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Afinal, quais são as melhores – e as piores – músicas para ouvir dirigindo?

Para muitos de nós, a experiência ao volante só está verdadeiramente completa se houver música tocando. Claro, todo entusiasta gosta, às vezes, de ouvir apenas o ronco do motor. Mas a música é parte essencial de nossas vidas e, reconhecidamente, a música ambiente é capaz de influenciar diretamente nosso comportamento – e isto inclui o ato de dirigir.

Há grande chance de você ter uma playlist especial, seja em serviços de streaming como Spotify ou Deezer, seja em um pendrive ou cartão de memória, para dirigir. Talvez até tenha algumas playlists diferentes – uma para o trânsito da cidade, outra para pegar a estrada, etc.

Pois saiba que, de acordo com a ciência, a música que você ouve enquanto dirige pode afetar positivamente ou negativamente a forma como você dirige. E isto pode ser uma coisa boa ou ruim, dependendo da música escolhida.

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Um estudo recente, realizado no Reino Unido por uma agência financeira chamada Moneybarn, elencou algumas das melhores e piores músicas para ouvir dirigindo – ou seja, as que possuem mais influência positiva ou negativa no comportamento ao volante. Os resultados não são exatamente surpreendentes, considerando o que diz o senso comum sobre a relação entre música e direção. As melhores músicas para dirigir, com algumas exceções pontuais, geralmente são as mais lentas, tranquilas e de fácil audição. As piores são mais rápidas, animadas e agressivas.

O estudo utilizou como base as músicas mais populares em playlists para viajar de carro (road trip) feitas no Spotify, chegando a uma playlist de 96 canções, de diversos gêneros e épocas. Todas elas são frequentes em playlists de road trip, e variam entre as melhores e piores para ouvir dirigindo. Confira a playlist na íntegra clicando aqui.

Segundo o estudo, as cinco melhores músicas para se ouvir ao volante são estas:

1. “Stairway to Heaven” – Led Zeppelin
2. “Under the Bridge” – Red Hot Chili Peppers
3. “God’s Plan” – Drake
4. “Africa” – Toto
5. “Location” – Khalid

Já as cinco piores são estas:

1. “American Idiot” – Green Day
2. “Party in the U.S.A.” – Miley Cyrus
3. “Mr. Brightside” – The Killers
4. “Don’t Let Me Down” – The Chainsmokers
5. “Born to Run” – Bruce Springsteen

Mas o que quer dizer “melhores” e “piores”? Neste contexto, os termos referem-se respectivamente às canções que estimulam uma condução mais segura – respeitando a sinalização e os limites de velocidade, por exemplo; e às que resultam em um modo de conduzir mais perigoso – dirigir acima do limite, furar sinais vermelhos, etc.

 

E como a música é capaz de fazer isto?

Já é fato conhecido que a música é capaz de alterar a química do cérebro e causar os mais diversos efeitos sobre o corpo humano. Existem casos, por exemplo, de idosos que sofrem de demência que conseguem recuperar a sanidade momentaneamente ao ouvir músicas de sua juventude – a música consegue estimular os neurônios a realizarem conexões alternativas em áreas cerebrais danificadas. Mesmo em pessoas mais jovens e saudáveis, uma música é capaz de evocar um forte sentimento de nostalgia, proporcionando uma pequena viagem por suas memórias mais queridas. Não é à toa que a música é uma ferramenta poderosa em tratamentos psicológicos.

Outro exemplo: em seu livro Why You Love Music, o médico e compositor John Powell dá o exemplo de um supermercado que tinha vinhos alemães e franceses nas prateleiras. Os vinhos tinham desempenho similar nas vendas quando não havia música ambiente. No entanto, ao tocar música alemã, a loja vendeu mais vinhos alemães – e, veja só, o mesmo aconteceu com o vinhos franceses quando se tocava música francesa.  O mais interessante é que a influência, por mais óbvia que fosse, geralmente não era percebida pelas pessoas que estavam comprando – apenas uma pequena fração delas percebeu que a música ambiente havia influenciado sua decisão.

