Entre 1939 e 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, as fabricantes de automóveis interromperam a produção normal e dedicaram-se a produzir máquinas militares – motores aeronáuticos, armamentos, veículos blindados e outros tipos de equipamentos bélicos.
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Neste momento, vivemos algo parecido. Mas a causa é bem mais nobre: o conflito não é entre nações, mas sim de todas as nações contra a COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus. Trata-se de uma pandemia de proporções sem precedentes no século 21, que nos trouxe a uma situação de distanciamento social e quarentena à qual não estávamos acostumados, e para a qual não estávamos preparados.
Da mesma forma que na Segunda Guerra, as fabricantes de automóveis do mundo não estão produzindo carros – mas a maioria delas, se não todas elas, está contribuindo ativamente para reduzir o impacto da pandemia, proteger as pessoas e salvar vidas. Como? É o que vamos ver neste post.
No Brasil
As fabricantes brasileiras estão com as linhas de produção paradas desde o mês de março, com retorno marcado para entre maio e junho – período que pode ser estendido de acordo com a evolução da pandemia. Entre negociações de redução de sálarios e layoffs, porém, as empresas estão colaborando como podem para diminuir a proliferação do novo coronavírus.
A General Motors anunciou já no final de março um mutirão para reparar respiradores usados no tratamento de pacientes do coronavírus internados nas UTIs do País. O trabalho começou 20 técnicos na unidade de Gravataí (RS), mas a GM já está trabalhando para expandir o projeto para outras 25 unidades em 15 Estados diferentes, a fim de contribuir em escala nacional.
A FCA, por sua vez, está montando hospitais de campanha em Betim (MG) e Goiana (PE), aumentando a quantidade de leitos disponíveis para a internação de pacientes e fornecendo consultoria para otimizar a produção de equipamentos médicos. Além disso, suas fábricas fornecerão técnicos para o conserto de respiradores e fabricarão cerca de 2.000 peças, impressas em 3D, para a produção de máscaras faciais que serão doadas para os estados de Minas Gerais e Pernambuco.
A Volkswagen disponibilizou 100 veículos de suas frotas nas cidades de São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP), São Carlos (SP) e São José dos Pinhais (PR) para auxiliar no deslocamento de profisionais da saúde, bem como no transporte de equipamentos e medicamentos.
A PSA Peugeot Citroën também está fabricando máscaras em sua unidade de Porto Real (RJ), usando impressão 3D – assim como a Renault está fazendo em sua fábrica de São José dos Pinhais (PR). A fabricante também está trabalhando no reparo de respiradores mecânicos.
A Ford do Brasil está operando em parceria com a filial argentina para produzir máscaras descartáveis. Segundo a fabricante, as unidades de Camaçari (BA) e Pacheco, na Argentina, produzirão um total de 50.000 máscaras para distribuição gratuita nas unidades de saúde locais.
Por sua vez, a Hyundai começou a oferecer carona com sua frota a idosos que precisem de atendimento médico e profissionais da saúde – inicialmente apenas em Florianópolis (SC), mas a expansão do serviço para outras cidades já está em curso.
Já a Honda está trabalhando, em parceria com o Governo do Amazonas e a Universidade do Estado do Amazonas, no desenvolvimento de um novo modelo de respirador artificial que pode ser usado tanto de forma estacionária quanto no transporte de pacientes em trajetos curtos. Além de melhorar o atendimento no Estado durante a pandemia, a fabricante diz que os respiradores continuarão sendo úteis depois que a crise passar.
No mundo
O foco das fabricantes em outros países é ajudar na produção de ventiladores mecânicos e respiradores, equipamentos essenciais para o tratamento das pessoas com COVID-19. Nos Estados Unidos, a General Motors anunciou uma parceria com a Ventec para produzir os ventiladores, enquanto a Tesla firmou um acordo com a Medtronic para dobrar a produção dos equipamentos.
A Ford está produzindo purificadores de ar em parceria com a 3M e a General Electric Healthcare, e também utilizará suas impressoras 3D para fabricar protetores de rosto e máscaras descartáveis – mais de 100.000 unidades de cada equipamento, que serão enviados para a Europa, inclusive.
Na Europa, onde a situação é ainda mais grave que nos EUA, Jaguar Land Rover e Rolls-Royce estão fabricando componentes para respiradores, assim como a Vauxhall, enquanto a McLaren trabalha junto com a Nissan para desenvolver ventiladores de emergência. O mesmo vale para a Fiat na Itália, que convocou a Ferrari para ajudar na produção de respiradores.
Na Alemanha, o Grupo Volkswagen está aproveitando 125 impressoras 3D, geralmente utilizadas para fabricar componentes para protótipos, na fabricação de peças para respiradores. Além disso, a filial da VW na China está dedicando parte de sua infraestrutura para a distribuição de itens como termômetros, máscaras e desinfetantes. Falando em máscaras, VW e Daimler anunciaram a doação conjunta de 300.000 unidades para unidades de saúde na Alemanha.