Queridos leitores! Alguns de vocês estão torrando sob o sol da praia, alguns outros sob chuva, alguns passando um frio próximo a zero, como eu. Alguns reclamando da conversa fiada da família, alguns sentindo saudades da época que podiam reclamar da conversa fiada de alguns entes que já se foram. Alguns de lata cheia de cana, alguns de bucho forrado de resteau d’ontée do Natal…
Em comum a todos nós: em algum momento desta noite, iremos pensar sobre nossos desejos, sonhos e metas automotivas para 2025. É nossa tradição aqui no FlatOut: abrimos a mesa redonda falando de nós da equipe, mas o principal é a participação de vocês nos comentários. Adoramos ler o que cada um de vocês está planejando, pois nos motiva a produzir e seguir alimentando estes sonhos. Simbora!
Juliano Barata
Minha Alfa Romeo GTAm segue em restauração na Arved’s Garage. Projeto de longo termo, no ritmo do mundo real e com todas as limitações de querer fazer um projeto muito bem feito mas não ter o orçamento da NASA – e mesmo se o tivesse, não faria esta etapa de funilaria andar mais rápido, pois é algo complexo. Disse para 2023, disse para 2024 e sigo dizendo para 2025: paciência é a virtude, o segredo da coisa.
Recentemente, publiquei no meu Instagram pessoal as últimas evoluções do andamento. O assoalho está completamente finalizado: painéis de assoalho e caixa de ar da Alfaholics trazidos pela America Parts, muito trabalho detalhado da equipe do Arved para deixar estas peças com encaixe absolutamente perfeito, muito trabalho de customização deles para realizar alguns reforços customizados.
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Agora, começará a etapa do stitch welding, as soldas de reforço localizadas para se aumentar os pontos de contato na união de travessas e longarinas com o assoalho e pontos de montagem de suspensão. No vídeo acima eu explico em detalhes. E depois disso, serão manufaturados reforços localizados na porção externa e interna do cofre do motor, em um local conhecido pela alta torção nesta plataforma Alfa Romeo 105.
Tudo isso deve estar finalizado no começo do primeiro semestre. Em termos de metas, 2025 é o ano em que o carro terá toda a parte de lata e fibra de vidro finalizada, elétrica customizada feita e pré-montagem realizada (é a instalação temporária de todas as peças como lanternas, faróis, grade, vidros, painel, gaiola, bancos, etc – para se verificar e ajustar alinhamento e fazer todos os furos e adaptações necessárias), para quem sabe terminarmos o ano com o carro já bastante avançado na preparação para a pintura. É o ano em que o carro começará a ficar com cara de carro novamente.
Meu Sandero RS Finale 99/100 recebeu quase todas as modificações que havia planejado. Instalei os novíssimos Continental ExtremeContact Sport 02 205/45 R17 e sigo extremamente satisfeito com eles (lembrando que estes pneus me renderam um tempo de volta nada menos que 2 segundos mais rápido que os Michelin PS4 no Autódromo da Capuava – veja o onboard aí em cima!). Recebeu o intake da The Fab Shop, molas Ordospec by R37 e volante de motor aliviado.
Para 2025, é possível, para não dizer provável, que eu faça a instalação dos comandos de válvula da LM Cams na Home Garage, do meu amigo e preparador Daniel Soares, acompanhado de um novo mapa, coletor de escape dimensionado Ordospec e instale a barra estabilizadora traseira da The Fab Shop, que deixaria a dinâmica dele naturalmente mais neutra, dispensando geometria agressiva demais ou as pressões astronômicas que uso nos pneus traseiros para fazer o carro rotacionar melhor. Não quero que o carro vire um track weapon, ele seguirá todo montado e com aparência original. Mas o RS tem uma tocada tão intensa e potencial tão grande de diversão na pista que fica impossível não desejar fazer algumas alterações a mais…
Leo Contesini
Dizem que a vida ocorre em ciclos de sete anos. Há referências a estes ciclos em diversas religiões e sistemas de crenças. A bíblia e a astrologia, por exemplo, mencionam estes ciclos de sete anos. Até mesmo a indústria automobilística prevê ciclos de sete anos para seus produtos.
Eu vinha planejando uma pequena reflexão para esta resolução de ano novo e, enquanto a escrevia, precisei procurar um texto antigo em meus arquivos, e, por coincidência, o encontrei em um email de 31/12/2017 que tratava justamente da resolução de ano novo. Eu havia esquecido daquela resolução, mas achei curioso como a ideia me veio à mente exatamente sete anos depois. Pode ser que a ideia dos ciclos de sete anos seja real e, no fim das contas, eu apenas percebi que ele se encerrou, não?
