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Mopar relança o motor “Hellephant” de 1.000 cv

Depois da Dodge e da Ram reverterem sua estratégia de motorização, agora é a vez da divisão Direct Connection da Mopar seguir o mesmo roteiro: o motor Hellephant A30 426 Supercharged está de volta com seus 1.000 cv e 128,7 kgfm de torque.
Construído sobre um bloco de alumínio do Hemi de terceira geração, ele foi revisado com mancais de seis parafusos reforçados e componentes internos forjados para aguentar a pressão do compressor IHI de 3,0 litros. No entanto, para colocar as mãos nessa unidade, a Mopar impôs uma barreira burocrática: o comprador precisa fornecer um número de chassi (VIN) válido para processar o pedido. Isso ocorre porque o motor é destinado exclusivamente a veículos feitos antes de 1976 ou para uso estritamente em competições, devido às normas de emissões.
A volta do Hellephant é mais um sintoma da mudança de ventos na Stellantis. Recentemente, a Ram viu uma demanda explosiva (10.000 pedidos em 24 horas) ao anunciar o retorno do V8 Hemi 5.7 à linha 2026 da Ram 1500, provando que o mercado americano ainda não está pronto para abrir mão do som e do torque de um oito cilindros.
Com o teaser da Ram prometendo que “a força voltará” em 1º de janeiro de 2026, o relançamento do Hellephant sugere que o motor Hellcat pode ganhar uma sobrevida em novos produtos ou edições limitadas muito em breve.
BMW patenteia ferramenta proprietária que pode dificultar manutenções “não-autorizadas”

A BMW acaba de dar um novo significado à expressão “ferramenta especial”. Em um registro de patente recém-revelado pela imprensa europeia, a marca alemã detalha uma série de parafusos cujas cabeças reproduzem o desenho do seu logotipo. O design, dividido em quatro quadrantes, alterna áreas cavadas e planas, criando um padrão que dificulta o uso de chaves convencionais como Philips, Fenda, Torx ou Allen. Para remover ou apertar esses parafusos, será necessária uma ferramenta exclusiva, moldada exatamente no formato do parafuso proprietário.
O documento da patente é explícito quanto ao propósito: a geometria foi desenhada para “impedir que o parafuso seja afrouxado ou apertado por pessoas não autorizadas utilizando ferramentas comuns”. A aplicação prevista foca em pontos estruturais e semiestruturais visíveis, como fixações dos bancos, painéis do cockpit e conexões da carroceria. Embora do ponto de vista estético o parafuso possa ser visto como um detalhe de design sofisticado, para o mundo da manutenção, ele representa uma barreira física direta ao “Direito de Reparar”.


A manobra da BMW é o ápice de uma tendência que o entusiasta conhece bem: dificultar o acesso à manutenção fora das concessionárias. E se hoje já é difícil acessar certos módulos sem software de concessionária, agora a BMW tenta a manobra mais hostil contra o reparador independente.
Ironicamente, a patente foi registrada no mesmo mês em que a Mercedes-Benz tenta simplificar reparos como forma de redução de custo e lixo. Os faróis da marca, por exemplo, terão parafusos e juntas em vez de cola. A BMW, por outro lado, parece querer criar um “ecossistema fechado” semelhante ao da Apple com seus parafusos Pentalobe. No fim das contas, a indústria de ferramentas paralelas deve levar poucas semanas para lançar bits compatíveis no AliExpress, mas a mensagem da fábrica é clara: não mexa no seu BMW.
Os resto-mods dos estagiários da Nissan para o Tokyo Auto Salon 2026

Enquanto os departamentos de engenharia da Nissan se debruçam sobre metas de emissões e eletrificação, os alunos das escolas técnicas da marca em Kyoto e Aichi decidiram que o Tokyo Auto Salon 2026 seria o palco para uma demonstração da cultura entusiasta de sua geração.
Através do programa Nissan Automobile College, os estudantes receberam carta branca para criar três projetos que ignoram as regras do mercado tradicional para focar no que realmente move a cultura gearhead japonesa: a fusão entre plataformas modernas e a estética clássica do JDM.
O primeiro projeto, batizado de MARCH Eloura, é baseado no March (Micra) K13. O hatch teve sua dianteira e traseira completamente reconstruídas para homenagear as linhas do Bluebird 312 da década dos anos 1960/70. O resultado evoca a era dourada dos Pike Cars da Nissan — como o Figaro e o Pao.

Depois vem o Sunny Skyline que combina um Datsun Sunny Coupe (KB10) ao visual do Skyline “Hakosuka”. A intervenção vai muito além da fibra de vidro: sob o capô, o motor original cedeu lugar ao icônico SR20DET de um Silvia S15.

Fechando o trio, o campus de Aichi apresenta o Re30 Skyline Silhouette (na imagem de destaque da nota), uma interpretação bruta do Skyline R30 sedã que homenageia a categoria Super Silhouette dos anos 80, ostentando um bodykit extremamente largo com o maior splitter já visto desde o Suzuki Escudo.
FIA revela conceitos do WRC para 2027





O Campeonato Mundial de Rally (WRC) está prestes a passar por sua transformação mais radical desde o fim do Grupo B. A FIA revelou nesta semana os primeiros conceitos visuais da regulamentação WRC27, que entrará em vigor em 2027 com uma proposta que prioriza a sustentabilidade financeira em detrimento da potência bruta. Os novos carros do topo da pirâmide (Rally1) serão mais simples, menos aerodinâmicos e significativamente mais baratos: o teto de preço foi fixado em € 345.000, uma redução de mais de 50% em relação aos orçamento de 2025.
Tecnicamente, o WRC27 representa um “reset” estrutural. O motor 1.6 turbo de quatro cilindros terá sua potência limitada a cerca de 290 cv, uma redução de mais de 100 cv em relação aos modelos híbridos — que já perderam o sistema elétrico para 2025. A transmissão será padronizada com cinco marchas e tração integral, enquanto sistemas de direção e frenagem serão herdados da atual categoria Rally2 para reduzir custos de desenvolvimento.
A grande mudança, contudo, está na liberdade criativa: os carros não precisam mais ser baseados em modelos de produção. A FIA definiu um “volume de referência” (espaço físico máximo) dentro do qual os construtores podem moldar qualquer silhueta sobre um chassi tubular padronizado.
Essa nova liberdade ficou clara nos desenhos conceituais liberados pela FIA, que mostram mashups visuais inspirados em modelos como o Audi RS3, Subaru WRX e até crossovers como o Porsche Macan EV. O resultado são carros que parecem ter saído de uma garagem do Grand Theft Auto com aerodinâmica simplificada — note a ausência de apêndices complexos e as asas traseiras bem menores.
Ao desatrelar o carro de rally de um modelo de rua específico, a FIA abre as portas para que preparadores independentes possam competir em igualdade com grandes fabricantes, algo que o projeto “Project Rally One” já sinaliza como o primeiro construtor independente para a nova era.
O que se vê aqui é uma tentativa desesperada, porém necessária, de salvar o WRC da extinção por falta de quórum. Ao transformar o Rally1 em uma categoria de silhuetas de baixo custo, a FIA admite a falência do modelo atual de protótipos ultra-tecnológicos de € 1 milhão. A escolha por formas de sedan e crossover reflete o mercado global, mas a perda de potência e a simplificação técnica podem afastar o purista que busca o espetáculo da “velocidade impossível”. Por outro lado, o longo ciclo de homologação de 10 anos oferece a estabilidade que marcas como Ford, Toyota e Hyundai pediam.


