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Motos

Divindades nas máquinas: as incríveis motos customizadas Deus Ex Machina

Uma empresa com um nome tão forte precisa justificá-lo, e a Deus Ex Machina o faz muito bem: suas motos customizadas são cobiçadas e imitadas no mundo todo, sua marca se tornou sinônimo de lifestyle, com uma grife de roupas, acessórios, equipamentos de motociclismo e até pranchas de surfe com sua marca. Nós vamos falar, principalmente, das motos, porque o nosso negócio é mesmo a parte mecânica da coisa. Além disso, tudo começou com as motos.

Claro, o FlatOut é um site sobre carros, mas tudo que queima combustível e faz barulho nos atrai. E o setor responsável pelas motos da Deus Ex Machina, a Deus Customs, faz um trabalho tão incrível com as motos que não havia como não falar sobre elas em algum momento. Que, por acaso, é agora.

A expressão Deus ex machina vem do latim e, literalmente, significa “Deus surgido da máquina”. Nas antigas tragédias gregas, Deus ex machina era um recurso de enredo que trazia uma solução inesperada para um problema impossível de solucionar. Nos primórdios um deus era baixado por uma roldana para o palco (daí o “surgido da máquina”), mas depois isso evoluiu para um personagem (que podia, mas não precisava, ser uma divindade), um objeto ou um acontecimento inesperado.

Já a Deux Ex Machina surgiu em 2006, quando o empresário australiano Dare Jennings começou a ficar reconhecido em Sydney por suas motocicletas customizadas. A partir daí, a criação de uma companhia e de uma marca para vendê-las foi natural.

Claro, Dare não era nenhum desconhecido: em 1984 ele fundou a Mambo, que rapidamente tornou-se uma das maiores grifes de surfe da Austrália. Sim, o reconhecimento e a experiência prévia ajudaram mas se as motos não fossem mesmo incríveis, certamente a Deus Customs não seria tão grande.

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Até porque o verdadeiro responsável pelas motocicletas não é Jennings, e sim Michael Woolaway, o artesão que customiza cada uma delas. Caras como Orlando Bloom, Ryan Reynolds Bruce Springsteen e Jason Mraz já compraram as suas, nunca pagando menos de US$ 60 mil por elas, ou cerca de R$ 200 mil em conversão direta. Trazendo as coisas para mais perto de nós: James May, famoso por seu gosto por motos retrô, também tem uma:

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Existem motos novas bem interessantes que você pode comprar por esta grana, mas um dos apelos da Deus Customs é a exclusividade. Elas são feitas por encomenda, e cada uma delas recebe um nome e um espaço no site da fabricante depois de pronta. De lá para cá, já são mais de dez anos e centenas de motocicletas que passaram pelas mãos de Woolaway para se transformarem em algo completamente diferente do que eram quando saíram da fábrica.

Há alguns anos, quando as pequenas e ágeis cafe racers, inspiradas nas antigas motos customizadas britânicas, estavam em seu auge de popularidade, era fácil dizer que as motos da Deus eram as cafe racers mais bacanas que se poderia comprar. Mas elas são bem mais do que isto: misturando influências retrô e modernas, as criações de Woolaway são verdadeiramente únicas.

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Depois de pegar com o cliente uma ideia básica do que ele quer, Woolaway desenha a moto e parte para colocar a mão na lata, usando martelos, máquinas de solda e outras ferramentas manuais. Nenhum processo é automatizado ou robotizado, e por isso não existem duas Deus iguais.

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A não ser que você QUEIRA duas Deus iguais – aí eles fazem

Elas podem ser cafe racers, sim, mas também podem ser motos de trilha, scramblers, cruisers ou até mesmo motos de corrida, com carenagem e tudo, feitas para rodar nas ruas. Até mesmo scooterssidecars já passaram pelas mão de Woolaway. Em cada uma, costumam ser investidas algo entre 400 e 500 horas de trabalho. Sempre com resultados estonteantes.

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Como dissemos, são centenas de motos, e fica difícil falar sobre cada uma delas. Vamos deixar que as fotos façam esta parte.

Nos últimos anos, a fama crescente da Deus rendeu alguns frutos interessantes: depois de criar algumas motos customizadas em parceria com a Yamaha, as duas companhias lançaram a Deus Yard Built SR400. Trata-se de um kit que inclui uma Yamaha SR400 zero quilômetro (uma bela moto retrô por si só, equipada com um motor monocilíndrico de 400 cm³) e todos os componentes necessários para customizá-la, incluindo tanque de combustível e para-lamas moldados à mão em alumínio, banco, mostradores, iluminação, rodas e pneus. Você pode comprar o kit e montar sua moto em casa, ou então ir até a Deus para fazer tudo com a ajuda de seus especialistas. Yard Built, aliás, que dizer “construída no quintal”. Faz sentido, não?

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A garantia da Yamaha continua valendo e, aparentemente, a Deus envia os kits para qualquer lugar do mundo (é isto que worldwide significa, não é?). O preço: € 10 mil, o que dá cerca de R$ 37 mil, mais frete (as motos são enviadas da Europa). O grande barato é que a Deus vende o kit como uma tela em branco, pronta para receber a customização que você tiver em mente. Todos os anos a Yamaha realiza um concurso que premia as melhores Yard Builts do planeta.

Agora, o mais impressionante é que a Deus Customs trabalha no prejuízo até hoje. Em uma entrevista ao LA Times, o próprio Woolaway explica a situação: cada uma das motos acaba custando à Deus mais do que o valor pedido por elas.

É aí que entra a experiência de Dare Jennings. Ainda que a sede da Deus Ex Machina fique em Sydney, há escritórios espalhados por todo o planeta. E não estamos falando apenas de mercados desenvolvidos: além das filiais nos EUA, no Japão e na Europa, há uma divisão da Deus em Bali. Isto tem a ver com as raízes de Jennings no surfe – a principal atividade das filiais, mais do que entregar as motocicletas que são exportadas ou promover eventos, é vender roupas, acessórios, equipamentos e capacetes.  “É por isso que fazemos roupas”, explica Woolaway. “Não fosse por elas, estaríamos falidos.”