Estamos elitistas nos últimos dias, mas não tem jeito: esta edição do Salão de Genebra está sendo marcada pelos super-hiper-megacarros — primeiro, o Bugatti Chiron, depois o Koenigsegg Regera. Agora, é a vez do Apollo Arrow. Pensando bem, será mesmo? Porque, em vez de 1.500 cv como os outros dois, o Apolo Arrow tem só 1.000 cv…
É claro que é brincadeira. Um carro de 1.000 cv não é fraco sob nenhum aspecto, nem mesmo em comparação com outros mais potentes. Hipercarros não precisam de muito mais que 800-900 cv para serem tão rápidos quanto é possível hoje em dia. Pensando melhor ainda, não é incrível que os hipercarros tenham chegado neste patamar hoje em dia?
Enfim, vamos ao Apollo. É claro que seu nome não lhe é estranho — o Gumpert Apollo ficou famoso como um dos supercarros “alternativos” mais bacanas que se pode comprar (e a gente até já falou disto nessa lista). Dotado de um V8 Audi de 4,2 litros com dois turbos e até 800 cv, ele tinha um visual até bacaninha e andava muito bem, sendo capaz de chegar aos 100 km/h nos três segundos baixos, com máxima de 360 km/h.
No entanto, em 2012 a Gumpert pediu falência ao governo alemão, e o último Apollo foi fabricado em meados de 2013. Desde então, a fabricante desapareceu aos poucos e, até o ano passado, o site da Gumpert nem estava mais ativo.
E não poderia haver lugar melhor que o Salão de Genebra, onde os supercarros são as maiores estrelas, para que a Gumpert retornasse. Quer dizer, não exatamente: agora, a companhia se chama Apollo (um nome muito melhor, se nos permitem), e este é seu primeiro modelo, o Arrow. Ele não é uma beleza?
A nova companhia continua sendo chefiada por Roland Gumpert, fundador da Gumpert (que coincidência, não?), mas agora conta com capital novo, fornecido por uma empresa chinesa chamada Consolidated Ideal TeamVenture — que reviveu a De Tomaso há alguns anos, injetando € 1,05 milhão na fabricante italiana. Eles também têm um nome bem esquisito, mas isto não vem ao caso.
O que vem ao caso é que o novo Arrow é bem mais interessante, em termos visuais, que o Gumpert Apollo. De acordo com a Apollo, a inspiração para o design veio dos aviões de caça (especialmente o F22 Raptor) e, veja só, dos tubarões. De fato, a dianteira lembra mesmo a cabeça de um tubarão, e as peças aerodinâmicas aparentemente soltas ao longo da carroceria têm mesmo certa semelhança com asas ou barbatanas. A carroceria é toda de fibra de carbono, como não poderia deixar de ser.
Alguns podem até achá-lo agressivo demais, mas esta é uma das vantagens de ser uma fabricante alternativa de supercarros — não há uma cúpula de executivos prontos para arrancar as partes mais inovadoras e interessantes do design de um superesportivo. A Apollo fala algo sobre o design “transmitir sensação de movimento mesmo quando o carro está parado”, também, mas a gente acha que eles poderiam ter deixado esta frase manjada para lá.
Mas é o carro que importa, afinal, e dá até gosto de ler as especificações: o motor continua sendo um V8 Audi biturbo, porém agora com quatro litros de deslocamento, turbos maiores e um novo sistema de escape. Certamente também foram alterados os parâmetros eletrônicos e os componentes internos do motor, mas a Apollo é econômica nos detalhes.
Não, porém, nos números: são 1.013 cv a 6.750 rpm e 102 mkgf de torque a 3.650 rpm (no sistema imperial, são 1.000 hp e 1.000 Nm, bem mais legal), suficientes para levar o Arrow até os 100 km/h em 2,9 segundos, com máxima de 360 km/h.
O ponto de partida para o Arrow foi o mesmo chassi do Gumpert Apollo, porém o monocoque sofreu alterações no desenho (melhorando, por exemplo, o espaço para as cabeças dos ocupantes). O carro também recebeu novos componentes de suspensão (amortecedores, molas e barras estabilizadoras foram redesenhados), e a Apollo garante que o resultado é um carro ainda mais firme, preciso e rápido nas curvas.
A altura da suspensão pode variar entre 40 mm e 120 mm do chão. As rodas de cubo rápido também são completamente novas, de 20” na dianteira e 21” na traseira. Os freios AP Racing receberam um sistema de arrefecimento otimizado — aliás, todos os sistemas do carro foram redimensionados para o aumento de potência.
Apesar da cor laranja (que, junto com o desenho da dianteira, torna o Apollo Arrow uma espécie de McLaren P1 mais radical), a Apollo garante que o Arrow será oferecido em diversas combinações de cores e acabamentos — mas é preciso correr: serão apenas 100 exemplares.