Olá, que tal? Chegamos ao oitavo capítulo dessa saga muito doida, recheado de treta, agonia, desespero, noites em claro e por fim a glória. Será? Então senta ai, prepara um kisuco e vamos acompanhar mais uma etapa emocionante dessa saga francesa.
Bom, tínhamos parado na etapa que os dois ZX estavam fanfarrando na mecânica fazendo sua festinha muito louca, a princípio o carro preto seria o primeiro a sair da oficina, mas quando os mecânicos viram a zueira que estava na parte elétrica, eles correram pro abraço do prata, putz, que errada, antes tivesse ficado no preto.
Bom, o Dimitri, sim, falei que ia contar porque Dimitri, pois então, fiz aniversário em julho e ganhei um pós barba. Tô eu lá no banho refletindo na vida, e depois de passar a loção olhei pro potinho e fiz associações. Dimitri= nome russo, da máfia. Russia que lembra veículos de fuga a alta velocidade e gente muito louca na direção batendo em tudo e em todos.. Embalagem prata com um toque de vermelho= um ZX prata com um capô vermelho. Putz, tudo fez sentido naquela hora e depois de vir uma luz branca do céu e aquele coro: “ooooooooooooohhhhhhhhhhh”. Entendeu né? Pois é, na hora pensei, esse ZX prata vai ser feito pra maldade, máfia pura fugindo noturnamente das blitz e procurando vítimas. Russia total, estava batizado o carro.
O Bruno e o Denner da Weber meteram as caras no Dimitri. Meta 1, fazer funcionar. Pra quem não lembra eu havia conseguido dar partida com no carro em casa com muito custo. Depois que o chicote foi conferido e marcado na ponta a função de cada terminal, eles começaram a instalar o novo coletor e o plugar tudo no chicote. Num primeiro momento o carro ligou, mas ele não mantinha a lenta, daí começou a novela.
Ligaram o Lexia no carro e de cara já descobriram alguns sensores trocados, quem montou esse motor da primeira vez ainda na finada sucata vermelha, não teve cuidado em colocar os sensores na posição certa. E olha que é sensor viu? Só de temperatura deve ter uns 5, daí é sensor disso, sensor daquilo, uma loucura total. O trabalho formiguinha foi sendo realizado. Só pra ter uma ideia olha só a quantidade de sensores para um carro 1995, acho que uns 10 a mais do que um AP. #Paz.
Neste meio tempo sem nenhum carro em casa e quase entrando em depressão, resolvi desmontar a última sucata que restou, para a alegria total da minha mulher. Em dois domingos eu tinha dado jeito no carro e ai foi só enviar para a reciclagem o resto. Minha mulher quase não se aguentou de emoção, juro que vi uma lágrima.
Com a sucata fora da frente de casa entramos em um acordo, e fiz uma limpa nas peças aqui em casa me livrando de muita coisa que era lixo e outras que não tinha valor pra venda. Acertei com ela que o restante das peças que não cabiam no quartinho onde fiz as prateleiras, ocuparia um pequeno espaço no corredor, deixando o resto livre. Peguei um pranchão de madeira, fiz uma mesa e enchi de peça encima e embaixo. A alegria dela de não ter carro na frente de casa compensa a bagunça do corredor, que hoje está assim:
Em outro lugar da cidade, o pessoal da Weber continua na saga de ligar o bendito do Dimitri. Acharam todos os sensores trocados, sorte que eu tinha um monte de sensor das sucatas, não vendi nenhum deles já pensando nisso. Fizeram todas as correções no motor, só tive que comprar o sensor de detonação novo, pois o que estava no carro estava completamente destruído.
Como tínhamos pressa corri pra ver se achava na cidade mesmo, porque esperar pra vir pelo mercado livre ia ser osso. Bom, primeira coisa, descobrir qual sensor é igual, visto que nunca eu ia achar original. Descobri que o sensor de detonação do Marea servia, corri nas lojas de peças elétricas e achei um Bosch novo de Marea por 150 reais, obvio que muito mais caro que os 60 reais cobrados no mercado livre, mas eu realmente queria meu carro funcionado, isso porque vendo a agenda de track days, descobri que teria um dia 28 de outubro em Curitiba. Então no inicio de outubro eu liguei pro Bruno e disse: – E ai, vou fazer a inscrição, até final de outubro dá? O Bruno otimista disse, olha até antes viu. Bom, comprei a entrada antecipada e fui na fé.
Tudo trocado, sensores comprados, coletor sem acavs no lugar, quando de repente depois de três ou quatro testes o motor de arranque deu pau. Daí vou eu correr atrás de um motor de arranque das minhas sucatas, peguei um que estava funcionando, testei e levei. Quando cheguei lá eles disseram: – Olha, mexemos no aterramento lá e voltou a funcionar.
