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Car Culture

A categoria “sem limites”: conheça a Improved Production Racing, que permite qualquer tipo de carro na pista

Quando a gente é criança as coisas parecem mais simples e divertidas — é bem provável que sua versão mirim não tivesse noção de que os carros de corrida eram divididos em categorias, por exemplo, e imaginasse que bastava ter um carro, deixá-lo mais rápido e colocá-lo na pista contra outros carros preparados. Hoje você sabe que existem a Fórmula 1, o Grupo B, os carros de turismo, protótipos, categorias monomarca… cada coisa em seu lugar.

Mas você precisa saber que, na Austrália, existe uma categoria de corrida que é quase aquilo que imaginávamos na infância. O nome é Improved Production Racing, ou apenas “IPRA”, podendo-se traduzir livremente como “corrida com carros de produção melhorados”. E é basicamente isso: pegue seu carro de rua, modifique (de acordo com as regras, que passam longe de serem restritivas) e coloque-o na pista contra outros caras que fizeram o mesmo com seus carros.

Pode ser um sedã, uma perua, uma Ute (afinal, estamos falando da Austrália), um clássico ou até um hatch popular baratinho — ou qualquer outra configuração de carroceria. E todo mundo corre junto!

O vídeo acima é a transmissão da segunda corrida da temporada, que aconteceu no último dia 22 de abril no autódromo de Barbagallo Raceway, em Waneroo, oeste da Austrália. Dá para ver que é exatamente como estamos falando: Nissan Skyline GT-R e Silvia, Holden Commodore (de todas as gerações), Ford Escort da década de 70, Mitsubishi Lancer Evolution e até hatchbacks como um Honda Civic — todos na pista ao mesmo tempo. É quase um track day transformado em corrida. As fotos ao longo deste post, feitas por Fran Hodak, dão uma boa noção dessa variedade.

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Como já dissemos, existem regras, mas elas não são muito restritivas — na verdade, são bem interessantes. De acordo com o corpo organizador, a CAMS (Confederation of Australian Motorsport), estão qualificados para competir quaisquer carros, novos ou usados, que tenham pelo menos 200 exemplares registrados para rodar na Austrália.

As modificações permitidas são generosas. Você pode instalar um motor maior e mais potente, desde que venha de um carro da mesma marca que o seu. É permitido trocar os cabeçotes, componentes internos e aumentar o deslocamento — este, definido em classes: até 1,6 litro, dois litros, três litros e acima de três litros. Pode-se sobrealimentar o motor com turbo ou compressor; nesse caso, há um limite de pressão. Quanto à transmissão, são permitidas caixas com relações de marchas mais próximas e diferencial de deslizamento limitado.

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Os carros também podem ter a suspensão rebaixada a até 100 mm do chão (incluindo o escapamento), sendo permitidos novos amortecedores, molas, barras estabilizadora e buchas de poliuretano. As rodas podem ter até 9” de largura, e a única coisa unificada são os pneus: todos os carros usam Yokohama A048R ou A050 de competição. Os freios também podem ser modificados, bem como elementos aerodinâmicos da carroceria com tamanho pré-estabelecido — desde que mantenham-se o monobloco ou o chassi originais.

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A CAMS diz que, pelo baixo custo, a IPRA é uma categoria de acesso excelente para pilotos iniciantes de equipes independentes em busca de desafios e visibilidade. Cada um dos cinco estados australianos tem sua própria associação que organiza um campeonato em nível regional, e também participa do campeonato nacional, que é dividido em seis etapas. O regulamento é unificado para todas as associações para tornar as coisas mais simples.

A IPRA funciona como categoria de apoio para a V8 Supercars, o que significa que algumas das corridas mais importantes da Austrália, como as 12 Horas de Bathurst, costumam ser precedidas por uma etapa da IPRA. Assim, o público é quase sempre numeroso e muita gente aprecia o espetáculo, seja ao vivo ou pela TV. Não é à toa que a categoria é uma das que mais crescem em popularidade na Austrália. A gente adoraria acompanhar tudo bem de perto!