Sabe aquele professor que, no primeiro dia de aula, fica só fazendo cera e falando nada com nada? Seria eu esse professor, nesta primeira postagem? Bom não sei. Aliás só sei que esse post conta minha história, e provavelmente parte da sua!
Meu nome é Alexandre, tenho 35 anos, casado e com um casal de filhos. Heitor de quatro anos, aficionado por carros e Manu “uma princesa gentil” de cinco anos; minha esposa é Sra. “Aisha” (vamos chamar ela assim por enquanto).
Tenho memória de elefante; consigo lembrar detalhes incríveis da minha primeira infância. Desde um grave acidente de carro envolvendo um Corcel II do meu pai, e um FNM caçamba (lembro da chegada na maca ao hospital, os pontos nas pálpebras e boca, e o Corcel na oficina de um amigo do meu pai, mais parecendo um repolho); isto com menos de três anos; bem como lembro da escolha da minha “primeira profissão” aos quatro anos de idade: “engenheiro de carros”. Bom qual foi meu raciocínio?
Assistindo a “Tenente Rabugento” deparei com um carro do vilão; ao estilo Ferrari, na cor verde cítrico com uma “bolha de vidro como teto”. Logo chamei meu pai, e indaguei:
— Pai, qual nome desse carro?
— É só desenho, não existe.
— Vou criar e fabricar carros para fazer um igual a esse.
— Ah, isso se chama “engenheiro de carros”.
Nisto meu pai já Tnha consertado seu Corcel II, LDO, branco. Lembro que para mim, este carro era vivo… era tipo um animal. Isso na minha cabeça. Sonhava passeando com ele; eu na posição que sempre andava, em pé atrás dos bancos dianteiros, e ele andando “sozinho”.
Nisto, acredito que em 87, meu pai teve unas complicações renais. Um amigo veio lhe visitar, afim de lhe mostrar a pedra retirada do seu rim a poucos dias; sempre curioso desci para acompanhar meu pai. Que carro este conhecido do meu pai tinha?
Um Maverick GT vermelho. Cara nunca tinha visto um Maveco! Foi amor à primeira vista. Lembro dos retrovisores em forma de “bala”, as faixas pretas, o vermelho tão vivo. Queria entrar no carro, e meu pai não deixou e começou a me corrigir.
— Pai, pai, que carro é esse?
— Maverick
— É Bonito demais pai, compra um
— Não fabrica mais… é velho, ultrapassado, beberrão.
Pronto! Agora eu saia na rua para passear, e fica procurando Mavericks e Escort XR3. Gear Head de sangue; coisa de doido.
Já aos oito anos, meu pai já tinha trocado o Corcel II (chorei quando vendeu o Corcel; o velho ficou a pé, e por ordem divina foi contemplado num consorcio Ford em um mês) num Escort 1988, verde, GL CHT a álcool (andava muito esse carro).
Ao ir a pé para escola com minha mãe (que trabalhava lá), de manhã ao cursar a terceira série, passa por um local um pouco “mais longe”, para poder ver um maveco verde de um dono de uma reTfica bem pequena…
O tempo passou… descobri que meu pai tinha um Opala caracterizado como SS quando jovem, todo equipado, e que era o “terror” da cidade. Com os piscas sequenciais, mais ou menos assim:
Aprendo a dirigir, e penso em cursas faculdade de engenharia mecânica. Como em 1999, quase não havia tais cursos, quanto mais no estado de Goiás. Me vi obrigado a seguir a formação do meu pai: direito.
Aos 19 anos, recém aprovado no vestibular, procurando emprego (consegui não ser contratado pela Perdigão! – um feito relevante na minha cidade), achei um Maverick GT V8, branco, com rodas de “Ranger V6”, rebaixado em estado impecável por R$ 7.000, porém havia “choro”. Poxa vida, não tinha mais que R$ 20 na carteira. Esse achado ficou meses e meses, na garagem próximo a minha casa, sempre olhando pra mim. Como não tem como mandar dinheiro pra própria pessoa no passado, fiquei à deriva.
Os anos se passaram, e na família tivemos um Escort 1993 branco, que ficou com meu pai até 2002; Carro este que me “formou”, aprendi muito dirigindo ele em rodovias e estrada de chão antes mesmo dos 18 anos. Foram várias aventuras, carro extremamente estável e de câmbio delicioso.
Com exceção da calota e dos retrovisores pretos, era igual a este
Fiz a faculdade quase sempre com carro emprestado do meu pai. Me formei em 2005, e em 2006 comprei meu primeiro carro “só meu”. Um Peugeot 206 1.4 flex, duas-portas preto. Adorei o carro, foi só felicidade, quando casei ainda tinha ele.
