FlatOut!
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Project Cars Project Cars #215

Project Cars #215: a recuperação do meu Subaru Impreza está concluída!

No último post, defini o tipo de projeto que adotaria para o Mendigo, fiz algumas coisas que muitos de vocês não aprovaram e me mudei para Cuiabá/MT, com esperança de um futuro promissor para o Mendigo, mas logo de cara meu carro chegou sem o abafador e ainda quase caí num barranco enquanto brincava na lama com o carro. Em contrapartida, algumas das falhas que ele apresentava em alta rotação foram solucionadas quando troquei os bicos, e ainda troquei a embreagem que já estava no final de sua vida. Mas ainda era cedo para saber se o futuro seria promissor como eu planejava, ou não…

Semanas depois de ter trocado a embreagem, desobri que também preciso trocar as pastilhas de freio, serviço feito na Regescap, recomendação de um ex-membro do Clube Subaru que mora em Cuiabá. Pelo nível da oficina, fiquei ainda mais animado com a cidade, logo de cara encontrei por lá um Maserati Granturismo e um Jaguar XK (este estava “escondido” nos fundos), além de um WRX 2010. O atendimento foi excelente, mesmo meu carro sendo de longe o mais simples que estava na oficina naquele dia.

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Depois de algum tempo negociando o ressarcimento do meu abafador com a transportadora, conseguimos entrar num acordo e terminei pegando um abafador Luzian para substituir o antigo. Aproveitando que estavam mexendo no meu escapamento, aproveitei e mandei retirar o abafador central, já estava enferrujando e com pequenos furos. O ronco do “flat-4” ficou um pouco mais alto, mas ainda soava como música para os ouvidos, apesar de não ter o ronco borbulhante característico dos Subaru com coletores “Unequal”.

 

Trabalho, trabalho e mais trabalho!

Mas a minha folga não durou muito. Menos de dois meses depois que cheguei em Cuiabá, arranjei um trabalho no shopping, em uma loja de informática, o salário não era alto, mas era melhor que ficar ocioso em casa e já podia bancar minha gasolina e a manutenção básica do carro (Troca de óleo e filtro a cada 3.000 km ou seis meses, alinhamento e balanceamento) e também poderia mexer nele pela manhã, já que meu expediente era final da tarde e a noite. Três semanas trabalhando no shopping, recebo outra proposta de emprego, uma oportunidade de ouro para voltar para a área de comunicação, sendo que desta vez, redator publicitário e social media. Aceitei sem pensar duas vezes, além do salário ser maior, é claro! Eu já comecei a pensar nas peças novas e upgrades pro mendigo, mas o que eu não sabia, é que pelos próximos meses, a única coisa que eu iria conseguir fazer, era basicamente a manutenção básica.

Meu dia a dia ficou muito corrido, quem trabalha com comunicação sabe o que é isso e, diferente de quando eu morava em Belém e ia a pé para o trabalho, desta vez eu teria que colocar o Impreza para rodar todos os dias, fizesse chuva ou fizesse sol. Fui na contramão da lógica e meu “Project Car” virou meu “daily car”. Mas o Mendigo não ia me deixar esquecer que ele tinha 19 anos e que levava uma vida difícil até pouco tempo atrás. Alguns meses depois, um dos ventiladores do motor entrou em curto e queimou o fusível da injeção. Pela primeira vez desde que tirei ele da marginalidade, ele andou de guincho.

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Problema resolvido e o mendigo voltou ao batente, mas por precaução, aproveitei um final de semana e chamei meu amigo Biaggi, que eu havia conhecido no clube Subaru haviam alguns meses (apesar de ele nunca ter tido um Subaru, é mais fã da marca que eu) e demos uma checada básica na parte elétrica, onde encontramos um bocado de gambiarra e o conector da bomba de combustível parcialmente derretido. Aproveitamos para trocar isso também. Problema resolvido e vivemos felizes para sempre? Não, lógico que não, vocês já devem ter percebido que nada na vida do mendigo é fácil, e a essa altura, já devia ter aprendido também. Mas não aprendi.

