Não faz muito tempo que falamos aqui no FlatOut sobre um estudo que ligava as cores dos carros à personalidade de seus donos. O estudo foi encomendado por uma companhia britânica de leasing automotivo e dizia que donos de carros pretos são mais rebeldes, que donos de carros vermelhos correm mais, e que de carros azuis são mais felizes. Só que a escolha da cor de um carro é subjetiva e há muitos outros fatores que influenciam na escolha — algo que fica bem claro quando analisamos um estudo um pouco mais concreto.
Trata-se do relatório anual da Axalta Coating Systems — que, até o ano passado, quando foi comprada pelo conglomerado americano Calyle, se chamava DuPont Performance Coating. Desde 1953 a empresa, que é uma das líderes no fornecimento de tintas líquidas e em pó aos fabricantes, realiza um levantamento e divulga um relatório sobre as cores mais populares de cada ano.
O infográfico abaixo traz as cinco cores mais populares até 2013 — na America do Norte em todos os anos desde 1953, na Ásia desde 1973, na Europa desde 1980 e na América do Sul desde 2000. O resultado não foge do que esperávamos: com o passar dos anos, o mundo automotivo foi ficando cada vez menos colorido. Olha só:
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Ao olhar a tabela da América do Norte, dá para ver como o branco, o preto e os tons de cinza foram ficando mais presentes, começando em meados da década de 1970 a figurar entre as cinco cores favoritas (além de alguns anos isolados, como 1955 e 1963). À medida em que o estudo foi sendo realizado em outros países, constatou-se que a tendência era exatamente igual nos outros cantos do mundo.
O ano de 1997 foi o último em que uma cor que não fosse branco, preto ou cinza foi a favorita do consumidor — ironicamente, foi o verde que, como o gráfico abaixo mostra, é uma das cores menos populares hoje em dia, mesmo com a tal onda dos “carros verdes”. Na Ásia e nas Américas, as cores mais populares são branco, prata, cinza, preto e vermelho — o branco, sempre no topo e o vermelho, como a opção mais comum para quem quer um pouco mais de cor.
Apenas na Europa há uma exceção — duas, na verdade: o azul, que desde 2009 é a quarta cor favorita, e o marrom/bege/creme, que tomou o lugar do vermelho em 2012. E então, chegamos a 2014:
O gráfico é um pouco mais abrangente, mas as regiões principais permanecem praticamente inalteradas. Contudo, chama a atenção a entrada dos tons de marrom no “top 5”, com 5% da preferência, acima do cinza — este, empatado com o verde, ambos com 4%. É muito cedo para dizer que os fabricantes estão tentando trazer as cores de volta? Talvez não.
Novas tendências
O relatório da Axalta analisa os dados e, com eles, traça um cenário futuro para novas tendências em cores automotivas. Segundo a companhia, nos próximos anos a popularidade de cores vibrantes (que eles chamam de “cores elétricas) vai aumentar entre os jovens e os fãs de esportivos — o amarelo usado nas fotos promocionais do BMW M4 é uma dica —, bem como os tons suaves (pastel) de amarelo, palha dourado. Tons escuros de cinza e marrom (com efeitos perolizados ou flocados) e cores escuras, como vinho e bordô, também estão em alta.
Não é preciso ir muito longe para perceber como isto já está acontecendo: aqui no Brasil, por exemplo o Hyundai HB20, o novo Renault Logan e o Chevrolet Onix passaram a oferecer tons de marrom entre as opções de cores.
O novo VW Fox trouxe um tom de azul vibrante inédito no modelo, e o novo Toyota Corolla, que tem um apelo estético maior do que nunca (ainda que seja mais comportado do que gostaríamos) voltou a trazer o vermelho em sua paleta de cores — tudo bem que o vermelho é a primeira cor que se escolhe ao fugir do preto/branco/cinza, mas vá lá — é um Corolla vermelho!
Isto sem falar no amarelo do VW up! ou do laranja na versão Sporting do Uno 2015 — os dois expoentes do segmento dos compactos estão investindo em cores mais alegres. E também não podemos esquecer das cores que nunca saem totalmente de moda. Por exemplo: independentemente de qualquer momento do mercado, os fãs de muscle cars nunca vão deixar de admirar (e comprar) seus Dodge em cores vibrantes como roxo Plum Crazy ou laranja Vitamin C, pois a nostalgia é uma parte importante do que move esta subcultura.
Tudo isto parece estar dando certo e, se o estudo da Axalta for um indicativo, podemos ao menos torcer para um futuro menos apagado e mais parecido com aquelas fotos da década de 1970 que todo mundo adora compartilhar (como a que abre este post). O que você acha?
[ Foto: sja320/Flickr ]