FlatOut!
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Project Cars Project Cars #12

Acelerando meu Corsa 2.0 de F3 no Track Day de Goiânia: testando pneus e superando limites

Hora de falar de Track Day, caros amigos! Aqui vou comentar sobre a distribuição de peso do Corsa, a importância dos pneus, minha evolução nas técnicas de pilotagem e, claro, detalhar as mais recentes aventuras em pista.

 

Preparação do Carro

Pesei o carro numa balança pra carros de corrida, que além do peso total dá a distribuição deste sobre cada roda. Com isso detectamos um problema: o Papa-Léguas – como andaram apelidando o carro – tem 74% do peso apoiado nas rodas dianteiras e 26% nas traseiras, totalizando aproximadamente 835 kg.

6 - Foto de Nemer Scafutto

A proporção ideal de um carro de tração dianteira está em 60% na dianteira e 40% na traseira. Com tanto peso na frente a traseira pode ficar meio boba nas frenagens, dificultando a pilotagem.
Pensei então em unir o útil ao agradável e aliviar mais peso, especificamente na dianteira. Para isso pedi que fosse eliminado o “recheio” das portas (a folha interna) e instalado um capô de fibra de carbono.

2 - Foto de Leonardo Perez

 

Preparação do Piloto

9 - Foto de Leonardo Perez

Antes do Track Day em Autódromo de Goiânia, viajei para São Paulo fazer um curso de pilotagem em Interlagos, onde dei a sorte de pegar aula com um instrutor muito competente e de didática incrível, que num bate papo e incrível coincidência revelou ser um fã do meu Corsinha, o que rendeu uma grande amizade – Felipe Franco, um grande abraço, meu mestre!

Lá aprendi na prática alguns conceitos que conhecia em teoria, inclusive o tão aclamado Punta Tacco, que comecei a aplicar neste Track Day. Fui então praticando na rua com meu Astra, fazendo punta tacco em cada frenagem e minha esposa tentando entender que @#$% era aquela que eu estava inventando…!

Tenho a seguinte teoria: quanto mais eu faço na rua, mais acerto em pista! Regulagem do banco, a maneira de segurar o volante, a execução das trocas de marchas, punta taccos, tudo eu pratico no meu dia a dia, só não pratico a velocidade porque não dá!

Assim, quando entro no meu carro de pista, não tento me adaptar a ele, não faço um esforço pra “pilotar bonitinho”. Tudo sai em modo automático, só me preocupo em frear mais dentro, acelerar mais cedo e não bater.

 

Estética

4 - Foto de Ricardo Porto

Quem me conhece sabe que sou fã de longa data da RBR, sendo difícil me ver sem algum boné deles – coleciono bonés em geral, e principalmente da Red Bull. Aproveitando que meu carro é azul decidi adesivá-lo como um carro da RBR.

 

Pneus

Um dos fatores ignorados por alguns praticantes de Track Day é a qualidade dos pneus. Pneus bons fazem a diferença de vários segundos em seu tempo de volta, mas como o custo disso é altíssimo eu só havia corrido com pneus slicks usados, remanescentes da Copa Clio. Não sabia o que era usar um pneu bom e novo e decidi formar opnião a respeito. Comprei um jogo de Yokohama Advan Neova e outro jogo de Yokohama Advan A048 e estava decidido a testa-los em pista junto com os slicks velhos que eu já tinha.

 

1º Dia

Até o momento, sempre entrei em pista com o intuito exclusivo de virar tempo. A razão: sempre andei com um pessoal que tinha um pouco mais de experiência em pista, ou mais coragem, e de todos eles eu era disparado o pior, por isso acabava virando alvo de zoeira e sacanagens do pessoal.

Para dar um basta nisso fui atrás de melhorar, baixando cada vez mais meu tempo, tentando calar esse bullying automotivo e virar o jogo… Mas o que estava fazendo comigo? Virando tempo para os outros? Por algumas vezes me tornei rancoroso, amargo e deixei em segundo plano aquela paixão pela pista.

10 - Foto de Ricardo Porto

Achei melhor repensar meus conceitos, fazer algo para os outros ou para me vingar deles não era algo de meu feitio, então, desta vez entrei em pista com uma proposta diferente: aprender, melhorar e me divertir, e algo só pra mim, não pra revidar provocações alheias.

Decidi deixar toda a telemetria do carro pra depois, parar de ligar para essas besteiras e andar naquele estilo old school… ou seria old is cool: só eu e o carro. Comecei com os pneus de chuva da Copa Clio, os mesmos que usei no vídeo do Corsa vs. Nissan GTR.

As dificuldades iniciais que encontrei foram: o carro freava com uma ligeira tendência de jogar a frente para a direita, o que eu corrigia com o volante, e o meu novo capô de fibra vibrava e balançava bastante, já que era menos rígido que o anterior.

Fora que com os pneus de chuva o carro ficou muito ruim, dianteiro demais, não freava nada, às vezes jogava demais a traseira, mas foi um dos dias mais divertidos. Acho mesmo que gosto da dificuldade, do mal feito, cada curva com o carro ele se comportava diferente da anterior, o que foi um ótimo treino de adaptação e improvisação. Ao invés de reclamar, saí dando risada, e de brinde fui o melhor FWD do dia, sexto na geral, com o tempo de 1:43,8.

