Bom dia, FlatOuters! Bem-vindos ao Zero a 300, a nossa seleção das principais notícias do Brasil e de todo o mundo. Assim você não fica destracionando por aí atrás do que é importante. Gire a chave, aperte o cinto e acelere com a gente!
Ainda não é assinante do FlatOut? Considere fazê-lo: além de nos ajudar a manter o site e o nosso canal funcionando, você terá acesso a uma série de matérias exclusivas para assinantes – como conteúdos técnicos, histórias de carros e pilotos, avaliações e muito mais!
Chineses estão inflando vendas de carros zero
Sabe aqueles números expressivos de vendas dos carros chineses? Pode ser falso. Inflado por uma artimanha que vou chamar aqui de “jeitinho chinês”, mas que está sendo conhecida como “usado zero-quilômetro”.
O carro nunca saiu da loja. Zero arranhões, zero quilômetros. Mas, para o papel, ele é um usado.É a gambiarra institucionalizada que está bagunçando o mercado de carros na China — e, por tabela, distorcendo tudo: de dados de vendas a preços de revenda, passando por garantias, confiança do consumidor e a sanidade da concorrência.
E isso não é uma teoria da conspiração de quem não suporta ver a China crescendo. Quem revelou o truque foi Wei Jianjun, o big boss da Great Wall Motor, que resolveu quebrar o silêncio e criticar publicamente a prática. Porque, no fim das contas, o que está em jogo não é só reputação: é o colapso de um mercado que já está se equilibrando sobre pernas bambas de excesso de produção, guerras de preço e metas cada vez mais irreais.
O negócio funciona assim: para bater metas e tirar carros encalhados dos pátios, as fabricantes registram os carros como vendidos — muitas vezes para as próprias concessionárias ou empresas “amigas”. O carro é emplacado, vira estatística oficial, mas continua parado. Depois de um tempo, reaparece no mercado como “seminovo” — com um belo desconto e, teoricamente, sem uso.
Só que isso é só a superfície. Por trás do truque tem uma indústria atolada em estoques. Em abril de 2025, os pátios estavam entupidos com 3,5 milhões de carros de passeio. Algumas fabricantes operam com menos de 50% da capacidade produtiva. E como resolver esse gargalo? Com criatividade contábil. Com esse tipo de maquiagem nos números, parece que está tudo vendendo bem. Mas não está.
O consumidor vê um carro elétrico praticamente zero com 30% de desconto e pensa: “negócio da China”. Literalmente. Mas a verdade é que esse desconto vem com letras miúdas que ninguém lê: a garantia começa a contar no dia do primeiro emplacamento — ou seja, você já perdeu alguns (ou muitos) meses de cobertura. Em alguns casos, o carro vem até com dívida pendente ou problemas no histórico de propriedade.
A confusão é tamanha que modelos como o BYD Qin L despencaram entre 30% e 40% no mercado de usados. Isso afeta todo mundo: o cara que comprou novo e viu o valor do carro evaporar, o cara que quer trocar de carro e não consegue um bom valor no usado, e até o investidor que olha os gráficos de venda e acha que está tudo indo bem, quando na verdade está tudo baseado dinheiro e títulos de Banco Imobiliário.
A coisa ficou tão escancarada que até o governo chinês resolveu agir. No fim de maio, o Ministério do Comércio reuniu os principais nomes do setor — BYD, Dongfeng, a plataforma Guazi — para discutir o problema e ameaçou endurecer as regras para vendas de usados e combater o que, em Wall Street, seria chamado de channel stuffing: empurrar estoque para os canais de distribuição só para fingir que vendeu.
Há quem diga que os “usados 0 km” são uma reação natural a um mercado desequilibrado. Mas, na prática, é mais um atalho perigoso — daqueles que resolvem o problema de hoje, mas cavam o buraco de amanhã. E que ignora os motivos do desequilíbrio do mercado. A falta de demanda por elétricos, talvez?
Wei Jianjun não está sozinho quando diz que o caminho tem que ser outro: inovação, produto bom de verdade e transparência. Porque se a confiança acaba, a marca vai junto. E com ela, todo um mercado que já está flertando com o colapso.
Tommy Hilfiger troca Mercedes por Cadillac na F1 – e isso vai além da moda
Depois de quase uma década vestindo Lewis Hamilton, a Tommy Hilfiger decidiu mudar de lado no grid da Fórmula 1. E não é uma mudança qualquer. A grife americana acaba de anunciar que será a parceira oficial de vestuário e lifestyle do projeto da Cadillac a partir de 2026 — sim, aquele mesmo projeto que teve de furar a blindagem germânica de Toto Wolff pra ser aceito no paddock.
