Esta é mais uma daquelas histórias difíceis de acreditar. Há quase 40 anos, Ian “Skip” Wilson comprou um Chevrolet Bel Air ’57 para restaurar. O carro foi roubado dele duas vezes, ficando desaparecido por 30 anos. Na segunda feira passada o carro foi recuperado e entregue ao antigo dono — totalmente restaurado.
A história foi contada pelo site de notícias local The Press Democrat. Wilson comprou seu Chevrolet Bel Air 1957 em 1975. Era um carro amarelo com teto branco, e estava em péssimas condições. Contudo, Wilson tratou o carro com muito carinho nos anos que se seguiram. Mas oito anos depois, em 1983, o carro foi roubado de sua casa na Califórnia.
Não demorou muito para que o carro fosse recuperado, o que era um alívio. A parte ruim é que a transmissão e o motor não estavam lá, o que significava que Wilson teria ainda mais trabalho pela frente… se o carro não tivesse sido roubado de novo em 1984, mesmo sem poder rodar. Wilson não teve mais notícias do carro, e não podia ver um Bel Air da década de 50 rodando pelas ruas sem suspirar. E foi assim por 30 anos.
Até que, no dia 17 de fevereiro, Wilson recebeu uma ligação de Mike Maleta, investigador da Polícia Rodoviária da Califórnia. Ele dizia que sua divisão havia encontrado um Chevrolet que podia ser de seu interesse no Porto de Los Angeles. Ele seria transportado de navio para a Austrália dali a alguns dias.
O carro foi descoberto durante uma inspeção de rotina nos contêineres, realizada pelo órgao de proteção à fronteira dos EUA. Ao checar o número do chassi do Bel Air, os inspetores suspeitaram de que o carro fosse roubado. A condição foi confirmada por oficiais especializados em investigar crimes de seguro. Era o único carro roubado do lote que estava no contêiner. O Bel Air passou por quatro donos antes de ser encontrado, e o último deles restaurou o carro inteirinho.
O maior mistério: como o carro trocou de mãos quatro vezes sem levantar suspeitas, mesmo com o número do chassi constando nos registros de carros roubados nos EUA?
“Alguém na Austrália deve estar bem irritado”, diz Wilson, que tem 65 anos e está lutando contra um câncer. “Alguém teve muito trabalho e gastou muito dinheiro neste carro. Ele foi todo desmontado e montado de novo!”
O trabalho foi realmente admirável. Agora, o Bel Air é cor de laranja — na verdade, Competition Orange, cor que costa no catálogo do Ford Mustang, o que é meio que um sacrilégio —, e tem o interior preto. O motor é um, um V8 de 350 cv com carburador Holley de corpo quádruplo, é novo, e rodou apenas 14,5 quilômetros desde que a restauração foi concluída. A antiga direção por esferas recirculantes deu lugar a um sistema de pinhão e cremalheira, e os freios dianteiros agora são a disco. O único detalhe de gosto duvidoso são as rodas de 17 polegadas — um jogo de rodas de época cairia bem.
O motor com tampas dos cabeçotes cromadas e carburador Holley
Para ter seu carro todo restaurado de volta, Wilson precisou pagar apenas US$ 900 em transporte e as despesas de depósito e reboque. A princípio, ele teria que pagar também pela documentação 30 anos atrasada, mas o Departamento de Veículos Automotores (DMV) o isentou das dívidas.
Esta com certeza foi uma das restaurações mais longas que já vimos. E agora, ao menos Wilson tem um Bel Air novinho para curtir depois de 30 anos de saudade.
Agora Ian Wilson vai poder colocar este hodômetro para rodar!
[ Fotos: The Press Democrat ]