Bom, continua montar, testa aqui testa ali o carro ligou e estabilizou. O maldito do culpado foi um sensor de temperatura que dava uma leitura errada e o carro não estabilizava, acredita nisso?
Daí quando você pensa que tudo são flores o motor de arranque para. Sorte que no dia anterior tinha chegado via ML um arranque novinho que comprei mais barato do que o valor do reparo de um usado. Como sou neurótico com essas coisas de estoque de peças, usei esse que chegou no prata e já comprei outro pra guardar, nunca se sabe quando posso precisar. Sim, eu sei, sou pirado, conta uma novidade agora.
Vai dizer que não está barato? Vão acabar com o estoque do cara
Primeiro problema resolvido, o carro funciona e mantém a lenta, mas daí aparece outro problema cabeçudinho querido, quando o carro acelarava ele ficava fraco e morria. Daí corre aqui e ali, pergunta em um grupo, pergunta em outro, passa informação, vai e volta, daí recorre a quem adaptou um coletor de Dakar no Coupê, pede vídeo, confere tudo, e todo esse processo num loop exaustivo e por ai vai e nada de resolver o problema.
Quando numa cagada uma mangueira conectada num T que faz parte de todo o sistema de vácuo solta e o carro não morre. Putz grila, dá pra acreditar? Existem um T de umas quatro vias eu acho, e uma saída dele tinham feito um remendo com durepoxi, mas a passagem ficou pequena, por isso o carro em lenta estabilizava pois não precisava de tanto vácuo, mas ao acelerar ele morria, pois o buraco era insuficiente. Nesse processo todo estamos falando de praticamente uma semana que o carro estava sem progresso nenhum, porque simplesmente não se achava a porcaria do problema. Aqui tem mais ou menos um esquema das ligações no coletor original com as ACAV, como tínhamos trocado o coletor pensamos que alguma coisa estava errada, mas na verdade era só o T. Refizeram a ligação e agora sim, temos lenta e aceleração.
O pior é que eu não sossego, sou chato demais, e os caras da Weber já perceberam isso. A cada problema que surgia eu ia lá, consultava o service, mandava o problema no grupo pra galera ajudar. Vai pesquisar aqui, vai ali, mandava trocentos trilhões de áudio pro Bruno que numa paciência de Jó nunca me mandou a merda ou algo tipo, mas vou te falar, sou chato pacas. Pior que eu fico sem dormir, ficava pensando no que poderia ser, o Dimitri estava literalmente tirando meu sono, e quando o bicho finalmente pegou e estabilizou e eu ouvi o ronco daí a alegria invadiu o peito, agora sim. Agora sim Rubinho, agora sim Rubinho. Hoje sim! Hoje sim! Hoje não…
Dimitri não ia deixar barato não, o carro pegou, estabilizou a lenta, acelerou bonito mas a ventoinha não ligava. Nesse meio tempo trocamos o escapamento do preto com o do prata. O do prata estava original e o do preto com abafador esportivo e ronco desgraçado, rs. Como o propósito do preto é originalidade e do prata pista, nada mais justo que trocar os órgãos. Foi praticamente um transplante. Quanta cumplicidade entre carros. Lindo, escorreu uma lágrima aqui.
Pior que não foi só isso não, a todo o momento o pessoal da Weber corria no preto, olhava como estava, corria no prata. Troca módulo aqui, troca sensor ali, troca bico aqui. Sério, tu não tem noção do tanto de testes que eles fizeram pra achar o problema da lenta e da aceleração, nesse ponto o preto foi importantíssimo para ter uma base do que alterar no prata. São irmãos colaborativos. A presença de mais um carro e tão original como o preto ajudou muito na manutenção do prata.
Bom, ventoinha aquela novela, e tirando o sono, e faltando uma semana pro track Day e bateu o desespero. Na sexta feira liguei pro Bruno e combinamos que eu montaria o pára-choque do carro e levaria na oficina e eu mesmo montaria pra tentar agilizar o lado deles na mecânica na segunda feira. Então peguei o pára-choque do vermelho, grade, e os dois acabamentos dianteiros, levei pra pintar e montei no domingo. Pintura também foi uma novela, demorou três semanas pra pintar só essa peças. Estava começando achar que era um sinal divino.
A um tempo atrás em um grupo alguém anunciou um milha Sierra II original por um preço bacana demais, não tive dúvidas, arrematei, como o carro seria pra pista, a capinha teria a nobre função de preservar o milha, além do que iria deixar o carro com um visual mais Racing.
