FlatOut!
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Projetos Zero a 300

Adivinhe o que acontece quando você coloca o motor do BMW M3 girando 11.000 rpm em um “Chevette” ?

Quando se pensa nos carros de tração traseira que possam ser comprados no Brasil por um preço bacana e ofereçam potencial para um project car, é difícil não cair no lugar-comum do Chevrolet Chevette. O compacto foi o primeiro carro mundial da GM, que deixou que algumas de suas diferentes subsidiárias dessem sua própria interpretação à plataforma J.

No Brasil, o Chevrolet Chevette pegou emprestado o visual do Opel Kadett alemão de terceira geração antes de ganhar personalidade própria. O modelo lançado em março de 1973 é conhecido como “tubarão” e é quase 100% igual ao Kadett, que foi revelado na Europa alguns meses depois. Em 1980 veio o Chevette “bicudo”, inspirado no Pontiac Firebird americano. Por fim, em 1983, veio a maior de todas as reestilizações e o Chevette, inspirado pelo irmão maior Monza, recebe o apelido de “Monzinha”.

Mas é o primeiro modelo que é visto pela maioria dos fãs do Chevette como o mais atraente, em parte por sua semelhança com o modelo alemão. E ver o que os alemães fazem com o Chevette (ou melhor, Opel Kadett) por lá é no mínimo inspirador. Quer uma prova? Este Opel Kadett C coupé transformado em um monstro de subida de montanha. Ele só precisa de dois minutos para te deixar boquiaberto, pensando “cara, um Chevette é capaz disto?”

O criador deste Opel Kadett coupé absurdo é o alemão Alexander Hin, cujo nome aparentemente é bastante conhecido no circuito underground de subidas de montanha na Europa. Ele parece ser o tipo de cara que faz tudo na garagem, a portas fechadas, sem se preocupar em ficar tirando fotos e postando atualizações a respeito das specs do projeto em fóruns. Pesquisando um pouco a respeito, descobrimos que a carroceria recebeu para-lamas, capô e portas de fibra de vidro – certamente porque além de reduzir o peso do carro, Hin também modificou os componentes sob medida para o chassi tubular que instalou no carro. Pois é… de Kadett Coupé restou só a silhueta. Mas prossigamos.

O chassi tubular tem entre-eixos mais longo e bitolas muito mais largas que os originais, e a carroceria tem componentes aerodinâmicos nada discretos – um enorme splitter frontal embutido nos para-lamas, saias laterais com dutos de ventilação para os freios traseiros, soleiras altíssimas e uma asa taseira gigantesca. Repare nos dutos de escoamento no topo dos para-lamas, em uma versão caseira do que se vê no Porsche 911 GT3 RS, por exemplo. E a gente duvida muito que o sistema de suspensão original do Chevette, com eixo rígido e barra Panhard na traseira, não tenha sido trocado por algo mais racing, com braços sobrepostos.

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São modificações feitas para melhorar a aderência nas curvas, aumentar o downforce e dar ao carro mais estabilidade direcional. A gente nunca teve o Chevette coupé no Brasil, mas conseguimos imaginar um sedã de duas portas ou mesmo um hatch preparado seguindo esta receita.

Tudo o que foi divulgado a respeito do motor diz respeito a sua origem e sua potência: trata-se de um seis-em-linha S50 da BMW, o motor do M3 E36 europeu. Originalmente são 286 cv, mas o carro de Hin foi preparado para entregar cerca de 380 cv e para girar até as 11.000 rpm. Por mais que as especificações técnicas sejam um mistério (por enquanto), motor de três litros definitivamente soa como se estivesse a 11.000 rpm. A arquitetura quadrada do S50, que tem curso x diâmetro de 86×86 mm (2.990 cm³ no total) torna mais viáveis modificações nos comandos de válvulas, pistões, bielas e virabrequim para conseguir uma faixa de rotações elevada.

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Também topamos com algumas postagens esparsas em fóruns alemães sugerindo que Alexander Hin planeja instalar um motor V8 em seu Kadett C – talvez até mesmo um small block Chevrolet da família LS. As coisas ficariam mais familiares, sem dúvida. Mesmo que o carro já seja mais protótipo que um Kadett de verdade…

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Agora, se você quer ver algo mais próximo de um Chevette de rua, existem outros carros bem interessantes feitos por europeus para subida de montanha, e vários com o monobloco original. O Kadett/Chevette é um carro que recebe muito bem conjuntos mecânicos de diferentes origens – vide a popularidade do Chevette com motor AP no Brasil. Lá fora, a variedade é gigantesca. O carro do vídeo a seguir, por exemplo, recebeu um V8 LT5 – motor desenvolvido pela GM em parceria com a Lotus e utilizado em alguns exemplares do Corvette C4 na década de 1980, com comando duplo nos cabeçotes, quatro válvulas por cilindro e potência que variava entre 500 cv e 650 cv.

Já o Opel Kadett abaixo tem carroceria toda de metal, para-lamas alargados bem mais discretos e um quatro-cilindros C20XE 2.0 16v preparado para entregar 300 cv – potência mais que suficiente para empurrar com vigor os 730 kg do carrinho.

Talvez várias odes ao Chevette já tenham sido feitas, até aqui mesmo, no FlatOut, mas é sempre bom lembrar que um dos carros mais populares entre os entusiastas brasileiros tem um potencial tão grande.