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Suspensão nova de novo e conserto no setor de direção

Desta vez quem começou a dar sinal de cansaço, foi a suspensão “home made” que havíamos instalado no carro em 2012. Cuiabá era uma das cidades escolhidas para sediar os jogos da copa e ela estava bastante castigada por causa das obras intermináveis. O tempo passou e meus dias começaram a ficar bastante desconfortáveis.  Passar em lombada ou buraco virou um pesadelo, não importava a velocidade que eu estivesse, a traseira ficava pulando. Pronto, cheguei no meu limite, era hora de comprar amortecedores novos.

Um membro estava com uma suspensão traseira de WRX 2001 que havia tirado do Impreza GC dele e para minha sorte, ele queria desocupar espaço e me vendeu por um preço muito bom. Ainda por cima, os amortecedores vieram com molas originais de Impreza GC e os coxins dos amortecedores. Depois de semanas, os correios entregaram os amortecedores, mas eu continuava sem tempo de parar o carro… até que surgiu um vazamento na linha de freio, era o mendigo parando por conta própria. Aproveitei o conserto do freio e pedi para instalarem os amortecedores novos, mas com as molas (cortadas) antigas. É, o pessoal da oficina não prestou muita atenção nessa última parte e instalaram os amortecedores com as molas que já estavam nele. A princípio fiquei bastante chateado, o carro ficou com a traseira muito alta, mas não demorou para que me rendesse ao conforto que o carro passou a ter, além de continuar bastante firme nas curvas.

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Parecia que finalmente eu havia encontrado a paz de espírito que tanto almejava, até que a suspensão dianteira começou a bater, mas desta vez não estava incomodando que nem a traseira estava meses atrás. Antes que a coisa chegasse nesse nível, comprei os amortecedores preparados com o mesmo membro que me vendeu a suspensão traseira, mas desta vez era tudo de Impreza GC mesmo e também vieram com molas e coxins originais. Aproveitei um final de semana sem nada para fazer e troquei eu mesmo na garagem de casa.

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Por alguns meses, eu tive minha tranquilidade, até que caí num buraco e a direção começou a trepidar bastante e fazer barulho de metal arrastando em todas as curvas. Mas ainda assim consegui chegar em casa dirigindo. Era de noite, levantei o carro e não vi nada. Comecei a pensar que o setor de direção finalmente tinha pedido aposentadoria. No dia seguinte, logo cedo  deixei o carro na oficina especializada em Direção Hidráulica. De tarde me ligaram e falaram que todo aquele barulho e trepidação, foi culpa do pivô esquerdo, que tinha perdido a porca. A propósito, o direito também estava ruim. Aproveitei e encomendei logo os dois pivôs dianteiros e já que o carro estava na oficina, mandei fazer o serviço no setor de direção. A mim coube encontrar uma nova trizeta da barra de direção. A que estava lá estava muito desgastada e quando vi, cheguei a conclusão de que apenas um milagre impedia que ela quebrasse de vez. Depois de uma semana na oficina, retiro o mendigo com um dos problemas que mais me incomodava solucionado. A folga monstruosa na caixa de direção enfim havia chegado ao fim.

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Mendigo dando entrada na oficina e o estado em que estavam os pivôs e a trizeta da direção

 

Sh*t happens!

A essa altura, o visual “Mendigo” já estava começando a me cansar. O sol de Cuiabá havia castigado ainda mais a pintura e olhar para ele, todos os dias, daquele jeito, já estava me causando um misto de pena e desânimo. Decidi que o próximo upgrade seria devolver o brilho ao Impreza! Mas novamente, o inesperado aconteceu. Exatamente uma semana depois, antes de ir trabalhar, levei o Mendigo para trocar óleo no posto perto de casa e depois segui para a agência. Na hora do almoço, fui para casa, como de costume, o trajeto é diferente, no caminho de volta havia uma reta enorme, onde todos os dias eu aproveitava para acelerar, mas nesse dia, até hoje não sei explicar porque, eu não pisei como de costume, fiquei por volta de 60-70km/h enquanto curtia o álbum Division Bell do Pink Floyd, até que passei por uma leve ondulação e o capô abriu sozinho!

