Faz sentido colocar um carro que acabou de ser lançado para brigar com um rival quase aposentado? Do ponto de vista prático, não. Mas apostamos que você quer saber como o BMW M4, com seu seis-em-linha turbinado de 431 cv, se sai contra o Mercedes-Benz C63 AMG e seu V8 aspirado de 507 cv, não é? Pois foi exatamente isto o que os caras da Autocar fizeram.
Steve Sutcliffe testou os dois carros em uma estrada fechada na Europa, e pode dizer melhor do que ninguém como os dois se comparam.
Ao testar o M4, equipado com o câmbio de sete marchas com dupla embreagem e freios de cerâmica, o jornalista disse ter uma ótima impressão: o interior é extremamente bem acabado, com ótimos bancos e volante — o esperado de um carro M — e, nas palavras dele, equilibra perfeitamente esportividade com funcionalidade.
Dentro do C63 AMG, Sutcliffe admite que, apesar de tão bem acabado e construído do que o M4, o interior deixa claro que este é um caro lançado em 2011 (ano em que o C63 recebeu uma reestilização). Sutcliffe usa muito a expressão “à moda antiga” para se referir ao AMG, e não é à toa.
O M4 é um carro muito rápido com seu motor de seis cilindros de três litros, com dois turbos, 431 cv, 56,1 mkgf de torque e corte de giro a 7.500 rpm. Mas as respostas do acelerador deixam a desejar, bem como o ronco do motor, que não empolga como deveria, e o fazem sentir falta do V8 do M3 E90.
Por outro lado, sendo um carro “à moda antiga”, com um V8 de 6,2 litros e aspiração natural que, no exemplar testado — um C63 AMG 507 Edition — entrega 507 cv e 62,2 mkgf de torque, o C63 AMG é mais barulhento, mais responsivo, e entrega uma experiência mais empolgante, no final.
Contudo, o AMG é mais pesado — são 1.730 kg contra 1.530 kg do M4, e por isso o desempenho dos dois é bem próximo: o 0 a 100 km/h, por exemplo, leva 4,1 s no BMW e 4,2 s no Mercedes. No fim do dia, os carros andam praticamente a mesma coisa.
Pelo lado técnico, o comparativo deu empate. Contudo, dá para saber quem ganhou a preferência do jornalista nos momentos em que a câmera mostra Sutcliffe dirigindo. Ele elogia toda a engenharia aplicada ao M4 e o desempenho do carro enquanto o seis-em-linha ronca suave ao fundo. Dentro do C63 AMG, ele simplesmente diz mais de uma vez que ama o carro e que, se fosse gastar seu dinheiro, seria com o Mercedes — com o V8 monstruoso como trilha sonora.