelo seria contrastado com um carpete de tecido preto e forro, o que garantiria destaque exclusivamente para os bancos, além de sujar muito menos que um carpete de cor clara. Para um melhor acabamento criei tapetes de sobrepor também de carpete, com debrum (aquela costura toda trançada em todo contorno) e com uma área em couro no centro para apoio dos calcanhares. O tapeceiro aceitou o desafio e viu um projeto bem mais desafiador que qualquer outro! Aí que está a graça!!

Porta malas seguiu o mesmo padrão, receberia uma caixa de madeira revestida a fim de esconder a fiação e ter um bom resultado estético. Por cima da caixa, pensei em um tampão seguindo os padrões dos bancos para esconder as ferramentas e o triângulo de segurança. Aliás uma coisa que odeio em qualquer carro é barulho de peças soltas batendo pra todo lado, por isso estou cogitando a possibilidade de criar uma espécie de estojo para que as tralhas não fiquem espalhadas no porta malas. Também para evitar barulheira dentro do carro, porta luvas e chiqueirinho, bem como parte traseira do encosto foram devidamente forrados.

Enfim, o conceito estava praticamente concluído: receita de material caramelo e preto, combinando com a cor de exterior do carro.

desenhos

 

Referências

Uma preocupação que sempre tive foi manter a essência do carro. Ao menos foi o que pretendi neste projeto. Muitas mudanças mas que no fim ainda revelam um fusca. Não criei um Transformer! Nada contra (ok, um pouco muito! rs) projetos que alteram todas as características com quilos de fibra de vidro e centenas de alto falantes pendurados nas portas, mas tem carros que possuem peculiaridades que não devem ser tocadas: a simplicidade do fusca e seu parentesco com os primos ricos alemães são algumas delas.

Assim como ocorreu com a criação da “gaiola”, também busquei referências e inspirações para o interior, no caso um pouco de 911 Singer, Emory, 550 Vintech, 356 Outlaws e mais um pouco do que eu encontrava de interessante. Tudo isso alinhado com o tema geral do carro: Outlaw.

É chegada a hora de retornar à tapeçaria para apresentar os desenhos e ver as estruturas das peças desmontadas. Pra minha surpresa, o Elvis aceitou de cara realizar exatamente o que estava no papel!

-Coincidência ou não, a VW apresentava o UP BGT que apresentava um acabamento bem parecido:

UP bgt

-Espuma do assento traseiro remodelada e pronta pra receber a capa:

banco traseiro 1banco traseiro 2

-Preocupação com alinhamento das costuras, principalmente nas laterais de portas:

lateral porta 1 lateral porta 2

-Dia de visita: filhão aprovou o conchinha!

bancos dianteiros 1 bancos dianteiros 2

Volante foi um incógnita: trocar ou revestir? A princípio pensei em um novo modelo de menor diâmetro e com uma pega melhor. O volante original me agrada mas aquele aro branco não mais combinava com a tapeçaria na nova cor. Estou sempre aberto a sugestões e críticas e após um tempo o Elvis tinha total liberdade de trazer novas idéias, soluções e ele mesmo sugeriu revestir o original. Admito que na hora tive bastante receio, mas sabendo que era algo totalmente reversível, aprovei e o resultado foi um volante exclusivo, sem rugas, costura impecável, melhor que volante original de fábrica dos dias de hoje! A pega e o toque ficaram sensacionais (no original sem revestimento a mão chegava a escorregar!)

Era chegada a hora de montagem de todas as peças, bancos, laterais e do empoeirado RollBar.

 

Pequenos ajustes

Bancos traseiros instalados, laterais encaixadas e a gaiola tripartida teimava em entrar no carro. (por que desmontar é sempre muito mais fácil do que montar?) Admito que suei demasiadamente para entender o que estava acontecendo. A peça traseira entrou com facilidade, a dianteira, próxima do painel foi um pouco mais trabalhosa pois precisava desviar do câmbio e fazer uma manobra, mas as luvas dos tubos da peça central não se alinhavam perfeitamente.

Algumas horas depois percebemos que, quando os tubos foram construídos o carro não tinha carpete e não considerei esta folga na luva de encaixe, que lá na loja de escapamentos entrava bem justa. O carro porém agora estava com carpetes espessos na área dos bancos e com um de menor espessura no chiqueirinho. A geometria variou e a solução então foi encurtar a área de encaixe. Nada que prejudicasse o acabamento, pois seria numa região interna, exatamente na luva, no encaixe de um tubo com o outro.

corte luva

Após algumas horas estava tudo no lugar e o carro seguia evoluindo. O trabalho de tapeçaria estava chegando ao fim! Conseguia ver tudo aquilo que imaginei tomando forma. Isso não tem preço!!

Após muitos sábados de visita, com filho e esposa juntos acompanhando o progresso do carro, era hora de levá-lo embora. Guincho “detected” para levar o brinquedo pra casa. Com calma pude reapertar os parafusos da gaiola, instalar os cintos de quatro pontos, porta luvas, além de fixar o extintor entre os bancos e o “pqp”. A cada passo dado o carro ficava mais “fora-da-lei” e assim se deu a conclusão (por hora) do interior do Marley65.

Fotos em alta resolução e com maior qualidade e detalhamento serão postadas na última parte do PC. Um ensaio fotográfico será feito muito em breve com o time Last Shifters (www.facebook.com/lastshifters)

 

Bonus track

Este post em teoria acabaria por aqui, deixando o exterior para a próxima fase do PC, mas algumas coisas acabaram acontecendo simultaneamente e achei válido compartilhar neste final de capítulo de Interior do PC#296.

Era tempo também para por em prática o conjunto de rodas e pneus que havia idealizado. Segue um aperitivo do novo conjunto de pneus e do que aprontamos em uma singela roda de aço de Gol G5. Acabei utilizando a furação 4X100 no fusca por conta do novo conjunto de freio a disco para as 4 rodas, abandonando a furação 5X205 original, bem como os tambores do freio originais. Me aprofundarei sobre estes itens no próximo capítulo.

-Taludas

previa roda

-Estepe novo: Tala e acabamento exclusivo, além de uma cinta de couro para amarração. Porta malas ficando chique!

cinta e estepe

Parece até fácil, mas toda etapa de conclusão do interior demorou cerca de oito meses. Deixando claro que nunca estipulei um prazo apertado. O deadline seria a data de envio do carro para a Sportsystem. A prioridade sempre foi o trabalho mais esmero possível.

Nesse tempo fiz novos amigos, pessoas simples mas profissionais de primeira! Enfim, estou super satisfeito! Detalhes ainda faltam mas o resultado já agrada muito!

Em breve contarei o que foi (e está sendo) feito no exterior.

Um grande abraço e até o próximo post!

Por Danilo Rodrigues, Project Cars #296

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