Em 1990, a Peugeot vencia o Rali Dakar pela quarta vez consecutiva — infelizmente, porém, aquele seria o último ano dos franceses na competição. Naquele mesmo ano, o piloto espanhol Carlos Sainz levava seu primeiro título do WRC pela Toyota. Agora, 25 anos depois, os dois vão se juntar para a volta da Peugeot ao Dakar — e o carro que Sainz vai dirigir é nada menos do que sensacional.
O Peugeot 205 T16 foi usado por Ari Vatanen em 1987 e 1988 no Paris-Dakar e em Pikes Peak depois do fim do Grupo B. Depois disso, o piloto esteve atrás do volante do Peugeot 405 T16, que seguia os mesmos princípios, mas era ainda mais potente — se a potência declarada dos monstros do Grupo B ficava abaixo dos 400 cv, o 405 tinha, oficialmente, pelo menos 600 cv. E ambos certamente tinham, na prática, bem mais.
O caso é que depois de quatro anos consecutivos de vitórias no Rali Dakar, a Peugeot deixou a competição para se concentrar no WRC, mas as vitórias (três com Ari Vatanen e uma com Juha Kankkunen) sempre tiveram um lugar especial na história da marca francesa, e o carisma dos carros de rali europeus é indiscutível. Sendo assim, foi com grande entusiasmo que a Peugeot anunciou, há cerca de três semanas, sua volta ao Rali Dakar, que há tempos não se limita apenas ao percurso entre a capital da França e a capital do Senegal (Paris-Dakar, ora essa) e, desde 2009, acontece na América do Sul.
Na verdade o anúncio não vem como uma surpresa: a Peugeot tem dado bastante atenção a sua história nos ralis, e em junho passado o Peugeot 208 T16 fez um sucesso absurdo na edição 2013 do Pikes Peak Hill Climb com Sébastien Loeb ao volante, levando para a casa o recorde absoluto de 8 min 13 s na montanha. Depois do anúncio de que Loeb e o 208 vão participar do Goodwood Festival of Speed, um retorno ao Dakar não poderia vir em melhor momento.
A equipe Peugeot Total se juntou novamente à Red Bull para dar corpo à empreitada. Carlos Sainz fará dupla com o francês Cyril Despres ao volante do Peugeot 2008 DKR, uma reinterpretação do SUV/crossover compacto baseado no hatch 208. O carro foi desenvolvido pelo Centro de Estilo da Peugeot e o departamento de design da Peugeot Sport, e competirá na categoria buggy do Rali Dakar em 2015.
Além de seu visual musculoso, que não traz lá muita semelhança com o modelo civil, o 2008 DKR (de Dakar) tem um peculiaridade em relação ao que se costuma ver hoje em dia em competições de rali: tração traseira no lugar do sistema de tração integral. Jean-Christophe Pailler, chefe de projeto da Peugeot Sport, conta que a equipe avaliou todos os aspectos dos dois tipos de tração. “Ao final, optamos por um enfoque muito diferente para a competição, em função da capacidade off-road da transmissão em duas rodas motrizes e também para rodar na areia”, diz o chefe do projeto. Graças a sua configuração, o 2008 DKR tem suspensão mais elevada com curso maior, e por isso pode usar enormes pneus de 37 polegadas.
A pintura em preto-fosco em breve deverá dar lugar às cores da Red Bull, de maneira semelhante ao que fizeram com o 208 T16 no ano passado, que exibia uma carroceria monocromática antes de ganhar as cores definitivas. Nós gostamos da ideia e das cores da Red Bull, mas seria bem legal vê-lo cruzando a Argentina, a Bolívia e o Chile todo vestido de negro.
As especificações técnicas ainda não foram comentadas e deverão ficar para os próximos dias, mas a Peugeot deve estar confiantes — Sainz e Despres já manifestaram empolgação com o novo carro, e o experiente piloto espanhol venceu a edição de 2010 do Paris-Dakar ao volante de um VW Touareg. Não há por que ele não ser capaz de repetir o desempenho com o carro francês, ainda mais se ele tiver algo perto dos 800 cv do 208 T16.
Nós vamos aguardar ansiosos por mais detalhes.