A informação veio direto da própria Tommy Hilfiger, num daqueles comunicados onde tudo é “icônico”, “disruptivo” e “imersivo”, mas os detalhes de verdade (tipo valores e duração do contrato) ficam escondidos em algum cofre suíço.
O que se sabe: os carros da Cadillac vão estampar o logo da marca, vai ter coleção de “fanwear” (leia-se: boné caro e moletom), eventos pra influenciadores e campanhas com os pilotos — que provavelmente envolvem vídeos em câmera lenta, aviadores espelhados e frases de efeito sobre sonhar grande.
A Tommy não é novata na F1. Nos anos 1990, ela flertou com a Lotus, depois caiu nos braços da Ferrari — a mesma Ferrari que, ironicamente, vai fornecer os motores pra Cadillac nesse início de projeto. Depois de 2001, a Tommy sumiu do grid por 17 anos, e reapareceu com pompa na Mercedes em 2018 — num acordo que durou até o fim de 2024, quando a estrela de três pontas anunciou sua nova relação com a Adidas.
Se você achou que estamos falando só de moda e patrocínio, achou errado. Isso é uma questão de posicionamento político na F1. A Cadillac suou sangue para entrar na categoria, e encontrou resistência ferrenha justamente da Mercedes, que acusava o projeto de ser “marketing disfarçado de equipe”. Agora, com a bênção de uma marca global de lifestyle e histórico nas grandes, a GM dá sua resposta com estilo. Literalmente.
Mais um Mercedes-AMG One pega fogo
A matemática é simples: a Mercedes-AMG fabricou 275 unidades do hipercarro One. Uma delas pegou fogo no transporte em 2023. E agora, outra se transformou numa lareira sobre rodas em plena rua, na Alemanha. A conta está em 273 e ninguém sabe se vai parar por aqui.
As imagens da mais nova ex-unidade do AMG One circulam em vídeos de baixa resolução do app de dancinhas. Mas o contexto ajuda: dá pra ver claramente a traseira do carro em chamas, com os bombeiros alemães (marcados no caminhão como Feuerwehr) tentando conter o fogo. Spoiler: não deu certo.
O site Exclusive Car Registry, espécie de Wikipédia dos supercarros, já listou o carro como “burnt down”. Simples, direto e seco. Antes de virar carvão, ele aparentemente era pintado em Emerald Green Metallic, um tom de verde escuro metálico que, por ora, só sobrou mesmo no nome.
Não é exatamente uma surpresa. O AMG One foi um projeto tão ousado quanto problemático. A Mercedes decidiu colocar um motor de Fórmula 1 em um carro de rua. Literalmente. O V6 híbrido 1.6 turbo, herdado dos W07 da era Hamilton-Rosberg, gira a mais de 11.000 rpm e exige aquecimento de fluidos e cuidados dignos de um laboratório da NASA — ainda que Tobias Moers tenha dito que “não era tão complicado” colocar um motor de F1 em um carro de rua, na época em que era o chefe da AMG.
O desenvolvimento levou anos a mais do que o previsto. Entre prometer e entregar, a Mercedes teve que reescrever manuais de emissões, adaptar baterias de altíssima densidade energética, e domar um powertrain acostumado a funcionar por 300 km… e depois ser desmontado. É um carro que não deveria funcionar, mas funciona.
Como todo supercarro de altíssimo desempenho, o AMG One não aceita bem a ideia de rotina. Supercarros não foram feitos para rodar no trânsito. Eles precisam de movimento — do ar, dos pneus, dos componentes internos e acessórios do motor. Eles exigem uma rodovia sinuosa numa serra, um autódromo ou mesmo uma rodovia vazia em horários alternativos. Não parece ser o caso desta unidade, contudo. Os poucos minutos do vídeo fazem parecer que ele estava realmente em uma rodovia secundária, usando o carro como ele pede para ser usado.
O que nos lembra o outro AMG One que acabou incinerado: ele estava dentro do caminhão de transporte com o motor desligado quando o incêndio começou — o que levanta questões sobre a confiabilidade de seu sistema híbrido. Como se sabe, baterias de íons de lítio não se dão bem com altas temperaturas, mas não há uma posição oficial da Mercedes-AMG a respeito. A marca certamente irá investigar o acidente para apurar a causa.
Desenvolvimento do Toyota Celica está “avançado”, diz executivo
Tudo começou de novo no fim de 2024, quando surgiram registros de marca recentes para o nome Celica — junto com um easter egg plantado num anime oficial da Toyota. Sim, é isso mesmo. Um anime. Foi o suficiente para fazer fóruns explodirem e timelines virarem infernos de especulação. E aí? Era só proteção de marca? Ou havia algo mais?
