Os Citroën exóticos estão, felizmente, sendo redescobertos e reconhecidos pelos entusiastas que apreciam sua engenhosidade, e curtem o fato de eles serem complexos só porque podiam ser complexos. E a gente nem precisa de um carro de luxo como o DS ou o XM para ter uma demonstração desta excentricidade francesa: modelos mais acessíveis, como o Citroën BX GTi 16S, também servem. A versão hot hatch deste clássico dos anos 90 possui até mesmo suspensão Hydractive, e este exemplar com apenas 18.000 km originais está à venda no GT40. Vamos dar uma olhada?
O Citroën BX faz parte da linhagem que hoje é representada pelo DS5. Depois dele, ainda vieram o Xantia e o C5, que deixou de ser fabricado em 2017 e, ao que tudo indica, foi o último dos Citröen a empregar o sistema de suspensão hidropneumática que, em vez de molas usava esferas cheias de fluido como elemento elástico. O circuito hidropneumático permitia que o carro ficasse mais algo ou mais baixo, mais firme ou mais macio, ativamente ou sob o comando do motorista. Com isto, os carros equipados com o sistema Hydractive conseguiam enfrentar melhor diferentes tipos de piso e condições de rodagem sem comprometer, em nenhuma hipótese, o conforto dos ocupantes.
O Citroën BX foi lançado em 1982 para substituir o Citroën GS, que já era produzido desde 1970 e, de fato, merecia um descanso. A evolução visual era notável: o BX trazia linhas mais modernas e suaves, com para-choques maiores e componentes de fibra de vidro na carroceria, como capô e tampa do porta-malas. Era um carro mais aerodinâmico e mais espaçoso, e seu visual transpirava novidade.
De fato, o BX foi um dos primeiros Citroën com freios a disco nas quatro rodas, e a versão GTi 16S, lançada em maio de 1987, foi o primeiro automóvel francês produzido em série com motor quatro-cilindros de 16 válvulas (o “S” do nome é de soupapes, “válvulas” em francês). O quatro-cilindros de 1,9 litro (1.905 cm³) da família XU9 entregava 160 cv a 6.500 rpm e 18,4 mkgf de torque a 5.000 rpm. Era um motor interessantíssimo, com cabeçote baseado naquele utilizado no Peugeot 205 T16 do Grupo B de rali e bloco similar ao empregado no 205 GTi 1.9. E, considerando que estamos falando de um automóvel lançado há exatos 30 anos, de potência respeitável.
Com câmbio manual de cinco marchas, era força suficiente para que o BX GTi 16S acelerasse de zero a 100 km/h em 7,6 segundos, aos 160 km/h em 19,9 segundos e seguisse até a velocidade máxima de 218 km/h. Para ajudá-lo a parar de forma mais segura, os freios traziam ABS de série.
De acordo com o proprietário deste carro, Ian Veneziano, só foram importados 256 exemplares do Citroën BX para o Brasil entre 1992 e 1993, sendo que destes, menos de 100 eram do BX GTi 16S. O carro vermelho das fotos foi comprado por ele no ano passado e, até então, ainda estava com seu primeiro dono, que não rodou muito antes de guardar o BX na garagem por cerca de dez anos.
Ian ressalta que o carro jamais passou por qualquer tipo de retoque na pintura ou reparo no acabamento externo e interno. As rodas pintadas de cinza antracite são de fábrica, assim como os quatro pneus mais o estepe (que, segundo o dono, jamais saiu do lugar). O mesmo nível de conservação se aplica ao couro dos bancos, faróis e lanternas, ao revestimento do teto e a todos os equipamentos, como direção hidráulica, regulagem de altura do volante, toca-fitas Blaupunkt, espelhos e teto solar elétricos e persianas retráteis no vidro traseiro.
Agora, apesar de ser um carro bastante novo, isto não quer dizer que não precise de alguns cuidados – afinal, ficar parado por tanto tempo não faz bem para carro algum. Ian conta que realizou alguns serviços de manutenção, como a troca de alguns componentes como cabos, velas e bomba de combustível, mas que ainda é preciso fazer uma revisão geral, dando atenção especial às vedações do sistema Hydractive. Segundo ele a suspensão hidropneumática funciona, mas apresenta vazamentos de fluido por conta do ressecamento das borrachas. Também pode ser uma boa ideia revisar o sistema de injeção, e também trocar os pneus – embora estejam em bom estado, os cinco Pirelli P600 já estão com idade avançada demais para serem postos à prova.
Ian faz questão de deixar claro que não há urgência de vender o BX GTi e que, neste meio tempo, pretende ele mesmo cuidar da tarefa de deixar o Citroën em condições de uso novamente. Por isto mesmo está aberto a propostas, e pode entregar o carro a seu novo dono pronto para rodar – neste caso, claro, o valor poderá ser negociado.
É uma oportunidade e tanto para quem busca um Citroën “estranho” (no melhor sentido da palavra), raro e muitíssimo bem conservado.
Se você é esta pessoa e sabe onde está se metendo – afinal, este é um carro muito especial e valorizado até mesmo na Europa, onde também é difícil de encontrar – pode clicar aqui para acessar o anúncio e pegar os contatos do proprietário.
“Achados Meio Perdidos” é o quadro do FlatOut! no qual selecionamos e comentamos anúncios do GT40.com.br de carros interessantes ao público gearhead, como veículos antigos, preparados, exclusivos e excêntricos. Não se trata de publieditorial. Não nos responsabilizamos pelas informações publicadas nos anúncios nem pelas negociações decorrentes – todos os detalhes devem ser apurados atenciosamente com o anunciante!