Na Copa do Mundo de 2014, a seleção brasileira de futebol sofreu a pior derrota da sua história para a seleção da Alemanha: foram sete gols em 90 minutos e um choque de realidade que não será esquecido tão cedo. Só que este não é um site de futebol, mas aproveitando este papo sobre alemães fazendo um monte de gols no Brasil, decidimos lembrar sete dos Volkswagen Gol mais bacanas na opinião da equipe do site. Aqui estão eles:
Gol GT
A primeira versão esportiva do Gol nasceu em 1984, mesmo ano em que o modelo ganhou seus primeiros motores arrefecidos a água. Enquanto as versões S e LS eram equipadas com o motor MD 270 1.6 do Passat, o GT tinha algo mais especial: o motor 1.8 que seria adotado no Santana meses depois, porém modificado com o comando de válvulas 49G do Golf GTI alemão.
Foto: Reginaldo de Campinas
Por fora ele se diferenciava dos irmãos comportados pelos faróis auxiliares afixados no para-choques, rodas de magnésio diamantadas, adesivo GT 1.8 nas laterais, grade na cor do carro, grafismo GT no vidro traseiro e aplique plástico na coluna B. Por dentro o negócio ficava ainda melhor: Gol da Alemanha! Os bancos esportivos eram da Recaro, o painel trazia conta-giros e instrumentos auxiliares, o acabamento interno tinha um filete vermelho exclusivo da versão — com direito ao nome da versão no painel — e havia até um cronômetro digital integrado ao relógio.
Com essa receita o esportivo tinha à sua disposição 99 cv declarados (cerca de 105 cv reais) para embalar seus 930 kg. Segundo dados de fábrica, a aceleração de zero a 100 km/h era feita em 9,8 segundos e a velocidade máxima era 180 km/h. Na primeira série, o GT era equipado com câmbio de quatro marchas, mas logo em seguida ganhou o novo câmbio de cinco marchas, que se tornou o padrão na linha Volkswagen alguns anos mais tarde. O Gol GT foi produzido somente por três anos, mas foi tempo suficiente para mostrar ao Brasil que a ideia de um Gol esportivo era boa de verdade.
Gol GTS
Foto: Reginaldo de Campinas
Em 1987 o Gol ganhou uma nova reestilização que integrou os faróis à grade e eliminou o motor arrefecido a ar de uma vez por todas. Nesta nova linha o GT se tornou o GTS e manteve as mesmas características do antecessor: motor 1.8 com comando bravo (o mesmo 49g) e pegada esportiva.
O GTS também se diferenciava dos irmãos pelos faróis auxiliares: os de milha afixados no para-choque enquanto os de neblina eram integrados. Os borrachões laterais eram mais largos, e traziam um filete vermelho que se repetia nos para-choques, dando a impressão de continuidade. Na traseira, — gol da Alemanha! — as novas lanternas eram maiores e ele agora tinha um aerofólio na borda da tampa do porta-malas. As rodas de liga leve também eram novas, com um desenho que acompanhou o modelo até o começo dos anos 1990.
Por dentro a evolução foi mais tímida: no primeiro ano o GTS ainda compartilhava o painel com as versões de entrada do Gol — que naquele 1987 era idêntico ao do modelo pré-facelift, assim como os bancos Recaro. Depois, a partir de 1988, o Gol ganhou dois novos paineis — um mais simples e de material rígido, e outro mais completo, com material emborrachado e teclas de controle nas laterais do quadro de instrumentos. Os bancos também ganharam um novo revestimento.
Foto: Reginaldo de Campinas
Em 1989 o GTS foi reposicionado como coadjuvante da linha esportiva do Gol com o lançamento do GTi, esse sim uma revolução com seu motor injetado — e exatamente o próximo Gol desta lista.
Gol GTi
O GTi chegou em 1989 com um novo motor 2.0, o mesmo que havia estreado no Santana meses antes, e um recurso inédito no Brasil — e que foi fundamental para fazer do GTi o melhor esportivo nacional de sua época: a injeção eletrônica Bosch LE-Jetronic. Com o gerenciamento eletrônico da ignição e injeção de combustível ele produzia 112 cv e 17,5 mkgf, que levavam os 950 kg do modelo aos 100 km/h em 8,8 segundos e à máxima de 190 km/h.
