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Bandeja de fast food é coisa do passado: o negócio agora é drift com PVC nos pneus de trás

Não conseguimos rimar, mas tudo bem. O que importa é a ideia. Você provavelmente lembra da técnica milenar para fazer dorifuto com um carro de tração dianteira: em um ambiente seguro, fechado e controlado (óbvio), coloca-se uma bandeja plástica, daquelas de fast food, em sob cada uma das rodas traseiras, puxa o freio de mão e sai por aí, feliz da vida, fazendo derrapagens controladas no estacionamento. Atire a primeira pedra quem nunca fez isso ou pensou em fazer. Ou viu alguém fazendo. Mesmo que seja pelo Youtube. Enfim.

E também há quem faça isto em ruas de paralelepípedo na chuva  – os blocos de concreto perdem bastante aderência quando estão molhados.

O caso é que, aparentemente, os japoneses acabam de deixar estas técnicas obsoletas. Contemple a nova novidade do momento: drift com anéis de PVC em volta dos pneus traseiros. Se dá certo? Bem, assista ao vídeo e veja por si mesmo:

É Alexi, do canal/site Noriyaro, quem nos mostra esta técnica bem bolada. No circuito de Fuji Speedway ele troca uma ideia e dá um rolê com a de equipe K-Soul. Ele diz que normalmente eles correm com o Toyota AE86, clássico de tração traseira que é praticamente uma entidade divina entre os drifters (com toda a razão), mas que, só para descontrair, começaram a praticar esta modalidade inusitada de derrapagens controladas.

Em essência, o princípio é o mesmo do drift de bandeja: eliminar a aderência das rodas traseiras, para que a mesma derrape embalada pela inércia. No drift “de verdade”, o piloto precisa eliminar subitamente a aderência das rodas traseiras e manter o momentum ao longo de toda a curva. Com as bandejas, a aderência na traseira é sempre zero. Não é um drift propriamente dito, mas dá para passar a tarde curtindo em um estacionamento de shopping center vazio. Não que a gente esteja dizendo para você fazer algo assim. Não faríamos uma coisa dessas! Nunca!

O caso é que as bandejas travam as rodas traseiras, mas os anéis de PVC, cortados de um cano com o diâmetro exatamente igual ao dos pneus usados pelo carro, deixam as rodas girarem livremente, tornando a experiência bem mais “realista”.

Encaixa-se os anéis de PVC no pneu usandos pés de cabra e o peso do próprio corpo, instala-se os pneus de volta no carro e então é só ir para a pista. Não é preciso ir muito rápido para que a traseira se solta. Na verdade é imediato – os carros andam muito devagar, a menos de 60 km/h, e nem fazem tanto barulho. É um drift bem silencioso e, como a velocidade é relativamente baixa, uma rodagem raramente acaba em acidente. O carro para de se mover quase imediatamente.

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Usa-se pneus normais na dianteira, mas os pneus traseiros costumam ser trocados por pneus de neve, com composto mais macio e banda de rodagem mais estreita. Com isto, é mais fácil instalar o anel de PVC. Primeiro, retira-se um pouco do ar do pneu para que se possa encaixar o anel. Depois, infla-se o pneu novamente a 29 psi, o que deixa o anel bem preso.

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Os anéis de PVC duram uma tarde inteira antes de se romperem. O processo seria ainda mais veloz por conta do calor gerado pelo atrito com o asfalto, mas os caras da K-Soul bolaram um sistema de resfriamento estilo McGyver: uma mangueira plástica borrifá água sobre os pneus traseiros ao toque de um botão – geralmente o botão dos faróis, que é reaproveitado. A água fica um galão de água no chão do carro, na parte de trás, e tudo é feito da forma mais simples e funcional possível, sem perfumaria.

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E, de qualquer forma, não havia como os carros usados serem rápidos: todos eles são hatchbacks minúsculos, com motores de até 660 cm³ e potência limitada em 64 cv. Como muitos já devem saber, são os kei jidousha (“veículos leves” em japonês), também chamados de kei cars. Além das restrições de deslocamento e potência, eles não podem ter mais de 3,4 m de comprimento por 1,5 m de largura. Por conta disso, todos eles são naturalmente leves, pesando no máximo uns 700 kg. E os modelos dos anos 90 são carros muito baratos no Japão, custando menos de 32.000 ienes, ou cerca de R$ 950. Sério, é muito barato.

Agora, se esta aplicação desta técnica de eliminação de aderência traseira é novidade, a técnica em si já existe há algum tempo. Coberturas plásticas para pneus são usadas nos EUA por escolas de pilotagem, academias de dublês, produtoras de cinema e até mesmo forças policiais e de segurança para treinar seus pilotos para situações de baixa aderência.

Segundo a Easy Drift, empresa que vende as capas, a vantagem está em poder utilizar qualquer veículo para simular o comportamento de um carro de tração traseira em baixa aderência, facilitando bastante o trabalho de instrutores de pilotagem e reduzindo custos com infraestrutura. Como usam plásticos mais resistentes e próprios para este fim, as capas duram mais – a Easy Drift fala em uma vida útil de até 650 km.

Nos EUA, é proibido vender o acessório a pessoas comuns – apenas companhias de segurança, escolas de pilotagem e produtoras de cinema, por exemplo, podem adquirir as capas plásticas. Será que é tão difícil assim achar esses anéis de PVC? Sabem como é, só por curiosidade.