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Project Cars Project Cars #140

Um Engesa4 para cruzar a América do Sul: conheça a história do Project Cars #140

Meu nome é Guilherme Netto, e vou apresentar um project car um pouco fora do padrão. Muitos são restaurações, swaps etc. Mesmo com rodas BBS, motor 4.0 turbo, F1 no nome e acessórios esportivos, este Project Cars trata-se de veículo de expedição.

O carro em questão é um Engesa4 F-1 1986, da primeiríssima leva, chassis 000.030. Hoje, com uma nova turbina Garret, ela tem um motor Maxion S4t+ com 156cv, 48 mkgf de torque em absurdos 1.400rpm. Sair em primeira? Só com o jipe carregado.

Mas neste primeiro post não vou entrar no futuro do carro, que irá passar no pé do Monte Aconcágua em julho de 2015. Vou começar falando do meu passado com ela (sim, ela é mulher: vaza mensalmente e vive no limite do meu cartão de crédito).

Meu caso é antigo, estamos juntos há oito anos. Nesse meio tempo a gente se afastou desse propósito de viajar longamente. Fui presidente da Associação Jipeiros da Serra, fui equipe de apoio do Jeep Club do Brasil, fizemos parte de vários clubes, trilhas e equipes. Minha Engesa chegou a rodar com pneus de 37 polegadas, teve pneus artesanais, e por muita coisa eu devo desculpas a ela.

Também tenho de agradecer muita coisa. Lidar com carros como nós fazemos tem alguns lados ingratos, é minha maior diversão, mas ao conhecer um cliente ou novo amigo em algum lugar, nunca é simples caçar assunto, a paixão por carros exige a convivência com outros apaixonados por motor, qualquer oficina mecânica é motivo de horas batendo papo. Então a Engesa me deu grandes amigos, me fez companhia em muitos finais de semana. É a melhor terapia que alguém pode ter. O que eu me divirto fazendo pequenos consertos e modificações nela, não tem preço que pague.

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Devo desculpas por ter feito tanta trilha, ter judiado tanto, ter abusado tanto, ter puxado trocentos jipes, ter atolado em troncos de árvores, ter empurrado carros abandonados que estavam no meio da trilha com o para-choque, ter dirigido com água na cintura atravessando rio, ter urinado no painel para apagar um curto causado por dirigir com água na cintura. Devo desculpas ao carro por ter quase sempre exigido o limite dela e mesmo assim ter sempre conseguido chegar em casa vivo e inteiro.

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Devo alguns agradecimentos, pelos amigos já citados, por todas as praias desertas, altos de serra, cachoeiras, acampamentos selvagens, que ela me levou até lá. Pelos cachorros que vieram nela (que entraram em rolo de peças, que vieram juntos em viagens, que moraram nela quando não tinha teto), e, sobretudo, pela minha mulher. Essa foto abaixo, onde eu perdi o sapato na trilha e estou dirigindo descalço, foi meu segundo encontro com ela.

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Então, obrigado por tudo até agora. Às vezes eu fiquei sem freio, às vezes passei umas raivas, mas no geral é muito bom tê-la na minha garagem. Agora vamos ao projeto de transformar um dos melhores jipes de trilha em um dos melhores veículos de expedição que podemos fazer.

Nos meus próximos posts vou iniciar o processo de “internacionalização” do carro. Já estou há dois anos fazendo estas modificações de mecânica, padronizando eixos pela sua disponibilidade na América Latina, acertando detalhes do carro de acordo com condições climáticas que iremos enfrentar, adequando relações e suas engrenagens, modificações no isolamento do chicote elétrico.

Como saber se um fds foi bom:

Muito mais do que se limitar ao destino, a preparação do carro para uma expedição deve contemplar a manutenção pelo caminho, até os filtros de óleo, combustível, foram atualizados pela oferta em outros países vizinhos. Não dá pra perder muito espaço de mala e mantimentos porque tenho que levar duas trocas de óleo. Nisso vem bastante dica interessante. A última foto, do carro pintado de Azul Paris do Escort XR3 é como ela já está hoje.

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No próximo post falarei sobre a mecânica, depois sobre as modificações para viver nela, e vamos encerrar com uns 15.000km de estrada. Vamos nessa?

Por Guilherme Netto, Project Cars #140

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