Bom dia, FlatOuters! Bem-vindos ao Zero a 300, o nosso resumo das principais notícias do Brasil e de todo o mundo, com tudo o que você precisa saber para ficar atualizado sobre o universo automotivo — assim você não precisa ficar girando por aí ou caindo em clickbaits de redes sociais. Gire a chave e acelere com a gente!
O Zero a 300 é uma matéria aberta, patrocinada pelos assinantes do FlatOut. Sua assinatura, além de garantir nossa linha independente e a produção do canal do YT, também te garante acesso a todo o nosso acervo de matérias, guias de compra, vídeos exclusivos, descontos de parceiros e acesso ao grupo secreto, com eventos exclusivos.
Governo quer transferência digital nacional de veículos para o início de 2026

Depois de simplificar o processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação, o Ministério dos Transportes agora planeja lançar, entre janeiro e fevereiro de 2026, um sistema digital unificado para a transferência de veículos usados entre particulares em todo o Brasil.
O projeto, detalhado pelo secretário Jorge Santoro no podcast Exame Infra, pretende levar todo o processo para dentro do app CNH do Brasil, usando como base a estrutura do Senatran. A meta eliminar a necessidade de reconhecimento de firma em cartórios e o deslocamento físico até os Detrans, transformando uma operação hoje “inacreditável e burocrática” em um fluxo de poucos cliques. O sistema funcionaria como um mediador: a validação ocorreria via Gov.br (selos Prata ou Ouro) e os valores só seriam liberados após a confirmação eletrônica, o que promete reduzir drasticamente o risco de golpes com documentos falsificados.
A digitalização nacional é o passo lógico após o sucesso do modelo implementado em São Paulo em 2024. No papel, a promessa de concluir uma transferência em cinco minutos é tentadora, mas o “pulo do gato” técnico reside na integração: para que o sistema funcione nacionalmente, o governo federal precisa que todos os Detrans estaduais — que historicamente operam como “ilhas” tecnológicas — falem a mesma língua.
Outro ponto crucial é a vistoria eletrônica. Embora a papelada digitalize, o carro físico ainda precisa ser periciado por uma empresa credenciada. Por aqui, vemos essa medida com bons olhos não apenas pela conveniência, mas pela segurança jurídica; o “golpe do DUT” ou o atraso na comunicação de venda (que gera multas indevidas ao antigo dono) tendem a desaparecer com a mudança. Além disso, se você lembra desta pensata, irá lembrar que propusemos como solução do trânsito das grandes cidades a redução da necessidade de deslocamentos — o que seria o caso aqui.
Além disso, o secretário menciona que a CNH é um “instrumento de liberdade” e a intenção de facilitar o acesso para 20 milhões de motoristas informais sinaliza uma mudança de paradigma do Estado: o trânsito deixa de ser visto apenas sob a ótica da fiscalização e passa a ser tratado como um serviço de inclusão produtiva. Se a renovação automática para motoristas sem infrações e as aulas teóricas online saírem do papel, teremos a maior desburocratização do setor em décadas.
Ferrari 250 GTO “Bianco Speciale” pode quebrar recorde mundial de US$ 70 milhões

O ano de 2026 deve começar já com um recorde: em 17 de janeiro, a Mecum Auctions irá leiloar a mais rara e especial das Ferrari 250 GTO — e a única com potencial teórico de desbancar os Mercedes W196 que assumiram o topo da lista dos carros mais caros leiloados nos últimos anos. Trata-se da Ferrari 250 GTO #3729GT, a única das 36 250 GTO feita na cor branca “Bianco Speciale”. A estimativa de venda é de US$ 70.000.000 — R$ 390.000.000 em conversão direta.
O valor estimado não se deve apenas à raridade da espécie, mas também por que ela foi pilotada por Graham Hill, Roy Salvadori e Jack Sears, e terminou em segundo lugar no RAC Tourist Trophy de 1962 e 1963 em Goodwood. E não apenas isso: nos anos 1960, seu proprietário original, John Coombs, chegou a emprestar este exemplar para a Jaguar para testes de benchmarking do Jaguar E-Type.

Curiosamente, nada disso empurra tanto o preço desta Ferrari para o alto quanto seu estado de conservação, que desafia a lógica dos hiper-colecionáveis. Como você bem sabe, o mercado valoriza mais os carros preservados do que os restaurados, e esta Ferrari jamais foi submetida a uma restauração. Além disso, ela também é “matching numbers”, mantendo o V12 Tipo 168/62 e o câmbio de cinco marchas no mesmo lugar desde o dia em que saíram da fábrica.

Os únicos elementos não originais do carro, ironicamente, também o valorizam pois foram modificações funcionais feitas para as pistas: dutos de ventilação da cabine conectados a um dos faróis dianteiros e as aberturas extras no capô. O carro, claro, é certificado pela Ferrari Classiche.

