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FlatOut Revival História

A verdadeira história da primeira Ferrari equipada com câmbio sequencial

A última Ferrari com câmbio manual foi a 599 GTB Fiorano — o último exemplar do grand tourer italiano foi vendido em janeiro de 2012 e, desde então, nenhum outro carro saiu de Maranello com pedal de embreagem. Mas qual foi a primeira Ferrari com borboletas para trocas de marcha atrás do volante?

Nos registros oficiais, conta que foi a F355 F1, que estreou em em 1997 a transmissão sequencial de seis marchas capaz de realizar trocas em 125 milissegundos que revolucionou o modo de dirigir supercarros. Mas e se a gente dissesse que, na verdade, a primeira Ferrari de rua com borboletas atrás do volante para troca de marchas foi outra, que veio dois anos antes — um carro que, para própria fabricante, nem existe de verdade?

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É exatamente este o caso da Ferrari FX, um projeto exclusivo, encomendado em segredo por Hassanal Bolkiah, mais conhecido como “o Sultão de Brunei”. Hoje a Ferrari tem seu programa “SP”, o Special Projects, no qual qualquer cliente com dinheiro suficiente para bancar um one-off pode solicitar o seu. Mas nos anos 1990, quando esta Ferrari foi encomendada, as coisas eram um pouco diferentes. E é por isso que esta Ferrari não é oficialmente uma Ferrari.

Em 1994, o sobrinho do sultão, Abdul Hakeem, na época com 20 anos de idade, decidiu que teria uma Ferrari com um câmbio sequencial como o usado nos carros de Fórmula 1. O problema é que a caixa de Fórmula 1 é uma caixa de Fórmula 1, e não de um carro de rua. Na época, a Ferrari já usava o câmbio sequencial nos Fórmula 1 — a estreia foi em 1989, no GP do Brasil —, mas ela ainda não havia desenvolvido seu câmbio sequencial para os carros de rua.

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Isso seria um problema para qualquer pessoa, mas não para a família real de Brunei. Não há muitos detalhes sobre o início do projeto, mas sabe-se que a família chegou a Sergio Pininfarina, que topou o desafio e é uma das principais fontes de informações concretas sobre este projeto.

Segundo Pininfarina, a transmissão foi fornecida pela Prodrive, que já havia desenvolvido um câmbio sequencial para carros de rali e planejava lançar uma versão dessa caixa para carros de rua. Com o orçamento praticamente ilimitado do Sultão, o desenvolvimento avançou e a Ferrari FX se tornou o primeiro carro de rua equipado com uma caixa sequencial da Prodrive.

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O projeto do carro em si não começou do zero: a Pininfarina usou como base a Ferrari Testarossa — o que fica claro pelo formato das janelas laterais e pela inclinação do para-brisa. É por isso que a FX usa um flat-12 de 4,9 litros, 396 cv a 6.300 rpm e 49,9 mkgf de torque a 4.500 rpm, instalado na traseira. Só que, em vez do transeixo convencional da Ruiva, um câmbio manual de seis marchas, havia a nova transmissão sequencial da Prodrive.

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Visualmente, a Ferrari FX era muito mais moderna que a Testarossa — tinha linhas arredondadas, faróis expostos que lembram os do Chevrolet Camaro da década de 1990, caimento do teto que parecia anunciar as formas da Ferrari 360 (que só foi lançada em 1999) e lanternas traseiras da F355. O vigia traseiro tinha 12 aberturas circulares que remetem a corpos de borboleta individuais.

A família encomendou inicialmente três carros, que foram entregues em 1996 — todos eles sem catalisadores, o que ajudou a elevar a potência para 420 cv. A transmissão sequencial ainda estava longe de funcionar da maneira ideal (consta que os carros mal podiam ser guiados nas ruas), mas Hakeem não se importou. Na verdade, ele gostou tanto dos carros que encomendou mais três exemplares.

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A segunda série de três carros, contudo, foi um pouco diferente. Em vez da Testarossa, a base foi a 512M, que já tinha uma evolução 20 cv mais potente do flat-12, pois ganhou virabrequim mais leve e bielas de titânio no update. Além disso, para melhorar o desempenho da transmissão sequencial, os carros seriam ser enviados para a divisão de engenharia da Williams, que tinha aquela que, talvez, fosse a transmissão sequencial mais avançada da Fórmula 1.

No fim das contas, apenas um dos carros, o de nº 4 — o único que, em vez de vermelho, era azul — foi, de fato, entregue à Williams. Sendo assim, ele é o único que teve o câmbio Prodrive substituído por aquele que a equipe de Fórmula 1 utilizava desde 1992 em seus carros, e os botões trocados por borboletas.

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A Ferrari FX nº 4 também foi a única que escapou do destino inevitável de todos os carros comprados pela família real de Brunei — ficar trancafiada em um depósito, acumulando poeira e teias de aranha. Em vez disso, o carro foi comprado pelo empresário americano Dick Marconi, dono do Marconi Museum, na Califórnia. Por esta razão, é o único carro do qual existem fotos…

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De acordo com os poucos dados que existem a respeito de seu desempenho, a Ferrari FX era capaz de chegar aos 330 km/h. Na época, algumas informações sobre o projeto “vazaram” para a imprensa automotiva — a revista Car and Driver americana chegou a especular que a FX seria a inspiração para uma suposta sucessora da F50, que se chamaria F60, mas tudo não passou de especulação. E quanto a esta Ferrari não ser reconhecida pela Ferrari, bem… por ser uma modificação feita pela Pininfarina, ela tecnicamente ainda é uma 512TR. Diferente, mas ainda uma 512TR.


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