Por sete longos meses, silêncio. Até agora. A MotorTrend publicou uma entrevista com Cooper Ericksen, vice-presidente sênior de planejamento de produto da Toyota North America. E ele não deixou dúvidas: “Estamos trabalhando em um produto que teoricamente pode se chamar Celica… se conseguirmos fazer funcionar e for aprovado.”
Essa não é a primeira vez que alguém dentro da Toyota insinua que o Celica está vindo. Em novembro passado, a Best Car Japan entrevistou Yuki Nakajima, vice-presidente global da Toyota. A resposta foi clara: sim, o Celica está em desenvolvimento. Mas faltaram detalhes — e sobrou mistério.
Agora, com Ericksen afirmando que já existe até um protótipo funcional em testes, as coisas parecem mais sólidas. Segundo ele, o carro está em uma “fase bastante avançada” de desenvolvimento. O design final não tem nada a ver com os renders espalhados por aí. E o melhor: nada de eletrificação. Nas palavras de Ericksen, o carro terá “motor tradicional”, descartando por ora qualquer tipo de sistema híbrido ou elétrico. E aí vem o nome que importa: “Akio [Toyoda] já disse que, quando se trata de carros de performance da linha GR, é muito difícil replicar a emoção da pilotagem com qualquer coisa que não seja um motor a combustão.” Amém, Akio.
A ideia é manter o espírito dos GR modernos — GR Yaris, GR Corolla, GR Supra — mas talvez com algo ainda mais leve, mais puro. Um Celica que, mesmo moderno, não renuncie ao DNA que fez a geração GT-Four ser venerada até hoje. Apesar do otimismo, a volta do Celica ainda não tem sinal verde definitivo. Ericksen e David Christ (gerente geral da divisão Toyota nos EUA) foram claros: a aprovação final vem do Japão. E, até lá, tudo pode mudar. “Vamos ver se vai ser aprovado. O nome tem muita história, especialmente nos EUA. E queremos mais carros divertidos de dirigir.”
Com um protótipo rodando, uma possível base da divisão GR, e a recusa explícita à eletrificação, o novo Celica pode muito bem ser o próximo esportivo puro da Toyota — talvez com tração dianteira como nos anos 1980/90, talvez com um chassi compartilhado com o GR86, talvez com um motor 1.6 turbo de 300 cv do GR Yaris. Ou, se a Toyota quiser jogar sujo (e certo), talvez com um nome lendário renascendo do jeito certo: simples, leve, envolvente. Um Celica de verdade. A espera continua.
GR Corolla vai ficar mais potente e afiado
O Toyota GR Corolla já era um dos hot hatches mais empolgantes dos últimos anos, e a Toyota parece não hesitar em deixá-lo ainda melhor para o futuro. Ele ganhou mais torque e um novo câmbio automático de oito marchas batizado de Direct Automatic Transmission. Mas isso, ao que tudo indica, é só o começo.
Em entrevista ao site Motor1, o engenheiro-chefe da linha GR, Naoyuki Sakamoto, deixou escapar — sem querer querendo — que coisas bem mais quentes vêm por aí. Mais potência é uma delas. “Esperamos conseguir aumentar a potência e, com o planejamento, isso pode chegar à produção do Corolla e do GR Yaris.”
Sakamoto contou que a Toyota tentou elevar o desempenho do motor 1.6 turbo do Corolla em testes com o carro de corrida da categoria TCR — e que o resultado foi, bem… didático. “Tentamos aumentar a potência do motor no Corolla TCR, e aí quebramos. Mas agora sabemos o limite. Sabemos como extrair mais. Ainda estamos estudando. Estamos sempre tentando forçar esse limite…”
Ou seja: há vontade, há caminho, mas também há engenharia de verdade no meio — o que é uma ótima notícia. A Toyota ainda não confirmou oficialmente a produção de um GRMN Corolla, mas os rumores estão cada vez mais concretos. Se for verdade, o GRMN Corolla vai usar o mesmo motor 1.6 turbo de três cilindros do modelo atual, mas com uma preparação única. Mais torque, mais potência, mais pista. E não é só motor: o carro deve ganhar também aerodinâmica específica, suspensão retrabalhada, rodas mais leves e pneus mais agressivos.
As mulas de teste já foram flagradas com rodas BBS forjadas de 18 polegadas, calçadas com pneus Michelin Pilot Sport Cup 2 — 245/40 ZR18, mais largos do que os 235 do GR Corolla Circuit Edition.
Ao que tudo indica, o GRMN Yaris será o primeiro a dar as caras — e deve aparecer ainda este ano na Europa. O GRMN Corolla viria na sequência, talvez até antes do fim de 2025. Ainda é cedo para saber quando ou como, mas o tom da entrevista de Sakamoto sugere que o negócio está próximo.