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A evolução e o significado do sistema de nomes da Audi

Há alguns meses explicamos a origem e a evolução dos sistemas de nomes da BMW e de sua rival, a Mercedes. Normalmente quando se fala das duas marcas alemãs, a Audi logo aparece na conversa. Mas não foi o caso de nossa pequena série. Por acharmos que seria óbvio demais, deixamos o sistema de nomes da Audi de lado.

Mas agora a Audi anunciou um novo sistema, que inclui um “sobrenome” no nome de seus carros, de forma que seu nível de potência possa ser facilmente associado. Parece uma boa hora para explicar o que a Audi leva em consideração na hora de batizar seus carros, não?

A história começa em 1965, com o primeiro modelo da era moderna da Audi, o F103. Obviamente eles não usavam esse nome comercialmente; F103 era a designação interna do modelo que era conhecido genericamente apenas como “Audi”. Ele nem precisava de nome, afinal, era o único modelo da marca, mas mesmo assim ele acabou batizado como Audi 72. A origem do número era a potência do carro: 72 cv.

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No ano seguinte a potência subiu para 80 cv e o F103 ganhou uma versão com motor 1.8 de 90 cv. Os nomes, você já adivinhou: Audi 80 e Audi 90. Mais tarde o modelo de 72 cv ganhou mais 3 cv e se tornou o Audi 75, e uma nova versão de entrada foi lançada com 55 e 65 cv. A solução foi batizá-lo com a média: Audi 60.

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Estava definido o primeiro sistema de nomes da nova-velha marca. Você via o número e sabia quanta potência o carro tinha.

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Isso funcionou bem enquanto a Audi tinha só um modelo e até deu certo com a primeira derivação do F103, que iniciou em 1968 com o lançamento do F104, que tinha 100 cv e se tornou o Audi 100. Quando chegou a hora de criar novos modelos de portes diferentes para substituir o Audi 80 e o Audi 60, eles também precisavam de motorizações variadas para cada modelo — especialmente porque a Audi estava com a nova família de motores EA827. Foi quando o segundo sistema de nomes entrou em cena.

Em 1973 a Audi lançou seu novo modelo médio e adotou o nome de seu antecessor, o F103 intermediário batizado como Audi 80, ainda que ele não tivesse mais 80 cv. Seus motores eram duas variações do novo 1.3, uma com 55 cv e outra com 60 cv; mais duas versões do novo 1.5, uma com 75 cv e outra com 85 cv; e um novo 1.6 de 100 cv. Todos se chamavam Audi 80. Mesmo o modelo de 100 cv.

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No ano seguinte veio o modelo de entrada, o 50, lançado com um motor de 50 cv e uma variação de 60 cv, mas ele durou apenas quatro anos, pois não combinava com o posicionamento superior que a Volkswagen decidiu dar à Audi. Ao menos serviu para originar o Polo de primeira geração.

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Assim, os números que tiveram origem na potência, passaram a designar o porte do carro. O 80 era o modelo médio e o 100 o modelo grande. Nos anos 1980 houve duas derivações desse sistema: o modelo 90, que era uma variação luxuosa do 80 e ganhou esse nome por ser intermediário entre 80 e 100; e a versão de topo do Audi 100, que ganhou o nome de 200.

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Mas aí 1987 chegou e a Audi decidiu lançar um modelo ainda maior que o 100 e com motor V8. Mas em vez de batizá-lo como 400 ou qualquer outro número, a Audi decidiu usar algo mais simples e direto: Audi V8 – um nome especialmente apelativo para o mercado norte-americano, mas que não dizia muito sobre a posição do carro na linha Audi. Foi o começo da bagunça.

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Depois, a Audi decidiu lançar um sucessor para o Quattro, seu cupê derivado do WRC. A plataforma escolhida foi a do Audi 80, porém o carro não foi batizado de Audi 80 Quattro, e sim Audi S2, uma vez que ele era o sucessor do Audi Quattro S1. Deu certo, e ele logo ganhou um irmão maior, o S4, baseado no Audi 100. E como se não bastasse, o S2 ganhou uma versão ainda mais potente, que não foi chamada de S3, nem S5, e sim RS2. Já viu a bagunça, não?

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O Audi S4 não era um A4. Era um Audi A6

Assim, em 1994 a Audi começou a adotar seu novo sistema de nomes, um sistema alfanumérico como o de seus rivais. Os modelos usariam a letra A, de Audi, seguida por um único algarismo que representaria o porte do veículo — quanto maior o número, maior o carro.