Atualmente a Ferrari GTO está na terceira posição como o carro mais caro já leiloado — o chassi 3765GT foi vendido em novembro de 2023 por US$ 51.705.000 (US$ 53.360.000 em 2025). Em fevereiro deste ano, um Mercedes-Benz 300SLR. “Stromlinienwagen” foi arrematado por US$ 53.917.370, e superou a Ferrari, posicionando-se abaixo do recordista absoluto dos leilões, o Mercedes-Benz 300SLR Uhlenhaut Coupé, que foi leiloado pela própria fabricante em 2022 por insanos US$ 143.000.000 (US$ 153.650.000 em 2025).

Considerando o histórico desta Bianco Speciale, parece lógico que ela seja arrematada por um valor maior que o chassi 3765GT — o que praticamente a colocaria na frente do 300SLR Stromlinien. Já o recorde absoluto dos leilões é pouco provável. Ainda que ela chegue aos US$ 100.000.000, ainda seria preciso colocar o valor da atual 250 GTO recordista no preço para alcançar o Uhlenhaut Coupé — o que ajuda a dimensionar o valor pago por ele. Nem mesmo as duas 250 GTO mais valiosas do planeta seriam suficientes para arrematá-lo.
BMW M1 de Niki Lauda também vai a leilão

Além da Ferrari 250 GTO “Bianco Speciale”, o leilão da Mecum de janeiro de 2026 reserva outra joia de valor histórico incalculável: o BMW M1 que pertenceu a Niki Lauda. Este carro (um dos 399 exemplares de rua produzidos) foi entregue a Niki Lauda como prêmio pelo seu título na temporada de 1979 da Procar, a categoria de suporte da Fórmula 1 que colocava os melhores pilotos do mundo em M1 idênticos.

Visualmente, o carro de Lauda se destaca de qualquer M1 “comum” por ostentar a pintura tricolor da divisão M (azul, índigo e vermelho) sobre a base branca, além de um spoiler dianteiro mais agressivo e as hipnotizantes rodas Campagnolo turbofan pintadas de branco.

Mecanicamente, o carro mantém a originalidade com o motor M88/1 de seis cilindros em linha, 3,5 litros, 277 cv e 33,6 kgfm acoplado ao câmbio manual de cinco marchas da ZF. Com apenas 20.350 km originais no hodômetro, o carro vive nos EUA desde 1987 e permanece em estado de conservação impecável.

Embora a Mecum não tenha divulgado uma estimativa oficial, exemplares padrão do M1 têm flutuado na casa dos US$ 500.000. Considerando a procedência de um tricampeão mundial de F1 e a ligação direta com a mística da Procar, não seria surpresa se este exemplar superasse a marca de US$ 1.000.000 — o que ainda não faria dele o BMW mais caro dos leilões. Atualmente um exemplar do BMW 507 vendido em 2018 pelo equivalente a atuais US$ 6.511.000 é o BMW recordista.
BYD registra uma perua híbrida no Brasil — e ganha nossa atenção

O segundo momento “quem diria?” do dia é um “quem diria?” sério: em meio à SUVização total do mercado, a esperança de termos uma perua no Brasil vem de onde menos se espera: a BYD, que registrou no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o design da perua Seal 06 DM-i.

O modelo segue a identidade visual “Ocean” da marca, com frente limpa e faróis de LED afilados. Tem 4,85 metros de comprimento e um entre-eixos de 2,79 m, além do bagageiro de 670 litros. E ela não é elétrica: o conjunto é o DM-i de 5ª geração, que combina um motor 1.5 a gasolina com um motor elétrico para obter 218 cv.




Embora o registro de patente nem sempre signifique um lançamento imediato, o timing é estratégico. Na China, o segmento de peruas vive um renascimento como um produto de “estilo de vida” para as novas gerações, e a BYD já sinalizou o interesse em exportar este modelo para mercados onde o formato ainda tem força, como a Europa.

No Brasil, mesmo que o Inmetro aplique uma régua mais conservadora sobre os 2.000 km de autonomia previstos pelo ciclo chinês, ainda estaríamos falando de um veículo capaz de completar viagens longas sem a necessidade de paradas para reabastecimento, muito menos das inconvenientes recargas de bateria. Para o público entusiasta, que entende a relação entre o nome “Dolphin” e o movimento da suspensão traseira dos compactos da marca, esta Seal 06 Wagon é o “grito de atenção” mais alto que a marca já deixou por aqui.
Ponte Dunlop de Le Mans será Ponte Goodyear a partir de 2026

A reestilização do Circuit de la Sarthe para 2026 marcará o fim de uma das tradições visuais mais antigas e sagradas do automobilismo mundial. A Dunlop Bridge, a icônica estrutura em formato de pneu que atravessa a pista desde a edição inaugural de Le Mans em 1923, passará a ostentar as cores e o nome da Goodyear.
A mudança, anunciada oficialmente neste fim de ano de 2025, é a consequência inevitável de um “terremoto” corporativo: a Goodyear concluiu a venda dos direitos da marca Dunlop (na Europa, América do Norte e Oceania) para o grupo japonês Sumitomo Rubber Industries por US$ 701 milhões. Sem a posse da marca, mas com o contrato de publicidade em mãos, a Goodyear decidiu fincar sua própria bandeira no ponto mais fotografado da pista.

