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Project Cars Project Cars #141

Um V8 e um sonho de infância: conheça o Jeep Willys de William Filho, o Project Cars #141

Bom Galera, Meu nome é William Filho, tenho 20 anos, sou estudante de Direito na Universidade Estadual de Maringá e sou o feliz proprietário de um Jeep Willys CJ-5 1966.

É difícil especificar quando minha paixão por Jeep começou. Não sou um cara que apenas gosta muito do seu carro, sou aquele tipo que é extremamente APAIXONADO pela marca, tenho adesivos da marca espalhados pelo meu  quarto e por meus objetos pessoais,  o pôster que decorava minha parede quando pequeno não era de um supercarro, mas sim de um Grand Cherokee Limited 5.2 V8 preto com dourado.

Quanto ao meu Jeep, que receberá um V8 neste projeto, trata-se de um Willys 1966, originalmente com o motor BF-161 de seis cilindros e câmbio de três marchas. Meu carro não saiu montado com nenhum acessório extra, ou seja: é um Jeep  bem “arroz com feijão”.

Não sei exatamente o ano em que esse carro entrou em minha vida, mas lembro exatamente de quando avistei meu pai chegando com ele em casa pela primeira vez. Foi a coisa mais legal e emocionante da minha vida. Ele era totalmente original e não tinha um único parafuso fora do padrão de fábrica. Ainda calçava os pneus “militares” novos, uma manopla amarela transparente, com um “W” gravado original da época e pouco mais de 70 mil km rodados.

Lembro de ter passado o resto da tarde dentro dele. Lembro até do cheiro, um misto de poeira, óleo de motor e gasolina. Quem já andou em Jeep sabe bem do que estou falando.

Pra quem não sabe como é um Jeep Willys CJ-5 original, afinal, segue uma foto ilustrativa, retirada da internet:

FOTO 01

Como meus pais são divorciados, e moravam em cidades distintas, só conseguia ficar perto do jipão quando ia visitar meu pai, a cada 15 dias. Imaginem o misto de angustia e ansiedade que me atormentavam nesse espaço de tempo.

Minhas memórias de infância sempre remetem ao automobilismo, e estão sempre ligadas nas “voltinhas” que dava com meu pai ao volante do Jeep bege pelas estradas de terra e sítios. Lembro-me das inúmeras visitas aos ferros-velhos, quando saíamos a procura de alguma peça, quase sempre nada em especifico, movidos apenas pela paixão de procurar algo, em uma “missão” de pai e filho. Lembro, também, de que cada vez que ia visitar meu pai, saíamos para resolver alguma pendência no Jeep: escapamento solto, carburador desregulado, troca de óleo, lavagem…  Foram experiências incríveis, sempre proporcionadas pelo meu pai, a melhor coisa que um pai gearhead pode passar a seu filho gearhead.

Quanto mais eu crescia, mais me apaixonava por aquele jeep 66 bege. As discussões na escola sobre carros não tinham mais graça,  as conversas sempre terminavam em: Não é 6 cilindros, é feito de plástico, não é traçado…   Enfim, eu era o único que gostava de carro antigo, mas não qualquer carro antigo, eu gostava de Jeep! E qualquer carro que não fosse Jeep pra mim não prestava. Observando tal paixão, quando eu tinha lá meus 13 anos, meu pai, não sei se por livre e espontânea vontade ou pois sabia que seria algo inevitável, lança as seguintes palavras: “Quando você fizer 18 anos, o Willys vai ser seu!

Mal pude acreditar. Era meu maior sonho e estava prestes a se concretizar! Tudo bem que cinco anos não passam muito rápido — especialmente quando você tem 13 anos —, mas ele seria meu!

FOTO 02

Enquanto os tão sonhados 18 anos não chegavam, muita transformação ia ocorrendo com o velho Jeep, Compramos alguns jogos de rodas, começamos a alterar a mecânica completa, fizemos tapeçaria. Não vou contar detalhes pois isso será assunto dos próximos posts, mas posso adiantar que o jipão atualmente faz muita curva, freia pra caramba, tem a direção extremamente leve, acelera bem e ficou muito confiável.

FOTO 3

Mas como nem tudo são flores, em um belo final de semana, quando fui visitar meu pai, em agosto de 2011 mais ou menos, o Jeep já não mais estava na garagem. Ele tinha colocado o meu Jeep em uma negociação imobiliária. Não acreditei naquilo. Ele já havia me falado dessa possibilidade antes, mas não achei que ele fosse fazer isso, uma vez que o jeep já estava “prometido”, e o valor do carro era irrisório perto do valor do imóvel. Eu tinha descartado essa hipótese, mas o pior ocorreu. Tudo isso a apenas dois meses do meu aniversário de 18 anos! Foi simplesmente um dos piores finais de semana da minha vida. Não conseguia nem chegar perto do local onde ele ficava guardado, olhar para as manchas de óleo que ele deixou de lembrança. Era duro demais pra acreditar. O baque foi tão grande que quando completei 18 anos, simplesmente não quis tirar CNH — estava sem motivos pra apreender a dirigir.

Vendo essa triste situação, meu avô Leonardo (que infelizmente veio a falecer no começo deste ano) começou a me instigar a procurar outro Jeep pra comprar. Sempre que ele achava um Jeep à venda ou simplesmente parado, dava uma conferida e me ligava em seguida. Foram praticamente oito meses assim, vendo vários Jeep em todos os cantos da cidade, sem ao menos ter dinheiro e habilitação.

Foto 05

Até que uma bela quinta-feira fui fazer a prova prática da CNH. Chegando em casa, aprovado, liguei pra meu avô falando da novidade, sendo parabenizado e agora cobrado para comprar um Jeep. Desliguei o telefone e fui tirar um cochilo. Durante esse cochilo, sonhei que estava dirigindo meu antigo Willys. Quando acordei, obviamente triste, por saber que se tratava apenas de um sonho, comentei o fato com minha mãe, sendo que, ao perceber minha cara de desanimado, pediu pra eu ligar para o  proprietário do jeep a fim de indagar sobre a eventual possibilidade de venda. Liguei para ele e fiz uma proposta de compra. Ele iria pensar e me retornaria a ligação.

Duas horas depois o telefone tocou. Era ele. Acertamos a diferença e a forma de pagamento. O tão sonhado Jeep finalmente seria meu! Naquela noite e nas seguintes não consegui dormir direito. O Jeep voltaria a ser meu, graças  quem eu menos esperava. Obrigado, mãe!

O CJ-5 foi entregue no sábado, durante um churrasco na casa do meu pai. Ninguém escondeu a emoção quando o Jeep voltou para casa. Fomos todos dar uma olhada, logo de cara já percebemos que estava bem mais castigado. Foram oito meses de grande desgaste e sofrimento, mas nada que abalasse a emoção da situação — na verdade, só aumentou ainda mais a ligação entre homem e máquina.

FOTO 04

Ele voltou todo sujo, pintura mofada, rangendo/batendo inteiro, cambio ruim, amortecedor vazando, embreagem patinando, carburador babando…   mas finalmente ele é meu.

E foi assim que minha história com esse Jeep (re)começou. Nos próximos posts contarei sobre as mudanças feitas, sobre o futuro V8 292 SWAP, detalhes do projeto e tudo mais. Até lá!

Por William Filho, Project Cars #141

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