Na quinta-feira passada, estreou no Brasil um dos filmes mais aguardados pelos gearheads, gamers e tudo o que há entre os dois: “Need For Speed — o Filme”. Estrelado por Aaron Paul, o longa baseado na série de games recebeu críticas pelo enredo e por alguns momentos absurdos mesmo para um filme. Contudo, uma coisa foi digna de elogios: o ronco incrível de todos os carros. Mas como eles fizeram para conseguir sons tão perfeitos?
A maior parte das críticas, que foram feitas não só por veículos especializados em cinema, mas também em sites automotivos como o Jalopnik, foi dirigida à história, rasa e pouco inovadora, aos diálogos fracos e as cenas implausíveis, como uma corrida com supercarros no meio da cidade ou o salto do Mustang. Mas, cá entre nós, este é um filme baseado em uma série de games, e boa parte dos jogos de Need For Speed envolve corridas ilegais e fugir da polícia — exatamente o que Tobey Marshall faz o filme todo. Não há nada de errado com isso.
De qualquer forma, divagamos. O ponto é que pelo menos uma parte do filme é imune a críticas, e estamos falando do ronco dos carros — e da sonoplastia em geral. Este vídeo mostra como foi o processo de captação sonora e escolha dos carros que seriam usados para fornecer os roncos mostrados no cinema, além do processo de composição e gravação da trilha sonora, com entrevistas com os engenheiros de áudio e o compositor Nathan Furst. É realmente difícil falar mal de algo feito com tanto empenho:
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Primeiro, a Soundworks, equipe responsável pelo som de Need For Speed, visitou eventos como Cars and Coffee, em Irvine, Califórnia, para captar os roncos dos carros que estavam sendo exibidos e acelerando. Depois de ouvir os roncos no estúdio e decidir quais eram os melhores, eles procuravam carros iguais e os levavam para o deserto (onde há menos ruído) para captar o áudio. O Mustang azul na foto que abre este post, por exemplo, foi escolhido assim.
Usando microfones por todos os cantos do carro, dentro deles e até no cofre do motor — mais ou menos como se microfona uma bateria —, além de microfones externos especiais que ajudam a reduzir o ruído do vento, os sonoplastas conseguiram reproduzir com sensação de espaço os sons dos carros arrancando, freando, passando em alta velocidade ou acelerando ao longe. Para quem ainda não foi ao cinema, o próprio vídeo dá demonstrações do resultado (funciona bem melhor com fones de ouvido).
A trilha sonora composta por Furst foi gravada ao vivo com uma orquestra e um banda. Depois, o som dos carros e a música foram mixados em áudio 7.1 — sete canais para as frequências médias e agudas e uma para os graves, que ajudaram a definir todas as “camadas sonoras” que a equipe de áudio queria.
Com tudo isso, este filme não pode ser tão ruim, não é?