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Car Culture

Cadê o motorista? Este Audi deu uma volta completa em Hockenheimring sem ninguém ao volante

No passado, as pessoas achavam que os carros do futuro voariam, mas ninguém apostou que eles poderiam rodar por aí sozinhos, sem a necessidade de um motorista para apontá-lo na direção correta. De vez em quando aparecem uns cientistas malucos tentando fazer um carro voador, mas considerando o que estamos vendo hoje, o futuro será mesmo dos carros autônomos.

Isso por que os sistemas que permitem o carro dirigir sozinho são nada mais que evoluções da eletrônica embarcada. Se os sensores já estão lá para outras funções básicas do carro, por que não usá-los para algo ainda maior?

Só que até agora, com exceção de algumas viagens curtas, a maioria dos experimentos com carros que dirigem sozinhos se limitou à condução urbana em velocidades moderadas. Até agora, por que nas últimas semanas a Audi colocou um RS7 para acelerar sem motorista em Oschersleben e Hockenheimring e chegou a 250 km/h nos trechos mais velozes depois de acelerar a 305 km/h em testes.

A Audi considera essa versão autônoma do RS7 um “carro pensante”. Eles até deram um nome de gente ao carro, que agora é conhecido como “Bobby”. Para acelerar no autódromo como se fosse um personagem de “Carros” correndo por Radiator Springs, Bobby usa um mapa da pista com os limites laterais definidos,  sinais de GPS transmitidos por WiFi e por rádio de alta frequência. Além deles, há uma série de câmeras 3D que alimentam o sistema com imagens reais do que há na frente do carro. O computador de controle do carro compara as imagens com as informações pré-carregadas para definir o melhor traçado a percorrer.

Com esse sistema, Bobby conseguiu uma volta relativamente rápida se você considerar que quem freou, acelerou e esterçou foi um programa de computador. Ele percorreu o traçado de Hockenheimring em pouco mais de dois minutos. Como comparação, a pole position da etapa da DTM naquele mesmo dia foi conquistada com 1:33 e o recordista entre os carros de rua é o Porsche 918 Spyder, que tem 900 cv e completou a volta em 1:48,50.

A Audi ficou tão animada com seu evento que até tentou dourar a pílula com o desafio que todos esperavam e colocou o RS7 Bobby contra um RS7 pilotado por um homem. Adivinhem só: Bobby venceu por uma margem de cinco segundos. Só que a Audi ainda não divulgou o vídeo desse feito, o que nos dá motivos de sobra para duvidar da técnica de pilotagem adotada pelo rival humano — especialmente se você considerar que o tempo de volta foi o mesmo de esportivos como BMW M3, Mercedes C63 AMG e Porsche 911 Carrera, segundo a Audi.

Nós desconfiamos que eles foram um pouco otimistas quanto a isso, especialmente se você assitir ao vídeo e notar que o carro não parece estar em seu limite em momento algum. Não há rolagem extrema da carroceria, nem pneus gritando como porcos no abatedouro ou frenagens agressivas como vemos o Stig fazer em Top Gear, por exemplo.

Apesar dessa valorização exagerada, a experiência é bastante válida porque, é a primeira vez que alguém busca os limites de um carro autônomo. Se ele não pareceu ter chegado ao limite do conjunto mecânico foi por que essa é exatamente a diferença entre homem e máquina. Um piloto humano tem a capacidade de sentir as reações do carro e, principalmente, buscar soluções para situações não previstas no programa, como um sobre-esterço na entrada da curva.

Além disso, um acidente com um carro autônomo colocaria em risco a aceitação pública da tecnologia, e é por isso que os engenheiros precisam ser prudentes em relação ao comportamento do carro e, principalmente, à aproximação dos limites sem um humano a bordo.

O grande desafio dos carros autônomos, contudo, ainda é a interação com um ambiente imprevisível como o trânsito do mundo real, onde todas as condições podem mudar em uma fração de segundos. Basta pensar nos quase acidentes que você sofreu e conseguiu evitar por ter reflexos rápidos. É exatamente isso que ainda falta aos carros autônomos.