Assim, a Audi poderia ter nove modelos diferentes que não haveria confusão de nomes. Os dois primeiros foram o 100 e o V8, que se tornaram o A6 e o A8, respectivamente. Depois, quando o 80 chegou à sua quinta geração, ele se tornou o A4 e o hatchback derivado desta plataforma foi o A3. No final daquela década, um modelo ainda menor foi lançado e, seguindo a lógica, ele foi batizado de A2.

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Já na década passada a Audi decidiu entrar na onda dos cupês de quatro portas, e lançou o A7 e o A5, que foram seguidos pelo sucessor espiritual do Audi 50, o A1, seu menor modelo atualmente.

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A mesma fórmula foi adotada nos SUVs, porém com a letra Q no lugar do A. O motivo é que os SUVs e crossovers vêm todos com o sistema de tração quattro, sendo assim a inspiração para os nomes. Os números também designam o porte: o Q2 é o menor e o Q7 é o maior.

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Os dois únicos modelos que fogem desta regra são o TT e o R8. O TT vem do Tourist Trophy da Ilha de Man, uma homenagem da Audi ao sucesso das motos NSU (marca incorporada ao grupo VW no fim dos anos 1960) na lendária competição britânica. Já o R8 tem seu nome derivado da palavra renn, ou “corrida” em alemão, enquanto o número designa sua posição de topo na linha esportiva. E por falar nisso…

 

E os esportivos?

A Audi foi a primeira das alemãs a oferecer duas linhas de esportivos, algo que foi imitado pela BMW com os modelos M Sport e com os M-Cars, e pela Mercedes-AMG, com a versão AMG Sport e atualmente as linhas 43/63.

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A linha S designa os modelos com motor com calibragem exclusiva, freios mais eficientes, suspensão esportiva, toques esportivos no visual e elementos de fibra de carbono na cabine. São as versões esportivas propriamente ditas de cada uma das versões, por esse motivo eles seguem a nomenclatura do S2 e trocam a letra A pela letra S, seguida pelo número que designa o porte do carro.  Assim, o esportivo do A3 é o S3, do A5 é o S5, do A8 é o S8.

Nos SUVs, para não haver confusão de nomes, a letra S é incluída à frente do nome: SQ5, SQ7, SQ3. No TT a letra vem depois: TT S.

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Até meados dos anos 1990, a linha S era a única linha esportiva da Audi — o RS2 foi uma exceção à regra. Tanto que o modelo que é considerado o primeiro “RS6” se chamava apenas “S6 Plus”. Mas seguindo a receita do RS2, que era, na prática, um supercarro em forma de perua, a Audi decidiu criar uma linha superior aos modelos S, a RennSport, ou RS.

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O método de adoção do nome é o mesmo da linha S: nos sedãs, hatches e peruas o RS vem no lugar do A (como RS4, RS6 e RS7), nos SUVs a sigla se junta ao nome do carro (RS Q5), e no TT o RS vem depois do nome: TT RS.

 

A novidade: o sobrenome da potência

A última novidade da Audi é um sistema numérico para designar a versão dos modelos de acordo com a faixa de potência. São números que vão do 30 ao 70 e remetem ao primeiro sistema da era moderna da marca, separados da seguinte forma:

30 – de 110 a 130 cv (81 a 91 kW)
35 – de 150 a 163 cv (110 a 120 kW)
40 – de 170 a 204 cv (125 a 150 kW)
45 – de 230 a 250 cv (169 a 185 kW)
50 – de 285 a 312 cv (210 a 230 kW)
55 – de 332 a 373 cv (245 a 275 kW)
60 – de 435 a 460 cv (320 a 340 kW)
70 – acima de 544 cv (400 kW)

Os sobrenomes, contudo, são usados somente nos modelos convencionais da marca, deixando os esportivos e supercarros de lado. O Audi A3 Sedan de 122 cv, por exemplo, passará a chamar Audi A3 Sedan 30 TFSI. Seu irmão de 180 cv, será o Audi A3 Sedan 40 TFSI. Foi a forma que a Audi encontrou de tornar mais natural a relação entre o nome do carro e sua potência — uma vez que a designação do deslocamento podia passar a impressão de que o carro não fosse tão potente quanto de fato é — vide os modelos 1.4 de 180 cv da marca.