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Técnica

Autódromo Velo Città: guia de pilotagem – a bordo de um Lancer Evo X!

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Para quem sempre vê fotos de track days e de provas de clássicos, ele é famoso pelas placas que demarcam as distâncias para as curvas – sempre acompanhadas deste simpático macaquinho (nas placas de 100, ele cobre os ouvidos; nas de 50 metros, os olhos). Mas para quem está do lado de dentro do cockpit, o Velo Cittá é conhecido por ser um dos autódromos mais desafiadores do Brasil.

São 3.430 metros, 14 curvas bastante técnicas e uma variação topográfica impressionante, que faz nos lembrar dos autódromos de antigamente – ainda que esta pista tenha homologação da FIA e esteja servida de uma das melhores infraestruturas do País. Clique na imagem abaixo e dê uma rápida estudada nas curvas antes de encararmos os vídeos on board.

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Aproveitando que iria visitá-lo duas vezes em uma semana – primeiro, para conhecer a Ralliart Brasil, depois para assistir à prova da Lancer Cup e ao Evo Day (track day gratuito para proprietários de Lancer Evolution, de todas as gerações); decidi dar uma estudada mais aprofundada neste monstrinho de asfalto – e para isso, contei com a ajuda de dois feras: o instrutor de pilotagem Eric Darwich e Ingo Hoffmann, a lenda da Stock Car.

 

Aprendendo “na prática”

Melhor do que explicar textualmente o curva a curva, simplesmente assista aos dois vídeos abaixo. Assim, você terá um guia bem prático para consultar antes daquele track day ou daquela prova de regularidade – salve o link desta página e consulte quando quiser!

No primeiro vídeo, Darwich acelera fundo o Lancer Evo X de rua e narra todas as curvas da pista, dando vários toques importantes – com direito a um drift de arrepiar na Curva 2. Para complementar, inseri imagens em vista aérea de todas as curvas e fiz alguns comentários, baseados nos depoimentos deles e de alguns outros pilotos.

No segundo vídeo, pegue uma carona alucinante com Ingo Hoffmann a bordo do Evo RS, modelo de competição da Lancer Cup. A classe e a suavidade do alemão no controle do Evo é algo mais que impressionante – estávamos o tempo todo “esticados” no limite da aderência lateral dos pneus e ele lá, quase sereno. Veja os movimentos das mãos. E aumente o volume!

Se você quer participar de uma prova da Lancer Cup com o Evo RS, o valor é de R$ 40 mil por etapa – com absolutamente tudo incluído: pneus, combustível, mecânicos, manutenção, seguro em caso de acidente, etc. É sentar e pilotar. Agora, se o que você quer é um Evo X de rua, você vai precisar desembolsar um pouco mais: R$ 213.990. Abaixo destas duas opções, a Mitsubishi oferece cursos de pilotagem e test drives no autódromo – clique aqui e confira.

 

Falando um pouco mais

Três coisas me chamam muito a atenção no Velo Città: em primeiro lugar, a infraestrutura absurda – a sensação é de estar em um game como o Gran Turismo, de tão preto e liso é o asfalto, sem falar nos prédios e a atenção com detalhes como a grama e os canteiros floridos atrás das proteções de pneus. Em segundo, o fato de as áreas de escape serem relativamente curtas em alguns locais e sempre cobertas de grama, o que deixa a pista muito mais bonita – e pune mais severamente quem passa do limite. Mas, para mim, sem dúvida, o que mais chama a atenção é a variação de relevo – o que muda bastante as cartas do jogo na dinâmica.

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Se você está com um carro forte de tração dianteira, vale a pena ficar esperto com as curvas em descida (como no trecho final), pois um lift (tirada de pé) muito brusco no acelerador vai fazer você perder a traseira de uma vez. As curvas em subida são quase todas cegas nas entradas, e como a largura da pista varia em alguns trechos, o Velo Città exige mais horas de vôo que a maioria dos autódromos do País.

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Preste atenção na entrada da primeira curva, pois é difícil de se localizar geograficamente: o retão é muito largo, mas a saída da Curva tem pista mais estreita. A zebra de fora chega rápido, de forma que dois erros acontecem com frequência: passo de curva muito vagaroso ou perde-se a dianteira e se compra um lote de grama, à vista. A Curva 2 e a Curva da Mata (6) são deliciosas, um carro bem ajustado escorrega nas quatro em alta velocidade.

As curvas 4 e 12 (Curva do Box) precisam de muito estudo e horas de vôo – são aquelas com ponto de tangência em forma de “V”, com freada tardia, e rotação em raio apertado para uma saída mais retilínea. Acertar o tempo disso sem entrar devagar ou passar da medida e espalhar é bastante difícil. Nas vezes que acelerei no Velo Città, não saí feliz em nenhuma volta. É um desafio de gente grande, especialmente o trecho final, após a reta em descida rumo ao Saca-Rolha. Preciso de mais treino por lá.

Se você for encarar um track day, não deixe de ficar atento aos freios. As áreas de escape são muito curtas e o gramado vai impedir de você perder velocidade no caso de passar reto por fading. Alterne voltas quentes com de cooldown, invista em fluido com alto ponto de ebulição, faça dutos de ventilação para as pinças, enfim, não vacile.

 

Sobremesa: Evo Day

Como falei lá em cima, fizemos esta produção durante uma etapa da Lancer Cup, sempre acompanhada do track day para donos de Evo. Pegue o babador e devore a (propositalmente extensa) galeria abaixo!

O Evo X abaixo virava o mesmo tempo dos ponteiros de Lancer RS de corrida, na casa de 1:44…

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Dietas à base de fibras, slicks, outros upgrades e adesivos car culture eram mais do que comuns na tenda – hellyeah!

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[Update!] Bonus Track II: museu do Velo Città

Antes de a minha câmera dizer adeus à bateria, pude registrar alguns dos carros que estão no museu do autódromo. A coleção mistura um pouco da tradição da Mitsubishi com a história da Souza Ramos – numa próxima ocasião apresentamos a coleção completa!