Digo isso, porque acho que em um futuro próximo veremos o ano de 2024 como um ponto de inflexão. O ano em que a internet, definitivamente, deixou de ser uma ferramenta para se tornar um pedaço da realidade. Ela não serve mais para solucionar problemas, responder dúvidas corriqueiras, trocar informações e interagir com gente que está distante. Ela se tornou um lugar para se disputar poder, para se explorar nichos de mercado, para propagar ideologias, para influenciar hábitos e costumes e modificar a cultura.
Ela deixou de ser ferramenta porque não é ela que nos serve. Nós é que servimos à internet.
É por isso que você está saturado das redes sociais, da imprensa, dos coaches, dos influenciadores e dos criadores de conteúdo. Algumas destas palavras, aliás, já têm conotação negativa. “Coach” é como os americanos chamam os treinadores de equipes esportivas. É uma pessoa que tem experiência em algum nicho e auxilia outros profissionais deste nicho, transmitindo essa experiência. No Brasil de 2024. “coach” é uma pessoa que usa a internet para vender uma promessa vazia — alguém que seus avós chamariam de “vigarista”.
Esse é justamente o problema da internet como realidade de 2024. Ela transformou sua atenção em um ativo valioso. Como a internet é democrática, acessível a qualquer pessoa com um celular, sem pudor e escrúpuloso, há muita gente brigando por sua atenção em uma disputa cada vez mais selvagem, cada vez menos civilizada, menos ética e moral. O resultado é essa saturação que todo mundo percebe, mas não sabe identificar, porque está hipnotizado pelo o conteúdo raso, agressivo, banal, chulo e sem valor. Um sujeito fazendo caretas para um reel que outra pessoa gravou não é conteúdo. É lixo digital. É o tipo de coisa que transforma uma profissão nobre como o “coaching” em sinônimo de charlatanismo.
Pode não parecer um problema, mas quando uma sociedade transforma algo bom em uma coisa ruim, ela está simplesmente destruindo sua cultura pouco a pouco, até o momento em que não restará nada de bom para subverter. A cultura, afinal, consiste justamente em preservar o que é bom ao longo do tempo, para não ter que recomeçar do zero a cada nova geração. Se a gente não preserva o que há de bom, a cultura morre.
A internet é a ferramenta mais poderosa já criada pela humanidade. Ela permite que todo o conhecimento do mundo seja compartilhado a um custo baixíssimo. Ela deu voz a especialistas outrora anônimos, nos colocou em contato com gente que tem muito a ensinar e a dizer. Não podemos deixar que ela seja um vício moderno, uma escravidão virtual, ou uma forma de destruir o que temos de bom. Se ela se tornou uma dimensão da realidade, precisamos agir como agimos na realidade: sirva como você pode, seja educado, não desvalorize o trabalho dos outros, ignore o que é ruim e faz mal, valorize aquilo que você gosta e recompense quem merece. Seja parte da mudança.
De nossa parte, nos comprometemos a nunca banalizar o nosso conteúdo e entregar sempre o que há de melhor e o nosso melhor. Continuaremos a valorizar nossos assinantes e leitores — e teremos novidades para 2025, como o Juliano já mencionou. E ainda que vídeos curtos e frases de impacto sejam a regra atualmente, vamos continuar fazendo nossa slow food, um conteúdo para ser apreciado, não apenas consumido. Se a ideia é preservar a cultura, precisamos de algo permanente, afinal. Peço apenas que lembrem-se que nosso compromisso sempre foi, desde 2014 (e você pode reler minha resolução de 2017 aqui), criar um legado duradouro, ser uma referência e a fonte confiável. Nunca se esqueça disso.
Quanto às resoluções pessoais, 2025 será um ano sem projetos pessoais ligados aos carros — o que não significa que estarei longe deles. Pelo contrário: quando saí de Santa Catarina, há quase 15 anos, eu não era “o Leo do FlatOut”, e também não era envolvido com a cena e a cultura automobilística local. Agora, de volta ao lugar onde cresci, vejo que a cena e a cultura locais mudaram muito enquanto eu exercia o cargo de paulista.
