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Porsche 911 GT3 2026 chega ao Brasil

Essa é uma notícia sem muita utilidade prática, mas vamos lá: os compradores brasileiros do Porsche 911 GT3 2026 (992.2) estão recebendo seus carros encomendados as we speak. A Porsche não diz quantos deles vieram, mas revelou o preço: começa em R$ 1.620.000, sem opcionais ou personalização.

Você já deve estar calvo de saber o que é um GT3, mas se acaba de voltar de uma viagem de 30 anos à Plutão, aqui vai: é a versão mais entusiasta do 911 moderno, ainda aspirado, sem turbo, e focado em desempenho. O seis cilindros contraposto arrefecido à líquido pendurado atrás do eixo traseiro aqui vem com 4 litros de deslocamento e lendária capacidade de girar solto e gritar alto. São também nada menos que 510 cv e 45,9 mkgf.

Não, esse dinheiro todo não compra câmbio manual aqui no Brasil; mas de qualquer forma o excelente DCT vem com relações mais curtas para manter o motor aspirado em sua faixa boa de torque. O pacote aerodinâmico ganhou componentes do GT3 RS (992), inclusive com os faróis que reúnem todas as funções e cortaram as setas, antes no para-choque. Na traseira, peças foram redesenhadas para melhorar o fluxo de ar, assim como mudanças no grande aerofólio.

A maioria dos carros nacionais devem receber o pacote Weissach, que adiciona bancos concha e santantonio interno, além de peças em fibra de carbono. Também será difícil ver algum deles sem personalizações de cor e detalhes; o que vai ser difícil de ver, certamente, vai ser isso tudo ser usado em pista. Uma pena: é para isso que ele serve. (MAO)
Porsche com problemas

Há um par de meses atrás estava numa roda de conversa de gente diferente; gente que tem Porsche e pode comprar Porsche novo. Nesta conversa algo de diferente aconteceu, porém: todos concordavam que “andar de Porsche não dá mais”. Aparentemente, segundo eles, virou “carro de mano”, ao mesmo tempo com imagem ruim, e por isso visado para roubos. A Porsche teria conseguido algo terrível para marca de luxo, segundo esses caras: ficou popular e conhecida demais.
Já é hora de dizer que Porsche deixou de ser cool? Bom, não temos como afirmar coisas assim. Os carros, se você se importar em saber, continuam sensacionais; as implicações socioeconômicas deixamos para os marketeiros de plantão, profissionais ou amadores.
Mas o fato é que a onda de popularidade e altíssimos lucros da empresa parece ter encontrado problemas, pelo menos olhando o lado financeiro e empresarial do negócio. O recém-defenestrado (mas ainda CEO da VW) CEO Oliver Blume, reconheceu que a empresa enfrenta desafios significativos em meio à desaceleração global do mercado de veículos elétricos. A empresa anunciou planos para cortar até 1.900 empregos até 2029.
Essas dificuldades estão bem refletidas nos recentes demonstrativos financeiros da empresa. As últimas previsões da Porsche mostram que o lucro operacional despencou 99% em comparação com o ano passado, com apenas € 40 milhões registrados nos três primeiros trimestres de 2025 — uma queda acentuada em relação aos € 403,5 milhões registrados no mesmo período de 2024.

A receita global de vendas da Porsche também caiu € 1,7 bilhão, 13.000 unidades a menos em comparação com o ano passado, uma queda de seis por cento. Apesar disso, a empresa continua otimista de que esses contratempos são apenas temporários.

O lado bom é que fluxo de caixa líquido da empresa aumentou para 1,3 bilhão de euros, e as entregas nos Estados Unidos, bem como nos mercados que a empresa considera “Mercados Ultramarinos e Emergentes”, atingiram níveis recordes. A Porsche também registrou um forte crescimento em seus “veículos eletrificados”, ainda que essa definição possa incluir híbridos. Em 2026, a Porsche receberá um novo CEO para substituir Oliver Blume: Michael Leiters, ex-chefe da McLaren e ex-diretor técnico da Ferrari.
O grande problema aqui parece ser a queda de demanda da China; e uma necessidade repentina de reinvestir em veículos a gasolina, quando parecia que o futuro seria só elétrico e os investimentos agiam assim. Nada a respeito do que falei no início desta nota.

Mas acho este o maior problema, o mais preocupante. Pois esses caras falavam não de Cayenne ou Macan; não sobre Panamera ou Taycan; mesmo o 718 não estava na conversa. Quando eles diziam que “não dá mais para andar de Porsche”, estavam falando de Porsche de verdade. Sim, ele mesmo: o 911. (MAO)
Produção da Ford F-150 Lightning para indefinidamente

A Ford F-150 Lightning, versão elétrica da picape atual, 2021 com gendes esperanças futuras. Era moderna, tinha um enorme frunk dianteiro, e ao contrário da Cybertruck, parecia uma picape normal. A Ford achava que seria seu futuro.
Mas a produção nunca engrenou, apesar de demanda boa inicial. Primeiro, incêndios em picapes na fábrica paralisaram temporariamente a linha. Depois, outro incêndio devastador na fábrica de alumínio da Novelis em Oswego, Nova York, paralisou novamente tudo. Agora, parece que não volta: a produção está paralisada por tempo indeterminado, e a Ford diz que redirecionará suas prioridades de produção, aumentando a produção de picapes F-Series a gasolina e híbridas no primeiro trimestre de 2026.

