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Mercado e Indústria

Quais foram os carros que mais cresceram e os que mais diminuíram em vendas no Brasil em 2015

O ano de 2015 não apenas uma desgraça total em termos de vendas. Pelo menos não para todo mundo. Houve modelos que tiveram crescimento assombroso, enquanto outros acompanharam a maré brava da economia e chegaram perto do volume morto. É isso que mostra um levantamento realizado pelo FlatOut com base nos dados de vendas acumuladas fornecidos pela Fenabrave.

Para o levantamento, consideramos apenas as vendas realizadas no varejo. Se fossem contadas também as diretas, poderia haver distorção na demanda verdadeira do atual mercado. Em suma, de quem realmente está nas intenções de compra dos brasileiros e de quem só está fazendo figuração.

De todo modo, o cenário ainda inspira cuidados. Só 11 modelos apresentaram algum tipo de crescimento, excluindo os lançamentos, como Honda HR-V e Jeep Renegade, que não existiam em 2014 e, portanto, não permitem margem de comparação.

 

Quem mais ganhou:

 

1º – Ford Ka (739,32%)

Novo-Ford-Ka-2015 (4)

A nova geração do modelo de entrada da Ford foi um golaço (sem duplo sentido). Em relação ao modelo anterior, de mesmo nome, as vendas cresceram em inimagináveis 791,32%, ou mais exatamente de 3.305 unidades de janeiro a junho de 2014 em relação às 29.458 do modelo no mesmo período em 2015. Vale dizer que o Ka+, versão sedã do modelo, não entrou na conta. E que ela teve mais 11.191 unidades vendidas.

 

Por que tanto sucesso?

Pode-se dizer que o Ford Ka colocou a marca no jogo pelos modelos mais vendidos. Ele é o sexto modelo mais vendido em 2015. Antes de sua chegada, e considerando o mesmo período, o nome Ka havia ficado em 60º lugar. Quem ainda tentava defender posição era o antigo Fiesta Rocam, 5º colocado em 2014 a troco de descontos expressivos e mais conteúdo de série.

 

2º – Toyota Hilux (407,37%)

Toyota-Hilux

A picape da Toyota, mesmo prestes a ter sua oitava geração produzida na Argentina, teve um crescimento nada desprezível de 407,37% em vendas. Foram 14.105 unidades em 2015, contra 2.780 picapes em 2014.

 

Por que tanto sucesso?

Tanto a Hilux quanto os próximos três modelos da lista mostram que os modelos preferidos onde o dinheiro está são naturalmente os mais vendidos. E o dinheiro hoje, no Brasil, está no agronegócio. Picapes são os modelos preferidos em grandes centros produtores, pela vocação para o trabalho. Entendeu agora porque Renault e Fiat criaram suas picapes médio-compactas, a Oroch e a Toro, respectivamente?

 

3º – Mitsubishi L200 Triton (385,88%)

Mitsubishi L200 Triton 2014

Outra que também já ganhou cara nova no exterior, a L200 Triton passou de 1.289 unidades em 2014 para 6.263 em 2015, o salto de 385,88% que a colocou em terceiro lugar em nossa lista.

 

Por que tanto sucesso?

É o mesmo caso da Hilux: crescimento do agronegócio. Que também é a razão do sucesso do quarto colocado.

 

4º – Ford Ranger (128,24%)

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A picape da Ford tinha vendido, até junho do ano passado, 2.865 unidades ao longo de 2014. Em 2015, também até o final do mês passado, foram vendidas 6.539 unidades, um crescimento de 128,24%. Mesmo com a previsão de um facelift ainda este ano.

 

Por que tanto sucesso?

Você já sabe…

 

5º – VW up! (28,89%)

VW-Up-TSI-1

A partir do compacto da Volkswagen, os crescimento começam a ficar mais minguados. Em vez das 18.140 unidades vendidas de janeiro a junho de 2014, o up!, no mesmo período deste ano, exibiu 23.380 de resultado. Crescimento de 28,89%.

 

Por que tanto sucesso?

Na verdade, a expectativa para o up! era muito mais agressiva. Ele deveria ser um novo Gol, outro campeão de vendas da Volkswagen, mas não está entre os dez mais vendidos do país. É o 11º, vá lá, mas é muito menos do que se imaginava que ele poderia fazer. É o preço o seu maior vilão. Se custasse menos, ou se viesse mais bem recheado pelo que cobra, ele teria tido crescimento muito superior, especialmente por ser um dos carros mais seguros do Brasil.

