Fãs de carros gostam de bons comerciais de carro — a gente aqui no FlatOut até fez uma lista com alguns dos melhores, escolhidos pelos leitores. E, bem, todo mundo aqui já é bem grandinho para saber que não dá para acreditar em tudo o que se vê na mídia, seja ela um comercial de TV, uma campanha de Facebook ou um anúncio no Youtube.
Não estamos falando de propaganda enganosa, mas do aspecto técnico da coisa mesmo. Você não acreditaria na quantidade de recursos e tempo envolvidos na produção daquele clipezinho de 15 ou 30 segundos. Com um carro de verdade, é preciso lidar com uma série de aspectos envolvendo o próprio veículo a produção em si — disponibilidade do veículo, locação e seguro, só para começar.
Claro, a computação gráfica pode ser uma mão na roda. Por isso, uma companhia de efeitos especiais britânica chamada The Mill decidiu aproveitá-los ao máximo. Como? Criando um chassi feito especialmente para se transformar em qualquer carro. Virtualmente, claro.
É o Blackbird, que foi batizado assim por ter sido construído exatamente no mesmo lugar de onde saíam os caças Lockheed SR-71 Blackbird. Ele lembra um daqueles esportivos frugais de que a gente tanto gosta, como o KTM X-Bow ou o Ariel Atom, mas é um chassi elétrico com dimensões ajustáveis que pode ser usado no lugar de qualquer carro na produção de um vídeo. E o resultado é absurdamente realista. Dá uma olhada no vídeo abaixo para entender do que estamos falando.
[youtube id=”OnBC5bwV5y0″ width=”620″ height=”350″]O Blackbird usa um motor elétrico para se mover e funciona como uma base para a projeção virtual de qualquer carro em um vídeo. Falando assim, não parece novidade — não é de hoje que carros feitos em computação gráfica são usados em vídeos, comerciais e filmes.
A diferença é que o Blackbird resolve um grande problema dos artistas gráficos na hora de fazer um carro virtual. Veja bem: é relativamente simples criar uma carroceria com formas e texturas extremamente realistas. Muito mais complicado é fazer um carro virtual se comportar de forma convincente e não parecer que está “flutuando” sobre o asfalto — simular o trabalho da suspensão e a deformação dos pneus é sempre um desafio.
É aí que entra o Blackbird. Primeiro, seu sistema de suspensão e seu motor elétrico podem ser programados para simular o comportamento de qualquer carro. Segundo, seu entre-eixos é variável em 1,2 m e suas bitolas, em 25 cm. Terceiro, ele utiliza uma câmera capaz de capturar imagens HDR em 360° e escanemento a laser para criar renderizações virtuais de qualquer ambiente. Com tudo isto, é possível “jogar” sobre ele a carroceria virtual de sua escolha e fazer com que ela se pareça e se comporte como um carro de verdade.
A The Mill também desenvolveu um aplicativo de realidade aumentada exclusivo para o Blackbird: ao apontar a câmera do smartphone ou do tablet para ele, é possível visualizar a carroceria escolhida sobre o chassi em tempo real. A empresa diz que o Blackbird pode revolucionar a propaganda automotiva, tornando muito mais barato e rápido o processo de filmar um comercial de carro.
Se isto de fato acontecerá, ainda é cedo para saber, mas a ideia já rendeu à The Mill até mesmo um Leão de Ouro no festival de cinema de Cannes por seu “pioneirismo e criatividade técnica”.