V6, V8, V10 ou V12? Nenhum deles: há quem prefira o ronco suave e marcante de um seis-em-linha. E com razão: há diversos clássicos com motores nesta configuração, caracterizados por seu ronco encorpado em baixas rotações, ganhando volume e um belo borbulhar à medida que o giro sobe. Para animar a manhã de terça-feira, que tal uma seleção de roncos matadores de alguns dos melhores seis-em-linha pelo mundo?
O primeiro representante da linhagem de Z-Cars da Nissan, o S30, foi lançado em 1969. Seu nome indica o deslocamento do seis-em-linha da série L — se o 240Z, lançado em 1969, tinha um motor L24 de 2,4 litros, o 280Z, de 1975, tem um motor L28 de 2,8 litros originalmente capaz de entregar 170 cv alimentado pela injeção Bosch L-Jetronic.
O carro do vídeo, porém, recebeu três carburadores Weber DCOE 45 com corpos de borboleta individuais e teve seu deslocamento ampliado para três litros com um aumento no curso dos pistões. Um retrabalho no sistema de escape garantiu um ronco muito mais selvagem e musical. Acima, o carro é testado na oficina. Abaixo, na rua.
E que tal uma seleção de Z-Cars equipados com diferentes motores seis-em-linha — até mesmo um representante da família RB, usada no Skyline GT-R, marca presença:
Mas não há como citar o RB26DETT do Skyline GT-R sem fazer duas coisas: a primeira é escutar mais um pouco do ronco estralado do seis-em-linha biturbo da Nissan…
E depois compará-lo com o motor de outra lenda da Terra do Sol Nascente: o motor da família JZ do Toyota Supra, representado aqui pelo 2JZ-GTE do Supra Mk4.
Como o RB26DETT, ele tem dois turbos e comando duplo no cabeçote. Seu ronco também é bastante parecido com o do RB, e ambos vêm de fábrica com 280 cv por um acordo entre os fabricantes. Contudo, modificações simples os aproximam dos 500 cv, enquanto projetos de preparação extrema passam com muita facilidade dos 1.000 cv. Não preciso dizer que os dois são arquirrivais, não é?
Agora, vamos descer um pouquinho mais ao sul do mundo — do Japão para a Austrália:
Um seis-em-linha de quatro litros — um dos maiores do mundo — é o Ford Barra, usado em algumas variações do Ford Falcon. Uma delas é o XR6, versão esportiva na qual o seis-em-linha turbo entrega 366 cv e 54,35 mkgf de torque. Nada mau, mas fica ainda melhor na versão da FPV (Ford Performance Vehicles): são 421 cv a 5.500 rpm e 57,6 mkgf de torque entre 1.950 e 5.200 rpm — números dignos dos melhores V8. E sabe o mais legal? Tanto o XR6 quanto o F6 têm voz de trovão:
E é óbvio que um sistema de escape menos restritivo também ajuda
Mudando um pouco de ares, vamos para a Europa — primeiro, para a Inglaterra, terra natal de uma das fabricantes mais extremas do mundo, a TVR. Seus carros feitos de forma artesanal com carrocerias de fibra de vidro e vários componentes de outras marcas têm visual inconfundível, motores potentes, tração traseira, câmbio manual e nada de babás eletrônicas. O resultado são (ou eram, visto que a TVR vive morrendo e ressuscitando o tempo todo) carros extremos que parecem querer te matar o tempo todo — mas que também roncam maravilhosamente.
O carro acima é um Tuscan Speed Six com o catalisador removido: é muito alto, e os estalidos nas reduções são arrepiantes (de quebra, acompanhado de outros esportivos com as mais variadas configurações de cilindros).
O motor, por si só, já é bem interessante: desenvolvido e fabricado pela própria TVR, o chamado Speed Six desloca 3,6 ou quatro, é feito todo em alumínio, tem comando duplo variável no cabeçote e 24 válvulas. A versão de quatro litros usada no Sagaris desenvolvia 405 cv — o suficiente para torná-lo um dos seis-em-linha aspirados mais potentes do mundo.
Acontece que os europeus têm outra fabricante com motores de seis cilindros em linha bastante tradicionais: a BMW. Por muitos anos seus melhores carros foram equipados com motores seis-em-linha: o S54 de 3,2 litros do BMW M3 E46, com seus 343 cv a 7.900 rpm foi o último deles — depois, a marca adotou os V8 e V10 no M3 e no M5, que deram espaço ao downsizing e se tornaram, respectivamente, um seis-em-linha e um V8, ambos com dois turbocompressores.
Outro clássico da marca bávara: o M88, usado no supercarro M1. Um dos poucos seis-em-linha transversais, o motor de 3,4 litros entregava 280 cv a 6.500 rpm na versão de rua e, equipado com turbo, até 900 cv nos bólidos do Grupo 5 da FIA.
Só que nós não podemos falar de motores de seis cilindros em linha sem citar um dos maiores ícones nacionais: o Opala SS, equipado com o motor 250 (4,1 litros). Seu ronco é rouco, porém suave, e música para os ouvidos de qualquer antigomobilista. Na verdade, de qualquer entusiasta!
Agora, diz aí: qual é o seu ronco de seis-em-linha favorito?