 

2º Dia de Pista

No domingo, com slicks usados fiz o tempo de 1:42,7 e cheguei à conclusão que os slicks da Copa Clio são muito bons – porém somente para carros mais fracos. O meu destraciona demais em saída de curva, bloqueava bastante a frente na frenagem e o grip lateral deixava a desejar…

Foi o dia que forcei mais o carro, tentei frear mais dentro, aproveitar um pouco mais a qualidade superior dos pneus em relação aos que usava no dia anterior, tanto que em algumas frenagens o carro chegou a levantar as duas rodas traseiras.

8 - Fotos de Ricardo Porto

O problema foi abandonar a pista em virtude de um vazamento na mangueira de óleo que faz parte do sistema de cárter seco. Quando vi, meu carro parecia uma maria-fumaça ou aqueles carro de combate à dengue.

7 - Foto de Leonardo Perez e Ricardo Porto

 

3º Dia de Pista

5 - Foto de Nemer Scafutto

Hora de testar os Advan Neova! Muiiiito bons! Eu nunca tinha andado com pneus novos de qualidade, de cara percebi que o carro apontava mais nas curvas, porém ainda destracionava bastante.

Primeira volta rápida do dia e já veio meu melhor tempo do fds: 1:42,22, conforme o vídeo abaixo, porém tive que parar, aos 2:28 do vídeo meu capô de tanto balançar acabou forçando uma das travas e quebrando a mesma. O vento finalizou o serviço e quebrou o capô:

Arrumado, remendado com fita e preso com zip-tie o capô, fomos pra pista novamente. Os pneus melhoraram muito o carro, mas tinha algo errado. Olhando as velocidades das minhas voltas eu estava perdendo muita velocidade de reta, chegando a 10 km/h na reta principal, onde minha maior velocidade tinha sido 219 km/h no dia anterior. Na melhor volta do dia eu havia colocado só 210 km/h, fazendo o tempo de 2:41,967:

O carro estava patinando bastante a embreagem quando decidi levar uns caronas para dar uma volta e chegou pingando óleo aos boxes.

Detectamos que o retentor do volante estava deixando correr um filete de óleo e acabava encharcando a embreagem, fazendo com que ela patinasse.

Eu poderia ter parado, dado o risco do retentor se romper e vazar todo o óleo, quebrando meu motor. Porém faltava testar os melhores pneus que eu tinha, os Yokohama A048. Decidi então tentar dar uma última volta rápida pra ver o que dava e parti pra cima. No começo da volta, tudo ok, carro vinha forte e sem patinar, porém, na segunda curva reparei que o carro não destracionava mais e que demorava a pedir marcha. Na hora pensei: “quebrei meu motor”! Que motor valente, mesmo assim continuava forte. Porém decidi abortar a volta, desligar o carro e aguardar o resgate para não piorar a situação dele.

Por isso, eu estava perdendo velocidade de reta desde o começo do dia, o motor já vinha apresentando perda de rendimento até que tal perda fosse mais evidente. Estava eu parado à margem da pista, sozinho e com motor quebrado, com todos os motivos do mundo para ficar puto ou triste enquanto aguardava o reboque.

Então me lembrei o que me disse um amigo um dia desses, por sinal piloto de diversas categorias, Gabriel Ferreira Maia, vulgo Race Driver nos fóruns: “um dia você vai aprender a bater e quebrar e sair dando risada, é a consequência natural para quem está na pista e está chegando cada vez mais perto do limite, aceite isso.” Então, comecei a dar risada, lembrando que este foi o melhor track day de todos pra mim. Curti muito, aprendi bastante e pilotei rápido como nunca!

1 - Foto de Ricardo Porto

Neste track day, será que o RedBull me deu asas, ou sempre as tive, mas a raiva e vontade de dar o troco não me permitiam voar? Sempre tem gente que vai lhe criticar, falar de você e querer te colocar pra baixo.

Uma vez, um destes caras me falou que “prego que aparece leva martelada” e com isso justificava todas as suas atitudes negativas direcionadas a mim. Não entendo gente assim, que tem necessidade de diminuir os outros para se sentir maior.

Siga em frente sem ligar para o que falam, faça sua parte com humildade, porém de cabeça erguida, e lembre-se, no fim das contas, na pista você só tem dois inimigos contra os quais vale a pena lutar:
1) Você mesmo, supere seus medos, limites, seja melhor que ontem em todos os aspectos e evolua, de maneira a olhar para trás com orgulho do que é hj, desejando sempre mais.
2) O relógio, este é o grande inimigo. Baixar o próprio tempo é a meta, por isso gosto tanto de Time Attack.

Se alguém se colocar na posição de rival ou inimigo, tire o melhor da situação e encare essa pessoa como alguém que o desafia a melhorar, somente! A vida é curta e o track day mais curto ainda, só vai até as 18 horas. Então não perca tempo com bobagens e acelere sem dó.

3 - Foto de Alessandra Cirqueira

Por Leonardo Perez, Project Cars #12

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