Visualmente ele era bastante parecido com o GTS, porém tinha pintura em dois tons na exclusiva Azul Mônaco. As outras cores, como vermelho, branco e até um chamativo amarelo, saíram nos anos seguintes. O aerofólio do GTi também era exclusivo, mais arredondado que o do GTS, e as lanternas eram escurecidas — ou “fumê”, como se dizia na época.
Por dentro os bancos Recaro tinham encostos de cabeça vazados. Gol da Alemanha. O volante era o mesmo de quatro raios que estreou em 1988 no GTS, e os instrumentos tinham grafismos e iluminação vermelha, que davam um certo ar “diabólico” ao hot hatch. Foram feitos somente 2.000 unidades no primeiro ano.
Em 1991 o Gol ganhou um facelift sutil, que deixou os faróis mais estreitos e a dianteira mais arredondada. O GTS e o GTI também ganharam as famosas rodas “Orbit”, com desenho inspirado nas rodas do conceito de mesmo nome, e mais tarde, já no final de sua carreira, as rodas raiadas tipo BBS.
Gol GTI 16v
Lançado em 1995, o último Gol a usar a famosa sigla foi também o melhor. Quer dizer, desde que acompanhado do sobrenome “16v” — com um cabeçote especial, dotado de comando duplo e quatro válvulas por cilindro, o motor de dois litros se transformava, e passava a desenvolver 141 cv.
Como já explicamos neste post, o carro era fabricado no Brasil, mas o motor vinha importado, quase pronto, da Alemanha. Ele tinha arquitetura bem semelhante à do conhecido AP2000, mas trazia algumas diferenças importantes.
A primeira delas era o bloco mais alto, que permitia maior comprimento das bielas — de 144 mm para 159 mm. Com 15 mm a mais, as bielas mais longas contribuíam para uma relação r/l (resultado da divisão de meio curso dos pistões pelo comprimento das bielas) mais baixa — de 0,32 para 0,29, resultando em motor de funcionamento mais suave em altas rotações e maior rendimento. Além disso, o cabeçote de 16 válvulas alemão tinha fluxo cruzado — e (gol da Alemanha!) as duas modificações ajudavam a elevar a potência do motor a 141 cv a 6.250 rpm, com torque de 17,8 mkgf a 4.500 rpm. Em um carro de menos de 1.200 kg resultado era uma relação peso/potência digna de hot hatches europeus: 7,9 kg/cv. A transmissão era manual de cinco marchas, a mesma do Audi A4 contemporâneo.
O motor também era responsável pela maior diferença estética do GTI 16v em relação ao modelo de 8 válvulas (que foi vendido ao mesmo tempo e era mais manso, com 109 cv): a bolha no lado direito do capô, necessária pois o motor alemão era mais alto. Completavam o visual os faróis auxiliares no para-choque, saias laterais maiores, uma discreta asa na tampa do porta-malas e as rodas de 15” com desenho exclusivo. O interior trazia bancos Recaro de ótimo apoio, volante de diâmetro menor e, como opcional, couro bicolor preto e vermelho.
Em 2000, com a primeira reestilização geral (conhecida como Gol GIII), o GTI 16v passou a entregar 145 cv e ficou ainda mais discreto, pois a VW começou a oferecer pacotes opcionais que poderiam deixar qualquer versão do Gol com o visual do GTI. Foi o último ano da versão que, de preço elevado, perdeu espaço dentro de casa para o Golf GTI com motor 1.8 Turbo. Desde então, já faz 15 anos desde que os fãs da Volks anseiam pela volta de um Gol verdadeiramente esportivo.
Hellbrügge GT4
Na falta de um Gol verdadeiramente esportivo, há quem prefira fazer seu próprio. E tem gente que simplesmente não sabe brincar. Como o criador do Hellbrugge, que, indo direto ao ponto, é um Gol GIII com um motor VR6 turbo de 600 cv e tração integral. E mais: totalmente legalizado para as ruas.
Apesar da sonoridade (e da personalidade) diabólico, o nome do Hellbrügge GT4 não tem nada a ver com o Inferno: é o sobrenome do criador do carro, o paulista Ricardo Hellbrügge. Depois de anos desenvolvendo componentes para os carros dos outros, decidiu usar seu conhecimento para — gol da Alemanha! criar um carro para si. Em suas próprias palavras:
“Em 2002 decidi que estava na hora de fabricar um carro que trouxesse de volta a adrenalina, um carro que informasse claramente o piloto o que estava acontecendo a cada segundo com cada roda. Um motor liso em baixa e absurdamente forte em alta rotação, tração nas quatro rodas para conseguir por no chão toda esta força, freios, direção e suspensão coerentes com este desempenho”.
