Recentemente a Audi apresentou a nova geração da RS6 Avant, a nova ultimate sportwagon de Ingolstadt. Com um visual bem mais agressivo, a super perua ganhou o motor V8 biturbo de quatro litros do Lamborghini Urus, com 600 cv 81,6 kgfm de torque. A Audi promete que ela vai de zero a 100 km/h em 3,6 segundos – 0,1 segundo a menos que o Urus, com uma carroceria muito mais prática e, ao menos para nós, estilo bem mais interessante.
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A RS6 é a versão mais apimentada da maior perua que a Audi fabrica no momento – no Brasil, aliás, o Audi A6 e seus derivados são considerados carros grandes. No entanto, acima do Audi A6 está o opulento A8… que, infelizmente, nunca teve uma perua. Embora tenha chegado bem perto.
O cenário é o Salão de Frankfurt de 2001 – ou seja, 18 anos atrás. Naquele evento, a Audi apresentou a nós o conceito Avantissimo, que era justamente uma perua para o Audi A8. Um carro tão bem-resolvido que, para nós, é quase inacreditável o fato de ele não ter se tornado realidade.
Na época, o Audi A8 estava no fim de sua primeira geração, esta lançada em 1994 – e já estava ficando ultrapassado em design, com para-choques bem destacados da carroceria, formas retilíneas e uma silhueta muito esbelta (da qual, francamente, sentimos falta nos carros modernos). A segunda geração foi lançada em 2002, e seu design foi inspirado pelo conceito Avantissimo.
Com 5,06 metros de comprimento e 1,91 m de largura, a Audi Avantissimo era uma perua gigantesca que trazia uma bem vinda renovação no estilo do A8. A carroceria, feita de alumínio como no carro produzido em série, tinha formas mais arredondadas e aerodinâmicas, com uma linha de cintura alta e aspecto sóbrio.
Elementos como o formato da grade e o contorno interno dos faróis davam a dica de como o A8 de segunda geração seria, e o restante do carro trazia alguma influência da Audi A6 Avant contemporânea. Detalhes dignos de nota eram os faróis direcionais, que viriam a ser usados pelos modelos da Audi pouco tempo depois, e o teto panorâmico de vidro. O visual era complementado pelas enormes rodas de 22 polegadas, calçadas com pneus runflat que permitiam rodar por 200 km a até 80 km/h.
O interior do Avantissimo também já meio que adiantava o que se veria no novo A8, com a ergonomia e os materiais escolhidos (couro, alumínio e madeira) bem parecidos. No entanto, um elemento marcante era a chamada MMI (Multi Media Interface), uma tela colorida sensível ao toque que servia para controlar o sistema de som e o navegador por GPS, com direito a telefone e acesso à Internet. O sistema também servia para escolher os modos de condução. O Audi A8 lançado em 2002 foi o responsável por introduzir o sistema nos Audi de rua.
Sendo uma perua, obviamente o Avantissimo também tinha o espaço para bagagem como ponto alto. No entanto, sendo um conceito, ele também recebeu uma solução experimental: o assoalho do porta-malas era deslizante, podendo ser estendido por um sistema elétrico, formando uma plataforma capaz de acomodar objetos mais longos. A porção central do para-choque se movia junto com a plataforma. A ideia, porém, jamais foi aproveitada em nenhum modelo da Audi.
O conjunto mecânico era compatível com o de uma perua de alto desempenho. A Audi Avantissimo usava um V8 de 4,2 litros com comando duplo no cabeçote e cinco válvulas por cilindro (40 válvulas no total). Com a ajuda de dois turbocompressores, o V8 entregava 430 cv e 61,2 kgfm de torque e era acoplado a uma caixa automática de seis marchas. A Audi não forneceu dados de desempenho, mas o mesmo motor foi empregado no Audi RS6 em 2002, configurado para render 450 cv. O RS6 era capaz de ir de zero a 100 km/h em 4,2 segundos.
É realmente uma pena que a Audi jamais tenha levado a cabo a ideia de fazer uma perua do A8 – e efetivamente nos privado de uma eventual RS8 Avant. Talvez eles tenham achado que não haveria demanda. Agora, quase duas décadas depois, as chances são ainda menores – até porque, atualmente, já existe o Q8, que oferece todo o luxo e desempenho que o grande público espera de um Audi grande.