Os outros carros que apresentaram crescimento no país em 2015 são Nissan March (18,23%), Toyota Corolla (14,86%), Hyundai ix35 (11,13%), Honda Fit (6,39%), Toyota Etios (2,6%) e Honda City (0,16%). Só eles. E os Honda têm a quem culpar: HR-V, com quem dividem plataforma e fábrica, e que já vendeu 17.035 unidades. Isso porque a Honda não consegue fabricar mais, tirando espaço de Fit e City para ver se consegue atender quem procura seu SUV compacto.

 

Quem preferia que 2015 não existisse:

 

1º – Fiat Doblò (-77,1%)

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As vendas do furgão da Fiat caíram de 1.515 no acumulado de janeiro a junho de 2014 para 347 no acumulado deste ano. É como se o modelo tivesse vendido apenas 22,9% do que vendeu em 2014. Ou, para manter o método de avaliação, que ele tivesse vendido 77,1% menos neste ano.

 

As razões da lama

O Doblò é um modelo ultrapassado, que já sofreu diversas renovações na Europa e que, por aqui, se mantém mais ou menos o mesmo desde 2010, com a reestilização que a primeira geração sofreu em 2005. E a segunda geração, lançada em 2008 na Europa, já teve até facelift. Por mais espaçoso que seja, mesmo sem concorrentes, ele já envelheceu demais.

 

2º – Nissan Frontier (-61,42)

Nissan-Frontier

Mas não existe demanda do agronegócio por picapes? Elas não deveriam estar vendendo feito água? Pois é. No caso da Nissan Frontier, a demanda não valeu. Em vez de vender as 3.510 unidades que conseguiu emplacar de janeiro a junho de 2014, a Frontier ficou em 1.354 neste ano. Um retrocesso de 61,42%.

 

As razões da lama

Provavelmente porque a marca tem uma distribuição menor que Mitsubishi, Toyota e Ford nos pontos de maior demanda por este tipo de produto. Mas também pode ser porque ela simplesmente não caiu no gosto dos fazendeiros, como é o caso da VW Amarok (que vendeu 49,41% menos este ano).

 

3º – Ford New Fiesta (-59,28%)

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Aqui existe uma distorção importante. O New Fiesta e o Fiesta tinham vendas separadas em 2014. O Fiesta vendeu 50.558 unidades, com suas unidades 1.0 com ar, vidro e direção a preço baixo, e o New Fiesta emplacou 6.010 unidades. Somando ambas, chegamos a 56.568 unidades de janeiro a junho de 2014. Isso daria uma retração de 59,28% nas vendas deste ano, que foram de 23.055 unidades. Mas e se elas forem comparadas às 6.010 unidades do New Fiesta? O carro teria tido um crescimento de 283,28%. Mas e as vendas do Fiesta Rocam? Entrariam em que conta, nas do Ka? Se entrassem, o Ka é que teria tido retração (de 45,31%). Mas seria justo? Como não é, a conta ficou para o New Fiesta, mesmo. Quem mandou ter o mesmo nome?

 

As razões da lama

Como dissemos, comparadas às vendas do mesmo modelo, em 2014, o New Fiesta até que se saiu bem, diante do cenário de crise que vivemos. Mas ele tinha de carregar a cruz das boas vendas do Fiesta Rocam em seu final de vida. E, ainda que tivesse tido crescimento, sua produção em São Bernardo do Campo caiu demais, o que não seria um sucesso verdadeiro.

 

4º – Fiat Strada (-56,55%)

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Ela até pode continuar em alta nas vendas diretas, mas o consumidor comum já não olha mais para a Strada com os mesmos olhos. Em vez de vender 50.370 unidades, como em 2014, ela só viu saírem das concessionárias 21.886 picapes. Uma queda de 56,55%

 

As razões da lama

Talvez seja a proximidade de um modelo inteiramente novo ou simplesmente o cansaço do consumidor com mais do mesmo, mas a Strada já não é mais aquela. É, ao lado da Weekend, praticamente a mesma desde os anos 1990. E o consumidor quer novidade.

 

5º – Fiat Idea (-55,81%)

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Ela já não vendeu grande coisa em 2014. De janeiro a junho do ano passado, foram só 7.155 unidades. Este ano, 3.162, ou 55,81% a menos minivans da Fiat nas ruas.

 

As razões da lama

Na Itália, ela morreu em 2012 e não recebeu sucessora, coisa de que o Doblò não pode se queixar. Mas isso mostra bem o momento que vivem as minivans. No lugar delas, e das peruas, as pessoas andam preferindo SUVs. E a Fiat ainda não tem nenhum EcoSport/Duster/Renegade para chamar de seu.