De volta a programação normal, falando de carro e rindo um bocado. O post de hoje é sobre o que resolvi fazer com o interior da mendiga e também dá uma ótima idéia que projetos de carros não são como projetos de verdade. Aqui o escopo muda e o cronograma é só um sonho.
Quando comprei a Mendigata eu achava que sabia exatamente o que eu queria fazer. Se me perguntassem naquela época eu falaria:
1 – Bancos Concha
2 – Roll Bar
3 – Door Panels de carbono
4 – rear seat delete
5 – interior bem depenado.
Inicialmente eu iria laminar os door panels em fibra de carbono, tenho um bom estoque de fibra aqui e nunca consegui dar uso. Porém, meu lado cagão começou a pensar que não seria muito prudente andar do lado de um dos materiais mais duros da atualidade. Fibra de carbono quando quebra se torna extremamente cortante e me tornar uma cena de “Faces da Morte” não estava no meu script. Como diria o ditado popular – devidamente adaptado para uma audiência tão distinta como esta: “quem tem o orifício excretor com diâmetro reduzido não fecha contratos com orgãos genitais masculinos de grande porte” e assim acabei por me decidir por door panels de materiais mais adequados (termoplásticos ou alumínio).
Minha ideia seria tirar os forros de porta quando tivesse os painéis prontos, mas eu não sou exatamente um cara paciente e resolvi andar com o carro depenado por um tempo “só para ver como seria”. O que eu não contava é que a vida, de uma maneira sábia, acabou tirando a ranger de mim ( e vocês achando que o Audi foi o unico PT do ano… inocentes!) e eu acabei ficando com a vermelha depenada (com todas as suas zicas) de daily por muito mais tempo que eu planejava. Maneiro né?
De um certo ponto era. As pessoas do trabalho não entendiam a razão daquilo e quando dava carona pra alguém a cara de “nojinho”. Assumo que eu achava impagável e que eu ria por dentro. Dentro de mim também existe um punk meio sujo que gosta de Sex Pistols e Anti Nowhere League e ama “chocar o statement”. Mas, com o tempo fui percebendo que o eu havia entrado no modo “full retarded” e eu queria outra coisa.
Quando tive a dignidade de assumir que queria um carro com um mínimo de semelhança com algo que podemos chamar de normal eu comecei a pensar em reformar os door panels para dar um ar “dicurrida”, mas sem ser muito social. Se o carro fosse uma roupa de festa, estaríamos falando de ir pra um evento “sport fino” usando sapatilhas de corrida. Essa seria a idéia daí para frente.
Vagando pela internet achei boas ideias, que somariam bem aos bancos de E90 que haviam sido comprados. Na realidade minha “afobação” em ter comprado bancos que não eram concha acabaram levando este projeto para algo mais com a minha cara “real” do que com a cara que meu ego gostaría. No fim, o resultado foi excelente e bem adequado ao que eu realmente gosto.
Eu vivo sem dinheiro, sou mão de vaca e gosto de fazer as coisas sozinho. Acho que se alguém vai fazer merda no meu carro que seja eu. Resolvi fazer a tapecaria em casa. Eu tinha alguma experiência com isso por causa de amplificadores de guitarra que eu havia trocado o tolex. Vi um milhão de tutorias no youtube e meti as caras.
Fiz os dois painéis traseiros e ficaram maravilhosos. Eu já estava comemorando pensando que em pouco tempo tudo estaria terminado.
Quando comecei a estudar os painéis das portas para planejar a colocação do couro fake neles, vi que a complexidade era muito maior. Neste caso, seria ideal fazer uma costura nos bolsos. Sempre quis aprender a dar aqueles pontos complexos em couro então assisti outro milhão de tutoriais no youtube, comprei umas agulhas, linha e comecei a treinar em casa. O resultado seria perfeito se eu estivesse usando couro de verdade. O material que eu usei não era tão espesso e resistente como o couro e acabava cedendo nos pontos devido a tensão da linha. Não daria certo, aprendi um monte de coisas legais, mas não resolveriam este problema específico. Em um português claro: sentei numa banana.
Percebendo que eu não poderia fazer usando peças separadas eu usar uma folha única de couro era minha única opção. Minhas habilidades como capoteiro amador não foram suficientes e resolvi entregar o trabalho para quem sabe o que faz. Acabei levando os quatro inserts para fazer junto dos painéis das portas e o resultado foi maravilhoso. No fim, deu certo.
Os inserts ficaram prontos na segunda quinzena de março, naquele momento eu estava totalmente ocupado com assuntos do meu trabalho que não consegui instala-los nos finais de semana seguintes. No início de abril sofri o acidente e até agosto ficaram guardados quando eu finalmente consegui fazer sua instalação.
Como tive bastante tempo para pensar e amadurecer a ideia ficou decidido que:
1- paineis de porta e traseiros lindões refeitos
2- Rear seat delete no modo civil (com paineis em carpete ou couro)
3- Bancos de E90
4- Roll bar
Dessa forma eu conseguiria o tantinho de “vulgaridade racing” que eu curto, sem perder os mimos de um carro que dá pra utilizar normalmente somado ao upside de não ter banco traseiro pra não dar carona pra ninguém.
A instalação dos painéis se deu sem grandes problemas, comecei inclusive a fazer o rear seat delete, mas não conclui a parte debaixo dos paineis. Meu material acabou e eu acabei enviando o carro pra oficina sem termina-lo.
Estou em dúvida se coloco o banco de espuma pintado de preto ou se faço em madeira. o banco de espuma é muito leve e encaixa perfeitamente, penso seriamente em utiliza-lo pela facilidade.
Finalmente as fotos do resultado final. Acho que cada vez mais a parte mendiga está sumindo pra ficar só gata mesmo.
Por fim, só para manter a galera interessada: um teaser do que está por vir:
Por Filipe Soares, Project Cars #297