Em 2016, pela primeira vez em sua história, os Jogos Olímpicos estão sendo realizados no Brasil. Mas você provavelmente já sabe disto. O que você não deve saber é por que estamos falando disto no FlatOut.
Ora, é claro que sabe — você leu o título do post, não leu? Pois bem: por mais que as Olimpíadas não tenham modalidades realizadas com carros (a não ser que você considere os carrinhos de golfe, claro), as fabricantes de automóveis de vez em quando aproveitam os Jogos para criar séries especiais temáticas. Só no Brasil tivemos várias, mesmo quando a Olimpíada era realizada em outros países. Vamos dar uma olhada em algumas delas agora!
Volkswagen Voyage Los Angeles – 1984
Há 32 anos, a Olimpíada acontecia em Los Angeles, nos EUA. Para marcar a ocasião e ajudar a promover o Voyage, sedã do Gol que foi lançado em 1981, um ano depois do hatch. O grande destaque era a cor exclusiva da versão, o azul enseada metálico, mas havia outros diferencias: os para-choques eram pintados na cor da carroceria e recebiam faróis auxiliares Cibié Serra II, as laterais tinham faixas pretas na parte inferior, as rodas de 13 polegadas eram de liga leve e o interior trazia bancos Recaro revestidos em veludo navalhado cinza.
O plano inicial era fabricar algo entre 2.000 e 3.000 unidades (a informação varia conforme a fonte consultada), mas foram produzidas apenas cerca de 300. A cor azul, que logo foi apelidada pelo público como “azul tampa de panela” e, ao que dizem, causou rejeição por ser chamativa demais.
Chevrolet Monza Barcelona – 1992
Foto: essevaleumafoto.com
Não tivemos nenhuma edição especial para a Olimpíada de 1988, que aconteceram em Seul, na Coreia do Sul —precisamos esperar até 1992, quando a Chevrolet lançou o Monza Barcelona em homenagem aos Jogos Olímpicos realizados na cidade espanhola.
Lançado em 1982, o Monza havia acabado de passar por uma reestilização em 1991, ganhando uma dianteira mais alongada e baixa que, por alguma razão, lhe rendeu o apelido de “Tubarão”. O Monza Barcelona era baseado no SL, versão mais simples, e podia vir com motor de 1,8 litro e 99 cv ou de dois litros e 110 cv.
A carroceria, sempre na cor prata-argenta, podia ter duas ou quatro portas e vinha com faixas adesivas nas cores da cidade espanhola. Tinha revestimento interno na cor cinza, rodas de liga leve de 14” com desenho exclusivo, frisos prata nos para-choques e quatro alto-falantes.
Volkswagen Gol e Parati Atlanta – 1996
A Volkswagen foi mesmo campeã em criar séries olímpicas para seus modelos. Inspirada pelos Jogos Olímpicos de Atlanta, nos EUA, em 1996, a marca alemã lançou no Brasil o Gol e a Parati Atlanta.
Seu visual era discreto, com emblemas na tampa do porta-malas e nos para-lamas traseiros, rodas de aço de com desenho exclusivo, pneus mais largos, antena no teto e retrovisores na cor da carroceria, além de faróis com refletor duplo e vidros verdes com para-brisa degradê.
O interior trazia bancos com revestimento exclusivo, volante de três raios (igual ao do Gol GTI). O motor podia ter 1,6 ou 1,8 litro.
Volkswagen Gol Série Ouro – 2000
Em 2000, foi a vez de a cidade de Sydney, na Austrália, receber a Olimpíada e, novamente, a Volks deu ao Gol uma série especial em sua alusão. Apesar do nome, o Gol Série Ouro não era vendido apenas na cor dourada, e havia alguns itens de série interessantes: volante de menor diâmetro (360 mm), direção assistida, cintos de segurança e banco do motorista com ajuste de altura, faróis com duplo refletor e rodas de 14 polegadas calçadas com pneus 185/60. O único motor disponível era o quatro-cilindros 1.0 16v, de 69 cv. Completavam o visual o aerofólio traseiro com brake light e a antena no teto.
Volkswagen Polo Série Ouro – 2004
Em 2004 a Olimpíada foi realizada em Atenas, o berço dos Jogos Olímpicos. O nome era o mesmo, mas a receita era diferente. Desta vez a base foi o Polo 1.6, com motor S/R de 101 cv e 14,3 mkgf de torque, e a lista de equipamentos ficou mais generosa: ar-condicionado, direção assistida, vidros elétricos, porta-malas com abertura remota e até um porta-objetos sob o banco do motorista. Opcionais eram o sistema de ar-condicionado automático, airbags dianteiros, retrovisores com ajustes elétricos, freios ABS, faróis de neblina, CD player com quatro alto-falantes e revestimento de couro no interior.