O projeto de transição prevê que a nova ponte Goodyear será erguida aproveitando a estrutura física atual da passagem. Além da ponte, o pacote de atualizações inclui a renovação do Goodyear Racing Club e da arquibancada adjacente ao museu do ACO. Conscientes de que estão mexendo em um santuário, a Goodyear e o ACO confirmaram a doação de uma coleção de itens da ponte original para o museu local, tentando aplacar a sensação de heresia que muitos entusiastas sentiram com o anúncio.
A ponte Dunlop não era apenas um anúncio da fabricante de pneus. Ela era também era um ponto de referência geográfico e emocional para pilotos e espectadores há mais de um século. Embora a chicane continue sendo chamada de “Dunlop” nos mapas oficiais (ao menos por enquanto…), a troca do nome oficial não será suficiente para que o público deixe de chamá-la como ela sempre foi chamada. Vide a curva do Pinheirinho em Interlagos —ele já foi derrubado e substituído por uma palmeira há muito tempo, mas ela nunca se tornou a “curva da Palmeirinha”.
VW cancela ID Buzz nos EUA para 2026 e o futuro da “Kombi elétrica” é incerto

Não poderíamos começar a semana sem um momento “quem diria?”, não é mesmo? Quem diria que a maior aposta emocional da Volkswagen em sua empreitada de eletrificação duraria apenas um ano nas vitrines americanas? Após anos de teasers que começaram lá atrás, no auge do escândalo Dieselgate, o ID. Buzz — a aguardada releitura elétrica da Kombi — teve sua venda para o ano-modelo 2026 cancelada nos Estados Unidos.
A notícia, confirmada pela VW após uma queda vertiginosa na demanda, coloca a minivan retrô no mesmo “corredor da morte” que recentemente recebeu a Ford F-150 Lightning. Oficialmente, a marca diz que quer focar no estoque restante de 2025 e que uma volta para 2027 não está descartada, mas qualquer um que enxergue a realidade sabe o que vai acontecer com ela.
O ID. Buzz caiu na armadilha do apelo à nostalgia sem acessibilidade: ele é visualmente encantador, mas tecnicamente limitado e financeiramente proibitivo. Com menos de 5.000 unidades vendidas nos EUA até setembro de 2025, o Buzz sofreu com o fato de ser importado de Hanôver, na Alemanha, o que o torna vítima de tarifas e impede o acesso aos incentivos fiscais americanos para elétricos. O resultado foi um carro de nicho com preço de luxo, autonomia mediana e um interior que, apesar das cores vibrantes, é feito de plástico e não condiz com o preço de US$ 70.000. É a mesma coisa que aconteceu no Brasil. Quem pagaria R$ 18.000 mensais para “ter” um carro elétrico cujo único trunfo é o visual nostálgico?
Mesmo na Europa, onde o ID Buzz vendeu mais de 20.000 unidades no primeiro ano de mercado, a demanda pelo carro caiu drasticamente e sua produção chegou a ser paralisada em outubro deste ano, enquanto a Volkswagen repensava sua estratégia. O fim da oferta nos EUA e Canadá é fruto desta pausa. Com a Europa modificando as regras para a eletrificação até 2035 e o fim dos incentivos para elétricos, o futuro da “Kombi do futuro” poderá ser passado.
Forza Motorsport encerra atualizações e foca no aguardado Horizon 6

A Microsoft confirmou o que muitos gamers já temiam: o último Forza Motorsport, lançado em 2023 com a pomposa promessa de ser um serviço “construído do zero” e atualizado continuamente, não receberá mais carros, pistas ou novos recursos.
A notícia foi discretamente incluída em um post de retrospectiva de fim de ano da Turn 10, informando que a equipe agora mudará o foco total para o desenvolvimento de Forza Horizon 6, previsto para 2026. Embora os servidores continuem ativos e os eventos antigos entrem em rotação, o desenvolvimento ativo do simulador de pista da marca Xbox chegou ao fim após pouco mais de dois anos de vida.
Este último Forza Motorsport teve uma trajetória errática, para dizer o mínimo. O jogo sofreu para encontrar sua identidade, preso entre a acessibilidade do joystick e a precisão exigida pelos donos de volantes direct drive, além de ter sido lançado com um sistema de progressão (“RPG de carro”) que irritou profundamente a base de fãs puristas. A onda de demissões que atingiu as divisões de Xbox em julho de 2025 foi o golpe de misericórdia, drenando os recursos necessários para manter o fluxo de conteúdo que um jogo como serviço exige para sobreviver.
Comparado ao seu arquirrival, Gran Turismo 7, que continua recebendo atualizações robustas e mantém uma base de jogadores fiel, Forza Motorsport parece ter falhado em convencer o público de que era a ferramenta definitiva para o automobilismo virtual.
A morte prematura do Motorsport, contudo, traz um “consolo” de peso para os fãs da franquia: a confirmação de que o próximo Forza Horizon 6 será ambientado no Japão. Este é, sem dúvida, o cenário mais pedido na história da série — afinal, o Japão é o “terreno sagrado” com o JDM, as estradas de montanha (touge), os estacionamentos de Daikoku e das vias expressas de Tóquio — elementos que o estilo de mundo aberto do Horizon pode explorar com maestria.