Sendo um legítimo catarinense de Taubaté (nos dois sentidos, de verdade), está na hora de olhar para a vizinhança e colocar a turma do Sul no FlatOut. Já comecei com as coberturas da Subida de Montanha da Serra do Rio do Rastro e da Subida de Grão-Pará, mas estou preparando mais para o próximo ano. Isso, claro, sem contar os encontros regionais para os assinantes-membros do Clube FlatOut. Nos vemos por aí, com meu pote de sorvete (assim oficialmente batizado pela sobrinha Contesini).
Marco Antônio Oliveira
Pode-se ter plano nenhum para o ano automotivo que se aproxima? Eu na verdade ando satisfeitíssimo com a minha situação, e não sinto necessidade de mudar muita coisa em casa. Claro que existem vontades, mas com dinheiro curto é melhor não planejar nada. Meu Chevette por exemplo, chegou aqui em casa sem eu planejar nada. Foi oferecido para mim sem plano algum. Prefiro deixar o acaso se ocupar com isso: se algo legal aparecer, quem sabe teremos novidade na garagem dos Oliveira.
Mas se não, tudo bem. Com dois carros que adoro dirigir, e são totalmente confiáveis e baratos de consertar se for necessário, inatividade parece-me mesmo uma boa ideia. A gente tem que aproveitar as poucas sortes que têm na vida, não é mesmo?
Este ano o meu Virtus MSI manual 2019, que comprei zero km, está completando 100 mil km de serviços prestados. O taxi branco é um carro extremamente confiável, econômico em combustível, e com potência suficiente de seu motor aspirado de 1,6 litro. Sim, a suspensão não é confortável como a de um Cobalt, e é um pouco barulhento. Mas com o espaço interno enorme e porta-malas gigante, me parece até uma sorte quase desnecessária que gosto de guiá-lo; é um carro de uso sensacional. E para uso diário, é o que precisamos.
Este ano meu filho mais novo acho que usou ele mais que eu até; o João adora o carro. Quem sabe no futuro o carro fique com ele, o que abriria a necessidade de se comprar algo para mim.
E o Chevette? Bem, planos para ele não faltam, mas tudo depende de dinheiro, então provavelmente ficará como está, se nada mudar este ano. Tenho planos sim, porém. O mais interessante é um capô de fibra de carbono; cotei na @milmilhasmotorsport e descobri que pesa apenas 3,5 kg. Não pesei o meu capô original, mas chuto que pesa pelo menos 25 kg; é realmente pesado. O capô de fibra de carbono é plug’n’play, e não precisa pintar; fica em fibra mesmo, escuro. Mas custa o que paguei no meu Chevette usado número 7 em 2007…
Outra redução de peso: vidros de Chevette pós-1992, que são menos espessos e dão 7 kg de redução. Bancos traseiros de Chevette 1988 em diante: mais 7 kg de redução. O meu banco hoje, original do 1975, é de fibra de coco e muito aço. Planos não faltam.
Uma hora dessas vou precisar trocar o carpete do carro também, já meio judiado; talvez aproveitar para passar os cabos e instalar a bateria no porta-malas. Veremos. Outra ideia maluca, mas acho que consigo fazer funcionar: duas alavancas de freio independentes para as rodas traseiras. Assim faço um diferencial não autoblocante, mas sim blocante manual. Na pista do Hot Lap Limeira, onde faço a volta toda sem trocar marcha, tenho mão livre para operar a camicleta. Acho que ia ser efetivo em baixar tempo, além de divertidíssimo de filmar usando.
Mas para tudo isso rolar, tem que acontecer a volta do Hot Lap Limeira, uma competição e um campeonato perfeitos para o Chevette. Se não acontecer, vou arrumar outro jeito de usar mais o carro azul.
O plano aí é o seguinte: o carro é tão absolutamente confiável, que queria fazer viagens realmente longas com ele. Mas para isso acontecer, a esposa tem que ir junto. Aí o plano fica assim: ar-condicionado, suspensão original na altura, e bancos originais de volta. O A/C seria o item principal; é caro também, mas perfeitamente possível. Veremos.
De qualquer forma, se ficar tudo como está, mesmo assim estarei feliz. Vamos é contar nossas bençãos e agradecer, que acho apropriado este ano. O trabalho aqui no FlatOut promete ser interessante e divertido, além de intenso, então variedade não faltará.
E para vocês todos que seguem ou assinam o FlatOut, deixo aqui meu obrigado e a promessa de um 2025 sensacional nessas paginas virtuais aqui. E espero que o ano de 2025 traga tudo que vocês desejam. Vocês merecem!
Forte abraço, e até o novo ano!