FlatOut!
Image default
Car Culture Zero a 300

Comece a semana com este Porsche 356 ultrapassando 27 carros em menos de cinco minutos

Sam Tordoff não começou bem sua participação no Fordwater Trophy, uma das várias corridas de clássicos do Goodwood Revival 2018. Ele havia conseguido a pole position com seu Porsche 356 Pre-A 1954 mas, na hora da largada, o motor do carro simplesmente apagou. Sam perdeu preciosos segundos e foi ultrapassado por todo o grid – de primeiro a último, na 29ª posição.

É para acabar com o dia de qualquer um. Mas Sam Tordoff não se deixou abater: pisou fundo, alcançou os colegas, ultrapassou quase todo mundo e conseguiu se colocar na segunda posição. Tudo isto em menos de cinco minutos. Ele pode não ter vencido a corrida que tinha tudo para liderar de ponta a ponta mas, na boa, o que ele conseguiu fazer foi ainda mais impressionante. Jaguar XK120, Lotus Mk6, Ferrari 225S Vignale Berlinetta, Ferrari 250 GT, Lancia Aurelia ficaram para trás – Sam só não conseguiu ultrapassar o Aston Martin DB2 de Darren Turner, que venceu a corrida. Mas largando como largou, quem se importa com isso?

A façanha foi toda registrada onboard, garantindo nossa dose de inspiração para começar mais uma semana. Acho que nem precisamos dizer que é uma boa ideia descolar fones de ouvido se você curte o ronco de um aircooled preparado.

O Fordwater Trophy é uma das dezenas corridas temáticas que acontecem durante o Goodwood Revival. Se o Festival of Speed, principal evento realizado na propriedade de Lord March, é uma verdadeira celebração ao automobilismo clássico, com exposições, concursos, leilões e, claro, corridas, o Revival foca mais na parte das corridas – com direito à presença de muitos pilotos profissionais que dão uma pausa em suas temporadas para relaxar… fazendo exatamente o que fazem no trabalho, porém com carros antigos. Que, muitas vezes pertencem a suas coleções pessoais.

Sam Tordoff, no caso, pilota um Ford Focus RS no BTCC, o Campeonato Britânico de Turismo. Nas horas vagas, porém, ele prefere os Porsche. Sua família é dona de um Porsche Classic Center em Leeds, uma das quatro concessionárias especializadas em clássicos Porsche do Reino Unido, e recentemente ele comprou o Porsche 356 especificamente para eventos como o Goodwood Revival.

classic_and_sports_car_goodwood_revival_2018_day_two_highlights_fordwater_3

O Fordwater Trophy é a categoria do Goodwood Revival reservada aos carros de turismo fabricados entre 1948 e 1955 que estejam totalmente period correct na preparação e na apresentação – seguindo o regulamento do Apêndice K da FIA para provas históricas, que ainda permite alguns itens atuais no interior dos carros, como bancos, gaiola, cintos de competição e volante, por questão de segurança.

Porsche-356-pre-A-race-car-3

No mais, o 356 “Pre-A” – classificação que se dá aos primeiros exemplares fabricados na Alemanha, e não na Áustria – tem carroceria de aço, freios a disco nas quatro rodas e motor flat-4 1500 que rendia até 70 cv originalmente. Os carros só podem usar componentes e métodos de preparação que estavam disponíveis no período em que foram fabricados.

sam_tordoff_porsche_356_19032018_8692

Nosta-se que é um Porsche 356 Pre-A pelo leve vinco no para-brisa (o chamado “bent window”), que a partir de 1953 tomou o lugar da peça bipartida

sam_tordoff_porsche_356_19032018_8680

Preparando o motor de acordo com as regras – aumentando o deslocamento para 1.584 cm³, retrabalhando o fluxo dos cabeçotes e modificando carburdores, comando de válvulas, pistões e bielas – ele conseguiu extrair 170 cv, que são mais que suficientes para empurrar com muita agilidade os menos de 750 kg do carro. E, aliado à habilidade de Sam ao volante, o 356 conseguiu se recuperar do irrecuperável, com uma média de quatro ultrapassagens por minuto no circuito de 3,83 km.

classic_and_sports_car_goodwood_revival_2018_day_two_highlights_fordwater_1_0

De fato, já é impressionante o fato de o 356 não ter sido atingido em cheio por nenhum do outros carros durante a largada

Não foi preciso mais que duas voltas e no vídeo abaixo, que mostra os melhores momentos da corrida de outros ângulos, dá para ver melhor o ritmo com que os clássicos de mais de 60 anos deslizam sobre o asfalto. Vale lembrar: usando pneus novos, porém fiéis ao que eram na época, com perfil mais alto e paredes que se dobravam muito mais nas curvas, tornando a tarefa de controlar o carro sem perder velocidade nas curvas muito mais desafiadora e visceral.