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Esta é uma cena que dificilmente vou esquecer. O capo vindo em minha direção, seguido do barulho de metal amassando e do para-brisas se quebrando. Também não sei explicar como na hora ainda lembrei de olhar pelos retrovisores laterais (o do teto caiu com o impacto) para ver se não vinha carro atrás e se dava para frear sem dar uma m**** ainda maior. Ainda sem ter caído a ficha, saí do carro e vi o capô lambendo o teto. Saquei o celular para tirar foto da cena, corri pra dentro do carro, ainda me tremendo com o susto e peguei 3 abraçadeiras plásticas (Sempre andem com abraçadeiras plásticas no carro) e prendi o capô de um jeito que não abrisse outra vez. Não estava longe de casa, então segui até lá. Fiquei quase 10 minutos olhando pro carro e foi então que percebi o que realmente tinha acontecido.

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A partir desse dia, o projeto do mendigo entrou num hiato de quatro meses, que foi o tempo necessário para encontrar alguém disposto a mandar um para-brisas para Cuiabá. Terminei não exigindo do posto um para-brisas novo, a dor de cabeça que e teria seria ainda maior e dificilmente conseguiria provar que o frentista não fechou direito o capô. Eu já estava entrando em desespero, até que o Bruno Alberti do Clube Subaru me passou uma dica de loja em Foz do Iguaçu, que poderia resolver meu problema. Pouco mais de um mês depois o para-brisas chegava em Cuiabá.

Na hora de colocar o novo para-brisas, descobrimos que o teto tinha afundado um pouco. Solução encontrada pelo Biaggi para o problema.

Enquanto o para-brisas estava quebrado, decidi desmontar o interior todo e lavar novamente carpete e bancos, já que tinham ficado cheios de vidro.

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Últimos momentos da vida Mendiga

Hora de fazer a funilaria, correto? Errado! No início de 2014, após a morte da minha mãe em outubro de 2013, meu pai se mudou para Recife e eu decidi fazer minhas malas e ir também. Era final de junho e já estava definido que me mudaria em agosto, então não queria correr o risco de deixar o carro para fazer a funilaria e não ficar pronto a tempo. Então decidi curtir os últimos meses do “Mendigo Style”, andar com interior depenado, brincar na terra e tudo que tinha direito.

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Mas com a viagem se aproximando, era hora de voltar e montar o interior, mas não sem antes lavar e aproveitar que ainda morava em casa, para colocar manta asfáltica e feltro betumado por baixo do carpete. E falando em carpete, tive que mandar fazer outro para o porta-malas. O original já estava praticamente podre e não adiantava lavar.

 

Próximo destino: Recife!

Enfim chegou o dia de partir para a nova cidade, mais uma vez em menos de dois anos, indo em direção ao desconhecido. O Mendigo foi dentro do caminhão junto com a mudança, dessa vez, eu carreguei o carro, sem chance de aparecer sem escapamento ou ferramentas. Em Recife, meu objetivo era um só: Pegar o meu carro e colocar na oficina de funilaria e pintura. Meu pai já tinha até buscado um capô que consegui pelo Mercado Livre no interior do estado.

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Mas novamente, não foi isso que aconteceu. Uma bela manhã, fui ligar o carro para fazer o orçamento e o Impreza simplesmente não ligava e ficava fazendo barulho de relê armando e desarmando. Problema elétrico em carro velho e importado, era tudo o que eu NÃO precisava em uma cidade desconhecida. Mas um conhecido do meu pai recomendou um auto elétrico aqui perto de casa e que já tinha consertado outro Impreza tempos atrás. Receoso deixei o carro lá.

