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Automobilismo Car Culture

Corrida de carros na Olimpíada de Paris?

Sim. Isso aconteceu. Mas não em 2024 e sim 124 anos atrás, quando a capital francesa sediou a segunda edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna. Foi a edição mais louca da história — mesmo sem detalhes dos jogos antigos, é impossível que um evento organizado seja tão caótico como foram os jogos de Paris em 1900. Foi tão louca que até mesmo corrida de carros e motos ela teve.

Para entender, você precisa saber que, naquele ano, Paris organizou a Exposição Universal, um grande evento para festejar o novo século que se aproximava e exibir as conquistas tecnológicas recentes e previstas para o futuro.

Foi um evento grandioso, que se estendeu de abril a novembro e atraiu gente do mundo inteiro — e que colocou os Jogos Olímpicos como uma atração auxiliar (note no pôster da medalha abaixo). As modalidades foram disputadas ao longo de seis meses e meio. Não houve cerimônia de abertura e encerramento, não houve medalhas padronizadas (em alguns casos sequer houve medalhas) e não havia sequer uma lista oficial de modalidades.

Foi aí que o automobilismo e o motociclismo entraram na história, juntamente com combate a incêndios, corrida de pombos, salvamento de vidas, pipa, corrida de barcos motorizados, e pescaria.

Muitos historiadores consideram que estes esportes não eram oficialmente olímpicos, porém como o COI nunca divulgou uma lista oficial e eles foram incluídos no programa esportivo da Exposição Universal (que era a Olimpíada em si), eles forma considerados parte daquela edição dos Jogos.

E como foi o automobilismo e o motociclismo nesses Jogos Olímpicos? Uma bagunça, claro.

Aqui é interessante notar que a Gordon Bennett Cup, tida como a primeira competição automobilística internacional, ainda não havia sido realizada. Ela só aconteceu em junho de 1900, e o programa de automobilismo “olímpico” começou em maio. Sem um grande patrocinador como o magnata Gordon Bennett e ofuscado pelo restante do evento, não houve muitos competidores, nem atenção do público, muito menos da imprensa.

Além disso, o formato de competição premiava os carros e não os pilotos, e o resultado contava para o país fabricante dos automóveis. Como a maioria dos carros era francesa, a França foi a grande campeã do automobilismo olímpico de 1900. Pior: essa ideia estúpida de premiar a nação fabricante do automóvel, resultou no apagamento completo do nome dos pilotos vencedores. É sério: os franceses de 1900 conseguiram esquecer os nomes de praticamente todos os pilotos, que foram mais de 30.

Isso, porque o automobilismo foi disputado em categorias: carros de dois lugares com mais de 400 kg e menos de 400 kg, carros de quatro lugares com mais de 400 kg e menos de 400 kg, carros de sete lugares, táxis a gasolina, táxis elétricos, carros de seis lugares com mais de 400 kg, furgões elétricos de 500 a 1.200 kg, furgões a gasolina de 500 a 1.200 kg, caminhões leves, caminhões, caminhões de bombeiros e duas corridas Paris-Toulouse-Paris, uma para carros pequenos e outra para carros grandes.

Somente o caminhão vencedor e o terceiro colocado dos caminhões leves não era um veículo francês (ambos eram americanos). O restante foi vencido por franceses, com franceses em segundo lugar e em terceiro lugar. Apenas Gilbert Brown, o vencedor da corrida de caminhões, teve seu nome registrado, bem como os vencedores das provas de estrada. Os demais foram esquecidos. Mais louco é que, em algumas provas, houve medalha de prata, mas não de ouro nem bronze, ou medalha de bronze sem prata nem ouro, o que sugere que havia uma meta de tempo a ser alcançada, mais ou menos como nas “Driving Lessons” de Gran Turismo. A feira não era sobre tecnologias do futuro?

Uma das únicas fotos conhecidas (ou ao menos atribuídas) ao automobilismo olímpico.

Já com as motos o negócio foi o contrário: o nome dos pilotos foi registrado, mas o das motos foi apagado.  Como os vencedores eram americanos – e as “medalhas” foram para os americanos, tudo leva a crer que as motos eram igualmente americanas. O problema é que a moto americana mais antiga é uma Orient-Aster de 1898, e ela não era americana de verdade, mas uma moto francesa montada por um mecânico americano em 1900. Indian e Harley-Davidson só apareceriam alguns anos mais tarde.

Diferentemente dos carros, o “motociclismo olímpico” teve apenas duas provas, a “Corrida A” e a “Corrida B”, ambas de 1 milha/1.600 metros. Como uma foi completada em 2:10 (média de 44 km/h) e a outra em 1:54,4 (média de 50,3 km/h), elas provavelmente tinham diferenças de potência — o que torna tudo ainda mais intrigante. Que marca/fabricante americano era capaz de fazer uma moto de mais de 50 km/h em 1900?

Quatro anos depois a Olimpíada foi para Saint Louis, nos EUA e começou a tomar a forma que conhecemos hoje: sancionada pelo COI, com programação oficial, lista oficial de modalidades esportivas, premiação padronizada por medalhas e o banimento de propulsão mecânica dos Jogos. Mas àquela altura nem precisava mais: a Gordon Bennett Cup já havia cumprido o papel que os franceses deixaram de lado em 1900 e o automobilismo já era um esporte amplamente difundido no mundo todo.

Quanto aos Jogos Olímpicos, a edição de 1904 não foi grande coisa também. Houve um número recorde de participantes — 651 atletas — porém apenas 51 eram estrangeiros, então a competição foi mais um campeonato nacional com convidados estrangeiros do que Jogos Olímpicos em si. O formato estava fadado ao fracasso, mas em 1906 os gregos decidiram organizar uma edição “independente” dos Jogos Olímpicos que acabou recuperando a atenção do público e salvando o formato proposto pelo barão Pierre de Coubertin, e que conhecemos até hoje — e que exclui o automobilismo e o motociclismo.

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