No caso da relação entre música e direção, boa parte da influência da primeira sobre a segunda tem a ver com o tempo: músicas mais rápidas tendem a elevar os batimentos cardíacos de quem as ouve, deixando as pessoas mais agitadas; já músicas mais lentas têm o efeito oposto – elas reduzem os batimentos cardíacos e relaxam o ouvinte. Sendo assim, estabeleceu-se que músicas com tempo entre 60 e 80 bpm (batidas por minuto) – não por coincidência, muito próximo da frequência cardíaca média dos seres humanos – são ideais para dirigir, pois não te deixam mais relaxado e nem mais agitado. Já músicas de mais de 120 bpm não são recomendadas, pois te fazem agir de forma mais urgente e podem te estimular a correr demais, além de desviar sua atenção e reduzir sua concentração.

O próprio Spotify fornece diversos dados a respeito de todas as músicas em seu catálogo, incluindo duração, ritmo, gênero, popularidade (mundial e por país) e características auditivas – o tom, a proporção entre partes instrumentais e partes com vocais, se é uma música calma ou dançante, se é complexa ou simples. Entre estes dados, dois foram aplicados no estudo da Moneybarn: o número de bpm e também a “energia” da música. Músicas mais rápidas, curtas e com mais energia foram consideradas as mais perigosas, enquanto as mais lentas e calmas foram consideradas as mais seguras. Os dados foram dispostos em um gráfico de coordenadas, sendo que o eixo y (vertical) representa a o nível de energia da música (de 0 a 1,6) e o eixo x (horizontal) representa o tempo (de 0 a 220 bpm).

maisperigosa

No canto superior direito do espectro por ser a mais rápida e com mais energia, “American Idiot” do Green Day

menosperigosa

No canto inferior esquerdo, “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin

De modo geral, quanto mais abaixo e à esquerda, mais segura a música. Quanto mais alto e à direita, mais perigosa.

 

Então eu devo deixar de ouvir minhas músicas favoritas no carro?

Não necessariamente. Colocando de forma resumida, porque o gosto musical de alguém é algo bastante pessoal, e a forma como uma música influencia seu cérebro não é restrita à quantidade de batidas por minuto.

Para elaborar melhor esta resposta, podemos recorrer a outro estudo, realizado em 2013 pela Universidade Metropolitana de Londres, que abordou a influência da música sobre os motoristas de forma mais abrangente. Além da conclusão a respeito do tempo e da energia de cada canção, analisou-se a influência da presença e da ausência de música em diferentes situações. Os pesquisadores descobriram, por exemplo, que dirigir ouvindo música pode te deixar mais distraído em situações que exigem mais atenção, porém não surte efeito algum se você estiver dirigindo devagar em um estacionamento, por exemplo.

Eles também constataram que música mais agitada, especialmente em volumes mais altos, pode ajudá-lo a focar-se no que está à frente do seu carro. Especialmente se você estiver em uma rodovia movimentada, de alta velocidade, com diversos estímulos sensoriais – sinais de trânsito, ruído ambiente, carros à frente e na traseira. Isto porque a música ajuda na concentração e aumenta os níveis de adrenalina no corpo – é como se o seu cérebro entendesse que você está em uma situação de risco.

Isto tudo posto, existe toda a bagagem de cada um de nós – ouvir uma música de que você não gosta pode desviar sua atenção de forma prejudicial e te deixar mais irritado e agressivo ao volante, mesmo que você não entenda exatamente o motivo. De forma equivalente, ouvir uma de suas músicas favoritas pode te deixar mais confortável e te fazer dirigir melhor.

Há uma porção de músicas que são consideradas driving songs por excelência – trilhas sonoras de filmes sobre carros, games de corrida, ou canções que simplesmente falam sobre automóveis, corridas e viagens, e isto independe do gênero. Algumas até estimulam o pé direito – é difícil ouvir “Highway Star”, do Deep Purple, por exemplo, e não sentir o ímpeto de pisar um pouco mais. É bom ficar atento, mas não é como se fosse um impulso incontrolável. Você não precisa esquartejar sua playlist – é só dirigir direito, com atenção e, bem, consciência.