O Polo Série Ouro também tinha rodas de 15 polegadas, lanternas traseiras com setas brancas (normalmente elas eram âmbar), aerofólio traseiro com brake light e vidros escurecidos.
Nissan March Rio 2016 – 2016
Depois de uma pausa em 2008 e 2012, o Brasil voltou a receber uma edição olímpica — o Nissan March Rio 2016. A fabricante japonesa é um dos patrocinadores dos jogos e, no embalo, criou uma edição limitada olímpica de seu modelo de entrada.
O March Rio 2016 é baseado no topo de linha 1.6 SL, que já vem recheado com ar-condicionado digital, câmera traseira, volante com comandos, direção com assistência elétrica e travas e vidros elétricos. Na série limitada, também é de série o sistema de áudio com tela sensível ao toque e GPS. A decoração fica por conta de detalhes laranja espalhados pelo carro, como nos retrovisores e na grade; saias laterais; spoilers na dianteira e na traseira, rodas de 16 polegadas e emblemas dos Jogos Olímpicos. Além disso, a grade dianteira traz a numeração de cada exemplar — serão apenas 1.000 deles.
Lá fora
Como já dissemos, não pense que foram só os brasileiros que tiveram séries especiais olímpicas. Os gringos também gostavam de homenagear os Jogos Olímpicos com seus carros.
A Mini foi uma delas. Para comemorar a Olimpíada de Londres, da qual a marca foi patrocinadora, foi apresentado o Mini London 2012 Edition, versão disponível para o Cooper D, o Cooper S e o Cooper SD. Nos três casos, a carroceria podia ser vermelha, azul ou prata, teto branco com o emblema das Olimpíadas de 2012 e as cores da bandeira do Reino Unido em uma faixa que corria sobre o capô, o teto e a tampa do porta-malas. No interior, a decoração com a Union Jack se repete, e cada um dos 2012 carros da série recebeu uma plaqueta numerada. Tudo muito britânico, ainda que a Mini atualmente seja uma marca alemã…
De qualquer forma, bacana mesmo foi ver os Mini de controle remoto que eram usados para transportar os equipamentos, como dardos, pesos, martelos e discos de volta, devolvendo-os aos atletas depois de arremessados. Considerando que a Nissan quer transformar o Kicks no carro da Olimpíada do Rio, eles poderiam ter feito algo parecido, não?
Outra tradicional marca britânica, a Rolls-Royce, também apostou na Olimpíada de Londres para lançar uma edição especial. O resultado foi uma série limitadíssima de três unidades chamada Olympic Phantom Drophead Coupé. Elegantemente, as modificações se resumiram a alguns emblemas especiais mas, se tratando de um Rolls-Royce, já é algo notável. Isto porque, pela primeira vez em sua história de (até então) 108 anos, a Rolls-Royce deixou de colocar seu emblema “RR” na grade de um carro — em vez disso, há uma silhueta do “Spirit of Ecstasy” (o ornamento do capô dos Rolls-Royce) e as palavras “London 2012”. As rodas e o volante também receberam emblemas especiais.
Foram feitos apenas três carros, todos utilizados para transportar os atletas na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de 2012. Cada um dos três recebeu uma plaqueta numerada, e era equipado com o mesmo V12 de 6,7 litros e 460 cv de qualquer outro Phantom Drophead Coupé.
Quer outra? Os gringos também fizeram suas edições especiais para comemorar a Olímpiada de 2016. E foi, veja só, a Volkswagen, com o Golf Wagon NZ Olympic Edition, feito para homenagear a delegação olímpica da Nova Zelândia. Apenas 25 unidades do carro, que tem rodas escurecidas, pintura cinza metálica e emblemas especiais, foram fabricadas.
Agora, nem sempre as edições olímpicas são intencionais. Em 1972, quando foi realizada a Olimpíada de Munique, na Alemanha, a Ford havia acabado de lançar nos EUA o Mustang Sprint, que consistia basicamente em um pacote com pintura branca, faixas azuis no capô e detalhes em vermelho, além de emblemas alusivos à bandeira dos EUA nos para-lamas traseiros. O clima patriótico e a proximidade dos Jogos Olímpicos de Inverno levaram muitos do Mustang a chamar o Mustang Sprint de “Mustang Olympic Sprint”, ainda que a Ford jamais tenha ligado a versão oficialmente à Olimpíada.
De qualquer forma, o pacote Sprint fez tanto sucesso, com quase dez mil unidades vendidas, que a Ford acabou por oferecê-lo também no compacto Pinto e no Maverick.