Domingo então fui eu lá adaptar o milha, deu um trabalho do cão, porque o suporte do milha original é atrás dele e do sierra fica encima, tive que abrir um buraco no pára-choque pra poder fixar o milha e deixar alinhado. Mas ficou bacana demais.
Segunda feira apareço eu lá na Weber pra montar o pára-choque e nisso os dois já estão extressados de ficar o dia todo em cima do ZX e nada da ventoinha ligar. Quando cheguei no portão eles estavam voltando da lanchonete porque tinha resolvido para um tempo pra acalmar os nervos, Dimitri estava judiando da galera. Tinha uma dica do pessoal do grupo que tinha uns relês da ventoinha atrás da coluna de direção dentro do carro. Num primeiro momento isso soa meio estranho, mas a informação é quente, realmente tem uns relês lá dentro que controlam todos os ventiladores, mas infelizmente eles estavam legais.
Confere fusível aqui, confere ali, mexe em relê, olha no Haynes, liga pros manjadores do grupo, testa ventilador e nada de achar o problema. Olhei sério pro Dimitri e igual doido ali na oficina comecei a conversar com o carro, na frente dos mecânicos. Falei, Dimitri, porque você está fazendo isso comigo, que bicho tinhoso.
Então resolvi me concentrar em montar a frente do carro, pois seria indispensável pra testar o carro assim que ele ficasse pronto, enquanto isso o Denner estava pensando em algum jeito de deixar a ventoinha do carro acionada, para pelo menos ir no track.
Montei um lado, parafusei tudo, liga milha, na hora que vou montar o outro lado eu vejo um plug solto. Daí chamo os meninos e digo, e esse plug solto aqui? Acho que a caixinha tá no porta malas. Putz. Se não vai acreditar, a ventoinha ligou, pensou que eu ia dizer que não ligou? Hahahahah. Aqui o carro no elevador na hora que eu montava o pára-choque e o plug escondido na caixa de roda.
Dentre os zilhões de relês deste carro que envolvem ventoinha e ventiladores, existe um bitron escondido dentro da caixa de roda que fixa preso de ponta cabeça que serve justamente pra ligar a ventoinha do carro. Essa informação até gente do grupo desconhecia, foi só conectar o bitron e pronto, ventoinha funcionando.
Problema resolvido, agora era só sair no dia seguinte com o carro e testar pra ver se tinha ficado bom e depois ficar feliz da vida com ele, mas espere um momento, nem tudo são flores.
Dimitri não ia deixar barato, estamos começando a ficar convencidos de que o Dimitri tem vida própria, ao estilo daquele carro vermelho assassino que eu esqueci o nome, da sessão da tarde, sabe? Cristine eu acho. Bom, o Dimitri tem alma, e não é que na primeira acelarada forte jorrou água por todos os lados, um selo do motor arrebentou.
Esse motor ficou pelo menos uns 5 anos parado no carro, até o Douglas que eu sei que lê o flatout, se quiser me mandar um resumo desse carro vermelho e desse prata, escreve nos comentários ai que coloco no próximo texto, acho que a galera vai gostar de saber o histórico, mas basicamente esse motor acho que ficou uns 5 anos parado. As mangueiras tinham sido revisadas, o radiador eu troquei, mas quem poderia imaginar que era o selo?
Levanta o carro, troca o selo, do lado também estava ruim, troca também, e nessa de levantar de novo, foram conferir o óleo da caixa e estava baixo, além disso na primeira volta as bieletas foram pro espaço, porque a borracha ressecada se desfez. O engraçado é que muitas coisas aconteciam no Dimitri e eram como se fossem ele avisando, olha aqui….tem mais isso, não vai esquecer de checar isso. Engraçado que eu pensei nisso, mas o Denner também disse a mesma coisa, o carro estava avisando que tinha mais coisa pra fazer. Esses problemas foram tudo numa sequência, imagina estourar um selo no track? Voltar de guincho? Ou então dar pau na caixa por falta de óleo? Obrigado Dimitri, bom nesse caso obrigado Deus, pois permitiu todos os problemas na oficina pra não acontecer nenhum na estrada. Amém.
Durante a semana toda, as noites da oficina foram praticamente assim:
Bom, sexta-feira então antes do track day, o carro estava praticamente pronto, faltavam alguns ajustes pra fazer, como trocar bicos etc, mas mesmo assim fui lá na Weber e o Bruno falou, vai dar uma volta vai.