Uma semana depois ele me diz que foi o relê da injeção que tinha estragado. Pelo Clube Subaru arranjei um novo e pedi via Sedex. Quando foi ver, não era apenas o relê da injeção, a MAF também. Mais uma vez apelei ao Clube Subaru e consegui uma MAF para o meu carro. E adivinhem! O carro não funcionou novamente. Depois de um mês de enrolação, decidi tirar o carro da oficina e quando chego lá, o cara estava mexendo e finalmente descobriu. A minha Central queimou! E mais um prejuízo levei, mas comprei outra central com o membro que me vendeu a MAF. Finalmente o Mendigo acordava de seu sono profundo

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Chegou a tão esperada hora!

Agora sim, agora era hora de finalmente deixar para fazer a funilaria e a pintura, mas eu não sabia que seria um dos momentos de maior dor de cabeça que já tive. O que era para ter ficado pronto em um mês, se arrastou para 3 meses e mesmo assim, Só ficou pronto em 3 meses porque fiquei no pé. Se dependesse da oficina, iria para 6 meses, talvez mais.

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Enquanto preparavam o carro, consegui uma grade dos Impreza 95-96, muito mais harmoniosa que a dos 94 e além do Capô e para-choque, que já tinha arranjado antes, também precisei comprar um novo para-lamas esquerdo, o meu estava com muita massa. Por sorte, estavam desmontando outro Impreza aqui perto de casa, que serviu de doador para o Mendigo. Indo na contramão da moda, também não quis partir para um kit de Impreza GT, preferi manter o visual original dos GL, por um simples motivo. Meu carro não é turbo, não tem nem 120cv, para que eu vou querer que ele pareça com a versão esportiva? Para mim não faz muito sentido.

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Enquanto o carro estava na enrolação da fase final de funilaria e pintura, comecei a caçar rodas para ele, já estava na hora de aposentar as 14” de ferro, mas a verba já estava ficando baixa outra vez e a furação 5×100 não estava me ajudando muito. A maioria, ou eram rodas exageradas, tipo 18” e 20”, ou eram rodas de Fox ou Polo. Também não queria trazer rodas de outro estado. Quando, com o carro quase pronto, encontro o anuncio de rodas 15”de Passat VR6. Este anuncio me chamou a atenção por causa do preço, era um jogo com as 5 rodas e, para quem não sabe, essas rodas são BBS de verdade. No dia seguinte fui e comprei as rodas. Para dar uma descaracterizada, resolvi deixar o centro grafite e a borda na cor original.

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E o Projeto nunca tem fim!

Apesar da demora exagerada, a fase de pintura e funilaria não me trouxe surpresas desagradáveis, as únicas observações ficam por conta do para-lamas que citei ali em cima e da soleira do lado esquerdo, estava podre e precisou ser toda refeita. A fase mendigo do Impreza que foi um verdadeiro sobrevivente finalmente chegou ao fim, o Mendigo foi finalmente reintegrado a sociedade, mas agora pergunto: Vocês acham que o projeto chegou ao fim?

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A resposta é simples. De jeito nenhum! Isso nunca termina, a tendência é continuar evoluindo. Um exemplo disso, foi a chegada do Volante MOMO, meses depois da pintura ficar concluída. E na lista do que vem por aí, mas que ficou de fora dos posts, já temos: Freios dianteiros de Impreza GT, novas bandejas e buchas para a suspensão, bomba de óleo de EJ205, novo sistema de arrefecimento, coletor unequal…

Acreditem, a lista sempre terá um próximo item! Quem sabe um dia eu volte no Project Cars e mostre os novos rumos do Mendigo?! Mas por enquanto é isso e eu quero agradecer aos meus amigos que me apoiaram em todos os momentos com o Impreza, ao Flatout pela oportunidade de mostrar a reintegração do Mendigo à sociedade e a todos vocês que acompanharam o Project Cars 215, comentaram, opinaram etc. Nos vemos por aí!

Por Lucas Menotti, Project Cars #215

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Uma mensagem do FlatOut!
Lucas, que belo projeto de reintegração social, hein? Um pobre Subaru condenado a viver o resto de seus dias em um terreno lodoso e úmido voltou à toda a sua glória boxeadora graças aos esforços de um gearhead obstinado. Como disseram alguns leitores no post anterior, esse é o tipo de projeto que deu gosto acompanhar, feito com esforço e dedicação. Parabéns!