A tração integral foi a primeira providência tomada: o sistema, com câmbio manual de seis marchas e diferencial com bloqueio controlado pelo motorista (ou melhor: piloto), veio de um Audi S4 adquirido por Ricardo especialmente para doação de peças.
O motor, no início do projeto, era um AP 2.0 turbo (operando a 2,1 bar) e 400 cv. Era um foguete, mas logo o motor começou a demonstrar sinais de cansaço. Foi aí que entrou em cena o VR6 de um Passat, com deslocamento ampliado de 2,8 para 2,9 litros; turbo Garrett GT40 operando a 1,9 bar; radiador de óleo e intercooler. No total, são 600 cv a 7.000 rpm e 64 mkgf de torque a 6.100 rpm — o motor acorda de verdade em altas rotações e leva o carro aos 100 km/h em pouco mais de cinco segundos.
Gol Motorfort 4×4
Foto: ClubedosQuadrados.com.br
O Hellbrügge é fantástico, sem dúvida, mas existe outro Gol preto com tração integral no Brasil: o Gol “G4” 2008 da MotoFort. A receita é bem parecida — motor turbinado e sistema de tração completo do Audi S2 —, porém seu apelo é diferente: as pistas de arrancada. Olha só o bicho em ação:
Em vez de um motor VR6, o Gol Motorfort aposta em um bloco de Golf (gol da Alemanha!), cabeçote de 16 válvulas preparado e um turbo Precision 6765S. Com bielas forjadas da Cunningham, pistões Iapel e uma insana taxa de compressão de 11:1. No total, são 800 cv O câmbio manual de seis marchas veio do mesmo Audi S2 que forneceu o sistema de tração integral
Apesar de detonar na arrancada — estamos falando de um carro que chega aos 191 km/h em 6,2 segundos —, o Gol Motorfort é um carro de rua, com carpetes e painel original (com alguns instrumentos extras, claro). Os bancos são do tipo concha, feitos de alumínio, e trazem cintos de competição de cinco pontos. O interior também recebeu uma gaiola de proteção completa e homologada pela CBA. A suspensão recebeu molas e amortecedores mais firmes, com ajustes que garantem algum conforto, mas o comportamento do carro é totalmente violento.
O Gol Motorfort 4×4 esteve à venda em 2012 — até fizemos uma matéria a respeito no finado Jalopnik Brasil, mas desde então não tivemos mais notícias. Ele deve estar aterrorizando desavisados por aí.
Gol GLR
No meio do fogo cruzado entre os que enxergam no Gol um carro com grande potencial e os que acham que é “carro de manolo” está o Gol GLR, do entusiasta Tiago Kfouri. Voltado para track days, é um dos projetos mais legais que ja vimos quando o assunto é equilibrar visual e desempenho. O fato de, por fora, o GLR parecer “apenas” um Gol quadrado bem conservado com umas rodas bacanas ajuda bastante.
Por dentro, volante de competição, a “chave geral” no painel, os instrumentos aftermarket e os bancos e cintos de competição denunciam o veneno. O motor de 1,8 litro recebeu preparação old school: carburador 2E, comando de graduação mais agressiva, bielas forjadas, radiador de óleo e sistema de arrefecimento redimensionado, além de um turbo KKK K16. O resultado: 256 cv e 38,2 mkgf à disposição do pé direito.
Para domar o fôlego extra, o carro também recebeu suspensão Fênix com amortecedores de maior carga e geometria retrabalhada. As rodas são Scorro de 15×6”, calçadas com pneus Yokohama Advan Neova 195/50. Os freios trazem discos slotados de 288 mm na dianteira e pinças do Gol GTI.
O resultado é um carro veloz, bonito e eficaz no que foi feito para fazer: arrepiar em track days. Duvida? Então se liga no vídeo abaixo, gravado em 2012 no autódromo da Fazenda Capuava:
Gol da Alemanha!
Seu Gol favorito ficou de fora? Então aproveite para deixar sua sugestão nos comentários — quem sabe rola uma prorrogação…