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Car Culture

Os pais do Veyron – os conceitos esquecidos da Bugatti que nunca se tornaram realidade

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A Bugatti que conhecemos hoje, fabricante do Veyron, tem o mesmo nome, o mesmo logotipo e a mesma filosofia da empresa fundada por Ettore Bugatti e seus filhos em 1909, mas ela não é exatamente a mesma marca. A Bugatti original morreu em 1963 e passou 23 anos esquecida antes de ser trazida de volta à vida, em 1987.

Desde então, apenas dois modelos da marca foram lançados — o EB110 e o Veyron 16.4 —, mas eles não foram os únicos carros desenvolvidos nesses quase 30 anos da segunda vinda da Bugatti.

 

 

Bugatti Automobili SpA.

O responsável pelo revival da Bugatti foi o empresário italiano Romano Artioli. Ele comprou a marca em 1987 e dois anos mais tarde apresentou seus planos para a empresa, que incluíam o lançamento de um supercarro esportivo e um modelo ultra-luxuoso, como o antigo Royale.

Em 1991 foi lançado o primeiro Bugatti desde a falência da marca em 1963: o esportivo EB110 GT, que já na época era equipado com um V12 quadriturbo de 561 cv a 8.000 rpm e tração integral. De acordo com os números divulgados pela fábrica, ele era capaz de chegar aos 100 km/h em 4,2 segundos e passava dos 340 km/h. O EB110 também ganhou uma versão SuperSport, com 611 cv a 8.250 rpm (lembre-se: era um carro turbo!) que o levava a 350 km/h e baixou o tempo de aceleração para 3,2 segundos. Apesar de ter apenas 139 unidades produzidas, ele é um carro até bem conhecido pelos gearheads mais fanáticos, diferentemente de seu irmão conceitual, o EB112.

 

EB112

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O EB112 era o modelo de luxo planejado por Artioli ao comprar a marca. Ele seria um sedã de quatro lugares com linhas traçadas pela Italdesign, inspiradas no clássico Type 57 Atlantic, da década de 1930. O motor seria um V12 de três litros e 460 cv que o levaria aos 300 km/h.

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O carro chegou a ser apresentado no Salão de Genebra de 1993, mas antes do seu lançamento uma forte crise econômica abalou a Europa e os EUA, e acabou levando a Bugatti Automobili SpA à falência em 1995. Há apenas um exemplar o EB112, que foi flagrado recentemente circulando em Mônaco (e onde mais?). Apesar do estilo datado, ele ainda tem uma certa elegância e um ronco bastante imponente. Veja só:

 

A era Volkswagen

Após a falência da Bugatti Automobili SpA., o presidente da Volkswagen, Ferdinand Piëch, comprou os direitos de construir carros com a marca Bugatti em junho de 1998. Dessa vez com um planejamento mais abrangente, o Grupo Volkswagen comprou o 1856 Château Saint Jean, que havia sido de Ettore Bugatti, e o transformou na sede da marca. Os primeiros projetos começaram a sair do papel no primeiro ano. Nada como uma megacorporação para fazer as coisas andarem rápido.

Nesta primeira fase da Bugatti sob o controle da Volkswagen — agora batizada como Bugatti Automobiles S.A.S. —, foram desenvolvidos cinco conceitos:

 

EB118

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Era um cupê esportivo de dois lugares, encomendado pelo Grupo VW à ItalDesign e apresentado no Salão de Paris de 1998. Ele tinha as formas gerais muito parecidas com as do EB112 — como por exemplo a barbatana que atravessa o carro longitudinalmente como no Atlantic —, mas já trazia a identidade visual que seria consagrada no Veyron, o sistema de tração integral e as linhas limpas e sóbrias da cabine.

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O que mais impressiona no conceito, contudo, é o motor W18 de 6,3 litros e 563 cv. Resumidamente, ele era composto por três blocos L6 separados por 60 graus e  unidos pelo mesmo virabrequim — um layout que daria origem aos motores W8, W12 e W16 do grupo.

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EB218

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No ano seguinte, 1999, a Volkswagen levou ao Salão de Genebra a versão sedã do EB118. O projeto nasceu com uma proposta de atualização do EB112 de 1993 encomendada pela Volkswagen à ItalDesign, por isso ele mantém as formas gerais do antigo conceito de 1993, porém com a dianteira nova, que serviu de inspiração para o visual final do Veyron.  O motor era o mesmo W18 desenvolvido para o EB118, o primeiro com o layout em “W” do Grupo.

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18/3 Chiron

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Foi o último dos conceitos Bugatti encomendados à ItalDesign e o embrião que se tornaria o Bugatti Veyron 16.4. Batizado em homenagem ao piloto Louis Chiron, ele foi pensado para ser um sucessor para o EB110 e um esportivo de ponta como eram os antigos modelos fabricados por Ettore Bugatti e seus filhos. O estilo grã-turismo deu lugar ao layout característico dos supercarros, com dois lugares na cabine e motor na posição central traseira.

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O powertrain ainda era o W18 com um sistema de tração integral — desta vez emprestado da Lamborghini, que acabara de ser comprada pela Audi e cedeu a base do Diablo VT para o projeto — mas foi abandonado devido à sua complexidade mecânica-funcional e por problemas com a transmissão.

 

18/4 Veyron e 16/4 Veyron

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Preste atenção aos detalhes: ele ainda não é o Veyron que conhecemos em 2004, mas já tinha praticamente todos os elementos estéticos do carro de produção.

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Foi o primeiro conceito da Bugatti desenvolvido pelo próprio Grupo Volkswagen com base no 18/3 Chiron de Fabrizio Giugiaro, e também homenageia um piloto ligado à marca — nesse caso, Pierre Veyron, piloto de testes na época de Etore Bugatti.

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O motor W18 continuou com seus 563 cv, e levava o carro a 300 km/h depois de acelerar do zero aos 100 km/h em 5,2 segundos. Seria preciso algo bem mais forte para superar o desempenho do EB110, e por isso em 2001, a Volkswagen apresentou o conceito 16/4 Veyron (veja a placa dos carros das fotos), com um novo motor W16, bem menos complexo e mais confiável que o monstro de 18 cilindros, e alimentado por quatro turbos que ajudariam a produzir 1001 cv e o levariam além dos 400 km/h.

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O que aconteceu depois é história. Ou melhor, um presente que todos conhecemos muito bem.