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Sessão da manhã

Turbo, 300cv e tração integral: no duelo entre Golf R e Subaru WRX STI quem leva a melhor?

Há alguns meses postamos aqui um comparativo entre o Subaru Impreza WRX da geração passada, o atual WRX STI e o Lancer Evolution X, que já estava com os dias contados. O resultado foi um equilíbrio entre os três carros — afinal, Evo e STI brigam desde meados dos anos 90. Agora, você já imaginou que um dia o VW Golf pudesse entrar nesta brincadeira? Foi exatamente o que aconteceu agora: os caras do Everyday Driver estão de volta, e desta vez colocaram um Golf R e um WRX STI na estrada para descobrir qual deles é o melhor.

Com o Evo fora de combate muito em breve, parecia que o STI acabaria sozinho no segmento dos esportivos turbinados com tração integral e preço (relativamente) acessível. Não que isso fosse ruim, pelo contrário: o boxer turbo de 2,5 litros e 310 cv combinado ao sistema de tração integral com vetorização de torque fazem dele uma bela escolha para quem quer desempenho e praticidade — afinal, por baixo do scoop do intercooler, da enorme asa traseira e da cara de mau está um sedã de quatro portas relativamente espaçoso.

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Do outro lado, temos o mais recente Golf R, um carro que, até a geração passada, parecia mais à vontade para competir com caras do calibre do Subaru WRX (sem STI, dotado de um flat-4 de dois litros e 270 cv) e o Mitsubishi Lancer Sportback Ralliart (versão hatch do Lancer equipada com um quatro-cilindros com turbo, intercooler e 240 cv).

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Mas agora ele cresceu, ganhou mais potência (seu 2.0 turbo produz 300 cv) e quer brigar com os cachorros maiores. Na verdade, Todd Deeken (o cara de cabelo comprido) e Paul Schmucker usam várias analogias com cachorros para nos dar uma ideia de como se comparam o WRX STI e o Golf R enquanto dirigem pelas sinuosas estradas californianas.

Os dois apresentadores são só elogios para o Golf R em termos de design e acabamento. Não surpreende — a VW vem sendo reconhecida pelo alto padrão de construção de seus carros, com materiais de qualidade e montagem impecável, e já era assim com o modelo anterior e o que veio antes dele. A verdade é que todo Golf é uma lenta evolução de seu antecessor: as linhas são novas, mas remetem à geração passada (o que, nesse caso, não é um defeito); o interior continua agradável, caprichado e dotado de ergonomia exemplar, os bancos são muito confortáveis e oferecem boa amplitude de ajustes e, definitivamente, trata-se de um belo lugar para se passar algumas horas atrás do volante.

O STI traz todos os elementos encontrados no Golf R (na verdade, no STI os bancos são ainda melhores), mas a qualidade dos materiais e o cuidado na construção ainda ficam aquém. Por outro lado, em termos de design, os apresentadores concordam que o STI é mais honesto — ele tem para-lamas largos, uma asa traseira absurda (no sentido mais elogioso possível), entradas de ar, cara de mau, tudo para deixar bem claro que ele é um esportivo com o desempenho que tem.

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Sua personalidade também transparece na hora de acelerar: o boxer de 2,5 litros produz 310 cv a 6.000 rpm e 40 mkgf a 4.000 rpm, e responde imediatamente a cada toque no acelerador. A transmissão manual de seis marchas é ágil e precisa e o sistema de tração integral (que permite controlar o diferencial central manualmente) é uma bela maneira de explorar todo o potencial do WRX STI, dando confiança para que se ataque as curvas cada vez mais rápido sem medo de perder o controle. Na verdade, o sistema de vetorização de torque faz um belo trabalho distribuindo a força individualmente para as quatro rodas e mantendo o carro estável em qualquer situação.

Em todos os aspectos, o Golf R parece uma versão mais madura do STI. Seu visual também é agressivo e a cara de mau está lá, mas ele é mais discreto e não há uma asa gigantesca na traseira. O interior, no geral, é definitivamente melhor e faz você se sentir dentro do “menor grand tourer do mundo”, como eles mesmos dizem. A impressão é acentuada pelo fato de o Golf ser equipado com a transmissão DSG, com dupla embreagem e sete marchas, e pelo mapeamento do acelerador, bastante preciso.

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Um comentário constante, vindo dos dois apresentadores, é o fato de a Volkswagen ter colocado um desempenho assombroso no Golf R mas, na hora de calibrar o carro, os alemães decidiram deixar este desempenho escondido. Os 38,7 mkgf de torque vêm logo a 1.800 rpm, mas os 300 cv são produzidos com 5.400 rpm. É preciso pisar fundo, levar os giros do motor para a casa das 5.000 rpm para perceber como este carro é rápido.

O STI foi comparado ao cachorro do seu vizinho. Você chega em casa e ele aparece correndo, balançando o rabo, pula em você e te joga no chão. Você ri e pensa “cara, eu deveria arranjar um cachorro!”. Agora, se o Golf fosse o seu cachorro e você quisesse dar uma volta, provavelmente teria que acordá-lo e esperá-lo ficar animado para sair. Em compensação, ele é ótima companhia.

Dá para entender tudo isto facilmente quando o veredicto final é dado. O STI é um carro honesto que faz exatamente o que se propõe a fazer — é barulhento, chamativo e rápido o tempo todo. No Golf, por outro lado, você precisa colocar todos os ajustes no modo mais agressivo, desligar o controle de estabilidade e forçar o motor até o limite — antes disso, porém, dificilmente o STI o supera em termos de praticidade e usabilidade no dia-a-dia. O páreo é realmente duro. Com qual dos dois você ficaria?