Em 2010 vi o primeiro Camaro moderno ao vivo. Foi um misto de sensações que ia do saudosismo à inveja branca e até um pouco de luxúria. Pessoalmente o carro me remeteu ao Maverick. Sim, Mustang? Não. Olhe com calma: ele parece mais o maveco que o “primo” Mustang.
Mas… tinha o preço: R$ 189.000. Esquece. No futuro dá para encarar.
O Peugeot vendi em 2011 e comprei uma Nissan Frontier XE. Foi paixão arrebatadora… e como toda paixão arrebatadora, vieram os traumas. Com 46.000, 45 dias depois de reclamar de um barulho estranho na revisão, o motor fundiu por “dessincronizar a corrente de comando”. Sim, era vício oculto, defeito preexiste, erro de fabricação, má prestação de serviço da concessionaria em vista que reclamei de um barulho embaixo do motor. A garantia de três anos era fictícia, era um engana bobo. Na hora “H” a fabricante se escusou, a concessionária que sempre foi péssima se escusou.
No fim da contas após reclamar no site Reclameaqui, no Procon e preparar ação (lá se foram seis meses), fiz um péssimo acordo: paguei parte do reparo, e a fabricante doou as peças e a CSS o resto. Vendi a Frontier, com garantia do motor de 1 ano. Sessenta dias depois fico sabendo que ela fundiu e que a concessionaria não queria “arrumar”.
Nesse meio tempo, veio Manu e depois o mini Alexandre, chamado Heitor.
Traumatizado com carro, queria apenas algo “conservador” e com garantia que funcionasse. Fui de ix35. Desencanei de carro. Pronto, acabou. Carro e prejuízo, é ilusão.
Ai veio a minhoquinha: tá perto de quitar a ix35, vai entrar um dinheiro… que tal um Maverick?
Pesquiso bastante Mavericks, mas sempre com os Camaro na cabeça. Conversando com um colega que tinha adquirido um Maverick por R$ 60.000 e que após um ano resolveu vender. Indaguei o motivo e, segundo ele, o carro sempre dava pequenos defeitos e ninguém na cidade conseguia arrumar satisfatoriamente. Citou o carburador que ninguém conseguiu regular, citando ainda que cobravam valores altos dele.
Lembro da Frontier, do trauma de ter que “brigar com mecânico”, da mão de obra local “especializada”. Lendo os Project Cars, desse site, vejo dezenas (ou centenas) de entusiastas que foram lubridiados por mecânicos e lanterneiros. E aquilo me levou a memórias “Frontierísticas”.
É… deixa o Maveco pra depois, num momento mais oportuno, quando aparecer um “no jeito”.
Logo, vamos pro Camaro: ligo numa revenda que estava anunciando um modelo 2011. Faço teste no veículo; curti bastante, mas imaginava um comportamento diferente. Faltava um câmbio manual, e era meio sem sal e sem açúcar. Não curto carro automático e pronto (vocês pensaram “Ah, é porque você nunca teve carro automático”; ops tenho sim: a ix35).
Lembro de ver a venda no Mercado Livre (começo de 2016), um Camaro laranja (Orange Infernal) de importação independente, com o câmbio manual Tremec 6060, motor LS3 de 432 cv (426HP), escape Borla Atakk Full, coletor BBK, intake K&N, molas Eibach, barras estabilizadoras Eibach, e reprog Hypertek, fora o teto solar e angel eyes de fábrica (pacote GM Performance). Ou seja uns R$ 40.000 de acessórios investidos nele, e com mais de 500 cv. Procuro toda a internet, e nada. Resultado: alguém comprou.
Nisso o atual dono do carro (Douglas), se mostra uma pessoa bem tranquila de se negociar, muito educado e amante de veículos. Peço para um amigo inspetor de seguros, verificar o veículo, sendo que ate ele ficou empolgado com o carro. E a conversa vai por WhatsApp; juntei uns 40% do valor do carro. Vou ao banco onde tenho conta desde os 18 anos, e estranhamente negam o financiamento sem motivo (ápice da crise), aí começa um “lenga lenga” sem fim.
Como disse, o atual proprietário, se mostrou uma pessoa exemplar. Literalmente tirou o veículo dos anúncios e meu deu prazo para correr atrás do financiamento. O carro estava reservado! Encostou o veículo na garagem do seu prédio.
Literalmente nos tornamos amigos, temos muito em comum; Financiamento aprovado:
Carro comprado! E agora? Sensação e medo e felicidade ao mesmo tempo. E se for um bomba? E se dirigir ele não curtir, assim como o Camaro automático? Meu Deus, e agora? Alguém disse Galpão Z28?
Na próxima parte continuo esta história contando as primeiras impressões, a manutenção e o primeiro trackday com o muscle. Até lá!
Por Alexandre Prado, Project Cars #401