Então eu fiz o vídeo, da primeira volta que eu dei no ZX prata, no Dimitri, o motivo de eu estar aqui escrevendo pra vocês e o único responsável por toda essa loucura francesa, com trilhões e zilhões de carros passando aqui em casa. A sensação de tu conseguir finalmente algo é indescritível, é bom demais. Engraçado que quando eu comprei o preto, minha mulher até falou, porque você não desmonta o prata que vai acabar sendo mais vantajoso vender as peças do que continuar gastando com esse carro. Bom amigo, daí voltamos para aquele assunto do último post, eu não tenho coragem de pegar um carro com documento e tudo certinho e desmontar só por causa das contas de quanto vai gastar e tal. Aqui não filhão, vendo um rim mas esse bicho volta a vida de qualquer jeito. (aguarde nos próximos posts a planilha de gastos do carro, sim vou abrir tudo)
Peguei o carro sábado a noite com o Bruno e dá lhe pau em casa montar o resto pra ir no track Day. O carro estava com os faróis só colocados pra dar uma volta, mas a fiação estava tudo desligada. Estava sem buzina, sem os piscas, pára-choque estava só fixado com 3 parafusos, sem os bancos traseiros, sem macaco etc. Resumindo, peguei no carro as 9 da noite e fui terminar de colocar tudo só as 4 horas da manhã. Coloquei o básico, ainda ficou faltando montar o interior, os acabamentos externos, estribo etc. Fui dar uma cochilada pra acordar as 9 da manhã e partiu Curitiba.
De manhã coloquei uns adesivos que já tinham vindo da china, outros da mecânica, outros eu havia mandado fazer e o carro ficou assim.
Aqui nestas fotos eu já havia voltado do track, por isso o 87 no parabrisa, mas basicamente foi assim que eu fui pra Curitiba. Mandei até fazer um adesivo especial com o número do PC deste carro. Enchi o tanque e fomos embora. Quem foi comigo foram os meus amigos que inclusive são donos do Suzuki Swift que já apareceu de relance em alguma foto e que está sendo preparado para pista também.
Chegando em Curitiba parei no posto pra encher o tanque novamente, só pra fazer a média. Incríveis 6,8, huahauahuahauhauau, tá certo que fui a 130 na BR, mas mesmo assim, é um redemoinho de gasolina no tanque deste carro. Fora que o barulho a 130 direto na BR é insuportável, não sei se foi a noite mal dormida, ou o barulho do carro, ou os dois, mas quando cheguei em Curitiba tive que tomar remédio para dor de cabeça. Vamos dormir bem na próxima e ver se era o barulho mesmo.
Chegando no AIC e emoção aflora, o barulho da pista, os carros passando a milhão, foi meu primeiro track e não dá pra descrever a alegria que senti. Estava me sentindo um piloto, rs….. o clima é muito show, o pessoal se confraternizando nos boxes, as pessoas mexendo nos seus carros, enfim, vale muito a pena.
Como foi minha primeira vez, confesso que andei igual uma velha varizenta, por dois motivos até. Primeiro que o motor desse carro tinha ficado parado muito tempo, e ele mal havia andado 100 quilometros e eu já estava metendo na pista. Segundo porque não tinha experiência nenhuma em track. Fui de boa, curtindo a pista, indo aos poucos, entrando forte nas curvas pra ver o Catt em ação, sem me preocupar em rachar com ninguém, ou competir por posições, fui simples e puramente por prazer, e vou dizer: que terapia boa.
O vídeo é longo, mas quem quiser pode dar uma espiada aqui. Comecei a filmar logo antes da primeira volta.
Vou falar uma coisa, você não precisa gastar muito pra se divertir. Acho que meu carro era um dos mais baratos em termos de investimento e valor do carro somados. Se você não cair na pira de querer fazer o melhor tempo, ou ficar puto que os caras te passam e querer ir atrás, vou dizer que existem muitos carros na faixa de 10 pila que não fazem feio no autódromo. Esse carro nasceu pra pista, faz mais curva que a Sheila carvalho dançando no tcha, e o motor de 155cv é o suficiente pra tirar muitos sorrisos do seu rosto. Não desmerecendo quem gasta uma fortuna nos carros, longe de mim, cada um com suas possibilidades, mas estou dizendo pra você afegão médio que não tem muita grana pra gastar que é possível sim ir pra pista e se divertir muito com uma verba pequena e vale muuuuuuito a pena.
O carro foi e voltou de boa, não ferveu, não subiu demais a temperatura de óleo, não falhou, não rodei na pista, tudo de buenas, digno de um guerreiro. Me diverti a tarde toda e cheguei em casa sem nem precisar olhar o telefone do guincho e isso foi uma vitória.
Bom, segue um vídeo com um resumo de toda essa saga, inclusive com alguns spoilers do próximo episódio dessa insanidade francesa.
Bom por hoje é só pessoal, até o próximo capitulo dessa saga com mais novidades, deixo por último esse meme, pois bons entendedores entenderão. Fui.
Por André Lenz, Project Cars #417