A Ford planeja fabricar mais de 50.000 caminhonetes adicionais no próximo ano para “atender à forte demanda dos clientes e recuperar as perdas de produção decorrentes do incêndio”. A Ford está priorizando suas picapes a gasolina e híbridas porque elas “são mais lucrativas” para a montadora e “usam menos alumínio” do que a Lightning. O incêndio, ocorrido em 16 de setembro, danificou gravemente o prédio e pode custar à Ford até US$ 1 bilhão para se recuperar dos prejuízos.
Essa medida significa que os funcionários do Centro de Veículos Elétricos Rouge da Ford, onde a Lightning é fabricada, serão transferidos para um novo terceiro turno para construir picapes a gasolina na fábrica de caminhões da Ford em Dearborn. A montadora também contratará trabalhadores adicionais para apoiar o aumento da produção, criando até 900 novos empregos.

A Ford vendeu 23.034 unidades do ano/modelo 2026 até o final de setembro; essa quantidade é minúscula em comparação com o restante da linha F-Series. A Ford vendeu quase 200.000 picapes a gasolina e híbridas no último trimestre e já vendeu quase 600.000 unidades até o final de setembro, um aumento de 13%. O que vocês acham que vai acontecer com a F-150 “relâmpago”? A parada muito provavelmente agora será definitiva. (MAO)
Twisted TBug é Baja Bug chique

Em maio deste ano a “Twisted com o S espelhado” (é impossível escrever o nome desta empresa corretamente: o teclado não tem letra espelhada. Então chamá-la-emos, na tradição de Clarkson, assim), especialista em restomod do Defender original, mostrou um novo e inisitado restomod: um Baja Bug.

Sim, aqueles Fuscas recortados e levantados para diversão off-road. Antes, diversão á baixo preço; agora chique item de luxo para bilionários? Pois bem, agora, o carro, chamado por ela de TBug, está pronto, e as entregas começaram. O modelo segue o mesmo modelo visual básico estabelecido pelos Baja-Bug originais. Os para-lamas são cortados, a tampa do porta-malas é mais curta e um novo painel frontal com dois faróis próximos, mas agora nos inevitáveis LED.

A Twisted (com o S espelhado) planeja fabricar cerca de cinco TBugs por ano, de acordo com as especificações dos compradores, adquirindo carros sem ferrugem no oeste dos EUA e aplicando-lhes o tratamento completo de Baja-Bug. É equipado com um motor VW boxer de quatro cilindros arrefecido a ar, fabricado do zero com peças novas, 1776 cm³, dois Webers duplos e 80 cv. O que a empresa diz ser “o dobro de um VW original”. Também conta com suspensão de longo curso nas quatro rodas, com suspensão traseira independente no lugar do eixo oscilante original.

É basicamente um Fusca Baja, feito sem olhar custo. O interior é o do Fusca, apesar de todo couro macio nos bancos e lã no carpete. Não há ar-condicionado ou injeção eletrônica; é e experiência antiga, completamente inalterada. O que é muito legal, claro.

O único problema é financeiro. Isto é uma recriação moderna dos Volkswagen Baja Bugs originais da década de 1960, sem tirar nem por, mas feito com cuidado e qualidade moderna. O que antes fazíamos com um maçarico e um Fusca velho, hoje definitivamente virou artigo de luxo: o Twisted TBug custa a partir de US$ 149.000, nos EUA. Sim: o equivalente a oitocentos mil reais. (MAO)
Velopark muda de mãos – Fueltech e Techspeed são os novos proprietários

O Velopark vai mudar de dono. O complexo automobilístico de Nova Santa Rita/RS foi vendido — e dividido. A FuelTech, fabricante de sistemas de injeção eletrônica, vai assumir o autódromo. O kartódromo ficará com a Techspeed, tradicional no kartismo nacional. A transição deve acontecer em 2026 e encerra a gestão de 17 anos do empresário Felipe Johannpeter e da administradora Sofia Costa.
O discurso oficial fala em “novo ciclo”, mas a venda é também um ponto final simbólico em uma das empreitadas mais ousadas do automobilismo brasileiro. Inaugurado em 2008, o Velopark nasceu com a promessa de ser o maior parque de velocidade da América Latina. Tinha pista de arrancada profissional — a primeira do país —, autódromo, kartódromo, boxes modernos e estrutura para receber milhares de pessoas. Durante um tempo, foi exatamente isso: o endereço de eventos como a Stock Car, a Fórmula Truck, a Endurance Brasil, o Armageddon e o Festival Velopark de Arrancada, que virou o maior da América Latina.
Manter um complexo desse tamanho nunca foi simples. As provas de grande porte diminuíram, o público se fragmentou e o negócio, que sempre teve mais coração do que retorno financeiro, acabou chegando ao limite. O próprio comunicado dos atuais donos, cheio de gratidão e boas intenções, deixa transparecer que a missão ficou pesada. “Encerramos a participação no negócio com segurança da continuidade da entrega para o público e do legado de um complexo consagrado e referência no segmento”, disse Sofia Costa, diretora-geral.
A FuelTech não é novata nesse cenário. A empresa nasceu em Porto Alegre em 2003 e construiu reputação internacional com seus sistemas de gerenciamento eletrônico de motores. Sempre esteve presente no Velopark, como parceira e patrocinadora. Agora, passa a comandar o lugar. Já o kartódromo ficará com a Techspeed, fabricante de chassis que abastece boa parte do kartismo nacional.
Os novos donos prometem “novos nomes e identidade visual”, o que sugere uma reformulação mais profunda do que apenas a troca de CNPJ. O desafio será manter vivo o espírito que fez o Velopark nascer: ser um espaço dedicado ao automobilismo, e não apenas um negócio que precisa se pagar. (Leo Contesini)


