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História Zero a 300

Curtiss-Wright Air Car: o carro flutuante que existiu de verdade – e era totalmente funcional

Certamente a infância de muitos leitores do FlatOut foi marcada pelos desenhos animados do estúdio Hannah-Barbera, como “Os Jetsons”. O desenho exibido originalmente entre 1962 e 1963 era visivelmente influenciado pela Corrida Espacial – a disputa entre EUA e União Soviética pela superioridade tecnológica para explorar o espaço. Ambientado em 2062, “Os Jetsons” vislumbravam um futuro altamente automatizado, com pessoas vivendo em torres de quilômetros de altura e se locomovendo em carros voadores.

A esta altura já está mais do que claro que teremos de esperar um pouco mais pelos tais carros voadores – mais do que uma inviabilidade técnica, existe uma barreira em termos de infraestrutura: um carro voador não seria muito diferente de um helicóptero ou um avião de pequeno porte, precisaria de capacitação especial e de todo um novo regulamento para tráfego aéreo.

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Mais ou menos na mesma época, porém, uma fabricante de automóveis chegou a construir um protótipo funcional – não de um carro voador, mas de um carro flutuante: o Curtiss-Wright Air Car Model 2500. Sim, a foto acima é 100% real e autêntica: é mesmo um carro flutuando por seus próprios meios. Mas… como?

Trata-se de um projeto experimental da norte-americana Curtiss-Wright, fundada em 1929 a partir da fusão de duas outras empresas do ramo aeronáutico, a Curtiss Aeroplane and Motor Company e a Wright Aeronautical. Durante a Segunda Guerra Mundial a Curtiss-Wright foi uma das companhias que apostaram em melhorias incrementais em aeronaves convencionais, que utilizavam conceitos já bem estabelecidos – e esta foi uma das razões pelas quais a companhia não conseguiu se adaptar à chegada dos motores a jato. Isto levou a companhia a uma crise financeira, e à subsequente compra pela North American Aviation (NAA) em outubro de 1948.

Se até então a Curtiss-Wright era uma das principais fornecedoras de aeronaves para a Força Aérea Norte-Americana, sua aquisição pela NAA acabou por retirá-la desta posição. Por outro lado, a mudança ocasionou também uma mudança de direcionamento: a Curtiss-Wright passou a focar-se muito mais em seu departamento de pesquisas experimentais em aviação, fundado em 1943. O governo dos EUA começou a investir generosas quantias em pesquisa e desenvolvimento de novos equipamentos que pudessem ser utilizados em conflitos posteriores, e aparentemente os engenheiros da Curtiss-Wright viram nesta nova política uma oportunidade de colocar algumas ideias bastante inovadoras em prática.

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Na época estavam começando a ser desenvolvidos os primeiros hovercrafts – veículos anfíbios que se movem sobre almofadas de ar, estas geradas por enormes hélices montadas na parte posterior. Como se forma uma zona de alta pressão abaixo do casco, os hovercrafts flutuam alguns centímetros acima da superfície e, efetivamente, podem andar sobre terra, água, gelo e lama.

O governo dos EUA estava bem interessado nesta tecnologia e garantiu subsídios para que a Curtiss-Wright desenvolvesse seu próprio conceito, ao qual se referia como Ground Effects Vehicle – “Veículo de Efeito Solo”. No entanto, para fins de divulgação, ele foi batizado como “Air Car”.

Na prática, era um veículo com estrutura tubular com 6,4 metros de comprimento, 2,43 metros de largura e 1,52 m de altura – maior do que os maiores automóveis daquela época. A propulsão ficava por conta de dois motores aeronáuticos Lycoming O-360, cada um deles com quatro cilindros opostos horizontais, 5,9 litros de deslocamento e 180 cv. Os motores ficavam um em cada extremidade do veículo, e eram utilizados para mover duas enormes hélices verticais, que geravam um colchão de ar de cerca de 40 cm sobre o qual o Air Car flutuava. O colchão de ar era capaz de suportar os 1.150 kg do veículo e outros 450 kg adicionais.

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Embora tenha sido criado com aplicações militares em mente, o Curtiss-Wright Air Car Model 2500 foi estilizado como um automóvel típico do fim da década de 1950, com uma imponente carroceria (ou fuselagem) com faróis quádruplos, para-choques cromados, uma capota conversível e espaço para quatro pessoas. O interior (que, no protótipo, tinha dois lugares em vez de quatro) contava com um painel, volante, alavancas e pedais, como em um automóvel tradicional.

A operação era simples. Enquanto o colchão de ar gerado pelas duas hélices sustentava o Air Car, saídas com aletas móveis na carroceria ficavam responsáveis pela propulsão e pela frenagem, e também do direcionamento do veículo. A velocidade projetada pela Curtiss-Wright era de 80 km/h, mas o protótipo funcional do Model 2500 atingiu, em testes, os 60 km/h.

A Curtiss-Wright realizou uma campanha de marketing agressiva para o Air Car – na verdade, até suas formas que se assemelhavam às de um carro eram, de certa forma, uma jogada de marketing. Por mais que o foco do conceito tenha sido, desde o início, a aplicação militar, apresentá-lo ao público como uma nova forma de transporte poderia gerar publicidade positiva. A companhia até anunciou o desenvolvimento de um segundo modelo, chamado “Bee”, que seria mais compacto e esportivo, com um motor de 100 cv capaz de levá-lo até os 90 km/h.

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O exército dos EUA chegou a comprar dois protótipos para testes em 1960, constatando que o conceito funcionava em terrenos planos e sem obstáculos – e só. Sobre superfícies acidentadas ou com leves inclinações, sua operação se tornava inviável e, por isto, a Curtiss-Wright cancelou o projeto ainda naquele ano.

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